2002, eleições para presidente.
Eu, com 17 anos, resolvi exercer meu papel de cidadã e tirei meu título para escolher meu representante. (ok, tirei com 17 porque disseram que assim corria menos risco de ser convocada para ser mesária).
Lula no segundo turno, com grande chance de ganhar.
Tinha medo.
Nunca entendi muito de política, e o pouco que sabia não era nenhum pouco favorável para o companheiro.
Não votei nele, por medo...
Medo de ter um presidente que não soubesse falar direito, que não tivesse nem o segundo grau completo.
Em algumas discussões entre amigos, leitores assíduos de jornal por conta do vestibular, eu falava que tinha medo do mau exemplo.
Como incentivar o filho a ir para a escola se o presidente estudou só até a sexta-série e virou presidente?
Lula foi eleito.
E descobri que apesar de não ter segundo grau, Lula é culto e é, na verdade, o real representante do Brasil.
Ele é o retrato falado do brasileiro... Que gosta de futebol, toma uma pinguinha, faz amizade com todo mundo e no impulso, mete os pés pelas mãos.
Não ajudo a população em nada. Muito menos acompanho projetos de lei... Por isso, não me sinto no direito de reclamar de governo nenhum...
Mas ontem, vi que a lei com as novas regras da língua portuguesa foi sancionada e fiquei muito preocupada...por vários motivos.
Pelo que vi, algumas coisas vão facilitar e muito a vida...na verdade, tornaram-se regras coisas já feitas no dia a dia. Ótimo.
Mas, tem certas coisas que existiam por uma razão importante, para auxiliar na compreensão.
É o caso de pára e para, pêlo e pelo...entre outras.
Se hoje em dia já é complicado contar com a interpretação de texto das pessoas, imagine precisar do entendimento do contexto para compreender a palavra?
Mas, o que mais me preocupa, e entristece, é que projetos como esse sejam aprovados antes de assuntos mais sérios.
A educação no Brasil é catastrófica e na minha opinião é a causa de muitos problemas da nossa sociedade.
Ao invés de corrigir o português, podíamos investir na educação propriamente dita.
Melhorar o ensino, proporcionar qualidade de vida aos professores, apoiar o curso técnico, incentivar aos maiores de idade a concluírem seus estudos.
Não tenho partido, muito menos defendo político qualquer...não tenho conhecimento suficiente para isso.
Só tenho opinião. E defendo-a, até que os manuais da nova língua estejam disponíveis.