quarta-feira, 24 de novembro de 2010

FIM

Há seis meses recebi a dificil tarefa de representar 75 mulheres nesta tarde.
Digo dificil porque nos últimos 5 anos aprendi que os sentimentos são particulares e ainda que todos estejam vivenciando a mesma situação, ninguém vivencia igual.
E agora?
Como colocar 75 sentimentos e pensamentos no liquidificador e apresentar pra todo mundo?
Não sei.
Então, decidi falar de um único sentimento...o meu. Me perdoem, mas só assim conseguirei falar de verdade o que está se passando hoje.

Estudei nos três turnos possíveis do nosso curso.
E apesar de estarmos na mesma instituição, no mesmo curso, somos todos completamente diferentes.
A turma K, mal vista pelos professores "os da segunda lista em diante". E a gente se importava? NADA. A gente ria. Ria das nuvens que lembravam a infância, ria da Anna O., ria dos cromossomos no microscópio...até o Zé ria. Mas a gente brigava também...brigava quando diziam que iam jogar nossos celulares pela janela, quando nos davam falta injustamente e principalmente, quando riam da gente.

Conheci então a turma J. Os intelectuais da manhã...o pessoal da primeira lista! Ainda no terceiro semestre isso importava. Eu e mais 5 ou 6 éramos "a galera da tarde". Dificil mostrar que nosso potencial também era bom. Período de lutas...é proibido xerocar, sem avental não vai pro Charcot, tem que acordar cedo e levar o TIA pra corrigir teste. Ah é? Tudo bem, mas nós somos uma equipe e por mais que a gente não concorde sempre, a gente tá junto. Se o D.A não tira xerox, a papelaria da esquina tira. Se a minha amiga não entra no ônibus, eu também não. Se alguém da classe fica com falta porque chegou durante a chamada, todo mundo sai da classe. E quem precisar do meu TIA, tá aqui.
E assim foram 5 longos semestres...passando por PIP, TGI..UFA! Sobrevivi.

Chegamos finalmente no quinto ano. E finalmente pudemos estudar a noite.
Do dia para noite nos tornamos adultos. Passamos a fazer atendimentos, ir à escolas, elaborar projetos. Fomos chamadas de doutoras. Fazíamos relatórios individualmente, não tínhamos mai em quem por a culpa do atraso...era a gente com a gente mesmo. E de agora em diante, é assim que vai ser.

Todo mundo chama o Mackenzie de Macolégio. Porque nós fazemos educação física, respondemos chamada e pra quem quiser tem até uniforme. E eu não tenho a menor vergonha de dizer que o Mackenzie foi de fato uma escola para mim. Saio daqui hoje com o meu diploma de psicóloga, mas muito mais do que isso...Me tornei adulta. Amadureci com cada momento bom e ruim, com cada colega de classe, com cada paciente e aluno.

Daqui saíram grande clinicos, mestres, diretores de rh, autores de livros, pessoas conceituadas em social. Saíram pessoas que darão entrevistas no Fantástico sobre os casos policiais. Também terão os medianos, felizes e realizados, mas lá na deles. Terão os que farão outro curso, que atuarão com cosméticos...Pouco importa. O que importa é que nós conseguimos. Com dp, sem dp, em 5 ou 10 anos. O sonho foi conquistado.

E se tem um sentimento que eu gostaria que todos aqui estivessem sentindo, seria o orgulho...porque a gente merece!

PARABÉNS!!!

Um comentário:

Gabe Manzo disse...

how come 3 years passed by so fast??