quinta-feira, 31 de julho de 2008

Só o tempo dirá.

No aeroporto sentia aquela ansiedade misturada com medo. Sempre teve medo de avião, mas isso não impedia nem diminuia o prazer de viajar. Depois do chamado, o abraço nos pais- era a primeira vez que ia sem eles.

Sentou-se na poltrona e tentou deixá-la o mais confortável possível. Tinha revistas para se distrair antes que a televisão fosse ligada. Olhou em volta, nenhum rosto conhecido. Folheava as revistas na tentativa inútil de se distrair. Só um pensamento na cabeça: tenho que prestar atenção na orientação da comissária.

Todos a bordo. É agora.

Colocou a mão do lado esquerdo do peito, para ver se estava tudo em ordem com o coração. Sentiu uma coisa estranha. O que era? Que horas isso teria ido parar lá?

Foi ver o que era.

Um envelope amarelado e amassado, muito amassado. Rasgou-o e deixou a comissária falando sozinha- atenção passageiros...saída de emergência...máscaras....

"Meu amor,

Se você está lendo esta carta, é sinal de que eu estou muito triste.

Hoje você me falou da hipótese dessa viagem, e apesar de saber que é uma grande oportunidade para você, meu coração egoísta não queria que você fosse. E talvez por isso mesmo, você tenha ido.

Simples, se você está aí hoje, sentado nesse avião, sem a minha presença do seu lado, é sinal de que esse amor egoísta te sufucou. Sinal, também, de que todos os obstáculos que eu criei, foram, sim, motivos para que você cansasse. Talvez esteja ficando boa em advinhações. E vou te contar como foi e como vai ser.

Você se cansou, me deixou e foi viver sua vida. Precisava de um tempo só para você, não é verdade?

Pois então, conheceu ela. Nossa! E como ela é parecida com você, os mesmos gostos (vocês vão sempre comer japonês), seus pais adoram toda a família dela. Ela é viajada, tem carros importados também...

Vocês estão juntos agora, não sei se ela está aí do seu lado, ou se vai mais tarde, ou talvez já esteja lá. Vocês estão dando um grande passo, viver juntos, num país distante, não é tarefa fácil. Mas vai dar tudo certo, e vocês serão muito felizes. Muitos lugares para conhecer, muitas pessoas novas...

Mas talvez, você sinta saudades. Saudades de correr descalço na grama, de fazer piada boba, de comer quibe assado com arroz, de assistir tv no domingo. De poder falar qualquer besteira, sem ser reprimido. Saudades da sua casa, do seu bairro, dos seus amigos. Saudades de ser você mesmo.

E se isso acontecer, você vai voltar. Vai passar por aquele bar, por aquelas ruas, ver aqueles restaurantes...as memórias desse tempo vão voltar, e a saudade vai apertar mais ainda.

Esse momento, meu amor, vai ser decisivo na sua vida. Vai ser a hora que você vai escolher qual o rumo que você quer para a sua vida. Nisso, infelizmente, não posso opinar.

Só me restará esperar...e eu prometo. Vou esperar o tempo que for."

De repente, o medo do avião passou. A riqueza de detalhes de uma carta escrita antes da metade das coisas acontecerem, assustou mais do que o episódio de 11/09. Muitas dúvidas passavam pela sua cabeça e decidiu acabar com aquela angústia.

Rasgou a carta muito rápido, não queria pensar naquilo. E preferiu que as coisas acontecessem de forma natural. E nas 14 horas seguintes, se perguntou "basta rasgar para esquecer?"

quarta-feira, 30 de julho de 2008

E feliz vou esperando...

A espera é dificil.
Mas eu espero sonhando.

Por o quê?

Se eu soubesse, já teria alcançado.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A arte da vida real.

Ontem tive um dia como há muito tempo não tinha. Passei o domingo todo deitada e assisti vários filmes. Alguns repetidos, outros pela primeira vez e o melhor...gostei de todos. Mas dois deles foram mais marcantes, talvez por ter me identificado com eles.

O primeiro- "Minha vida sem mim"- me fez chorar...as idéias refletidas pela personagem principal, que por sinal tinha quase a minha idade e o meu nome, foram como um aviso para mim...Pare de planejar, viva. Amanhã pode ser tarde demais...clichê? Sim. Mas é a mais pura realidade. Chega de ficar esperando fazer sol para voltar a correr, chega de ficar esperando juntar R$1.000.000,00 para viajar, chega! Hoje é o dia de arregaçar as mangas e conquistar as coisas.

E o segundo, que também seguiu essa linha só que bem menos trágico e com um final feliz, foi a conclusão de que realmente listas e superstições não levam a nada. Mas que quando a gente encontra a pessoa certa, a gente tem certeza de que ela é a certa, isso fica muito claro.

O amor dá seus sinais, dentro e fora da gente. Como diria Djavan, o amor atrai. E atrai mesmo. Basta apenas nos respeitarmos e entender que o amor vem, sem pedir licença.

Para encerrar um final de semana cheio de reflexões, ouvi do Breno Silveira (diretor de "Era uma vez" um dos filmes da minha lista para assistir) a seguinte frase do Pablo Picasso:

"A arte é uma grande mentira, que ensina uma grande verdade".

E o meu domingo, foi a maior prova disso.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Vou estar TIMganando....

Numa tarde turbulenta de trabalho, toca o celular...

- Senhora Ana?

- (senhora é sua vovó)Sim.

- Meu nome é Florisbeta Maria da TIM, posso estar falando um minutinho com a senhora?

- (lá vem)Pode.

- Então, estou te ligando para estar te oferecendo o nosso mais novo serviço de acesso a Internet. A senhora acessa muito a Internet?

- Sim.

- E a senhora possui serviço de banda larga?

- Sim.

- Qual?

- (ai minha filha, menos perguntas, mais assertividade)Vírtua, eu acho...aquele da Net.

- Ah sim. A senhora teria interesse em ter um serviço de banda larga móvel?

- (até que seria útil)Sim.

- Então senhora, para a senhora que utiliza muito a Internet nós temos o plano ilimitado. Por apenas 18 parcelas de R$105,00.

- (pirou, né?!)Ah não, obrigada. Não tem um plano menor?

-Tem o de acesso limitado. 1 giga por mês por apenas 12 parcelas de R$46,51. A senhora gostaria?

- Sim.

- Posso estar confirmando seus dados?

- Sim- nome completo (e olha eu tenho nome duplo e quatro sobrenomes), cpf, rg, nome da mãe, data de vencimento da fatura, endereço.

- Tem alguma padaria perto da sua casa, ou farmácia, como ponto de referência para o nosso motoboy?

- (que tipo de pergunta é essa?)Não.

- Um minuto por favor....Senhora Ana?

- Sim

- Obrigada por aguardar, só mais um minuto, para eu estar processando o pedido no sistema....Obrigada por aguardar senhora Ana. O modem vai estar chegando na sua casa em até 10 dias corridos.

- Certo.

- Senhora Ana, estamos com um probleminha no sistema, vou estar te ligando amanhã para passar o protocolo.

- (ufa!)Ok.

Minutos depois, me lembrei que moro em São Paulo, onde ladrões passam trote da cadeia. Entrei em desespero. Liguei na TIM.

- Ricardo Augusto TIM boa noite, com quem eu falo?

- Ana Christina

- Senhora Ana, qual o número do telefone com DDD.

- xx.xxxx-xxxx.

- Em que posso ajudar senhora Ana?

- (nervosissima) Seguinte, me ligaram hoje a tarde me oferecendo acesso a internet móvel, pediram meus dados, ficaram de me passar o protocolo e até agora nada.

- Certo.

- Queria saber se isso é normal.

- Aguarda (sic)um minuto por favor.

- Obrigada por aguardar senhora Ana. Olha não consta no sistema nenhum contato da TIM para a senhora hoje. Mas pode ter sido falha no sistema.

- (mais nervosa) E como eu faço para saber?

- Não tenho como ajudar senhora Ana, isso é na área de vendas.

- (ultra nervosa)Então, você pode me passar para a área de vendas?

- Não senhora, infelizmente não tenho canal direto com eles.

- (quase chorando)Bom, mas você sabe me dizer se esse serviço é vendido pelo telefone?

- Sim, tem venda por telefone.

- (quase menos nervosa)E a entrega é por motoboy ou sedex?

- Motoboy.

- (semi- tranquila)Tá certo, obrigada.

- Senhora Ana, só mais um minutinho. Vou estar te passando o número do protocolo.

- Ok.

- Por gentileza anote: 2008..... A senhora vai estar recebendo um torpedo TIM com o mesmo.

Você recebeu?
Nem eu.

Nos próximos dez dias, vou estar morrendo de medo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ponto final.

(hoje, mais uma vez, Cazuza foi brilhante no meu caminho para o trabalho...)

Pra que mentir, fingir que perdoou e tentar ficar amigos sem rancor?
É, a emoção acabou mesmo.
E a nossa, tão animada, trilha sonora, silenciou.

Que fique o abraço de aniversário como símbolo do ponto final, tão essencial para demarcar a nova fase.

Boa sorte a nós, a todos nós!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Vilão herói.

Não gosto muito de super-heróis. Acho as histórias meio sem graça e não gosto de coisas impossíveis- homem morcego, aranha, ou que entra numa cabine telefônica e sai voando...

Mesmo assim, assisti Homem Aranha 1 e 2 e tentei assistir Batman Begins (dormi no cinema). Até achei interessante mostrar o lado humano dos super-heróis, porém nem isso me fez ficar encantada pelo mundo dos super-heróis.

Quando soube do triste ocorrido com o Heath Ledger, nem pensei duas vezes...queria muito assistir Batman. Por causa do Coringa e não do homem-morcego. E sei que muita gente pensou a mesma coisa.

De fato, o show é dele. Um vilão divertidissimo pela sua ironia. Assustador, é verdade, mas prende o espectador na tela. Uma risada contagiante, uma inteligência peculiar. Nada de super poderes.

O que mais assusta nessa história toda é que o Coringa, o grande vilão, pode ser qualquer um. Ele é comum, no sentido de utilizar artificios humanos para lutar. Pode ser comparado tranquilamente com um Hitler da vida, que queria liderar o mundo, custasse o que fosse.

Apesar de toda a maldade envolvida, Coringa dá um tapa na cara do espectador. Ele diz verdades sobre as pessoas. Aquelas verdades que a gente prefere esquecer, mas ele faz questão de nos lembrar- do tipo: todo mundo tem seu lado mal, muita gente só pensa em dinheiro e não mede esforços para conseguir, etc...

Não posso dizer que o Heath Ledger é o melhor Coringa de todos os tempos, pois nunca vi a atuação do Jack Nicholson. Mas que este vilão é bom, isso não me restam dúvidas. E que o galã de "10 coisas que eu odeio em você", o mesmo cowboy de "O segredo de Brokeback Mountain", está sensacional no papel, isso está.

Fiquei feliz com toda reflexão que o filme me proporcionou e por saber que o Heath Ledger encerrou sua carreira com chave de ouro.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Canção para Paz!

Engraçado. Outro dia comentei sobre morte aqui, e disse que não imaginava como seria possivel comemorar uma morte. Ontem, eu tive uma sensação assim, não de alegria, mas de conforto pela morte de uma pessoa querida.

Tio Carlos era uma pessoa encantadora. Desde pequena sempre ouvi dizer "se tem alguém bom no mundo, é o Carlos". Ele era assim, sereno, tranqüilo (seu sobrenome era Paz), engraçado.

É fato que convivi mais na infância, mas me lembro dele com muito carinho.

Lembro até hoje do dia do casamento de uma das filhas dele, em que eu fui dama de honra, e estava no carro com eles (o pai e a noiva). Ela nervosissima, como toda noiva. Ele só dizia pro motorista "vamos dar mais uma volta no quarteirão". Sábio tio Carlos.

Há 10 anos, exatos, ele sofreu um AVC. E sua vida nunca mais foi a mesma. Várias vezes ouvia as pessoas da família dizendo "Nossa, ele não merecia ficar assim". Mas, mesmo debilitado por conta da doença, tio Carlos não mudou seu jeito sereno. Aguentou firme muitas coisas, que só ele sabia como era dificil.

Meus primos, filhos dele, foram um exemplo. De união, mas principalmente, de amor.
Fizeram de tudo para que o tio Carlos aproveitasse cada segundo. Quantos passeios, viagens e festas ele participou nesse tempo. Não ficou fora de nada. Graças ao empenho exemplar da família.

Ontem tio Carlos descansou, depois de muito sofrimento. Um sofrimento que a olhos humanos, ele realmente não merecia. Por isso, a primeira sensação é de alívio, ele finalmente está descansando.

Na hora da despedida, alguns amigos cantores, fizeram uma linda homenagem. E no meio da emoção pude imaginar o tio Carlos sorrindo, gostando das canções.

Foi assim, tio Carlos deu mais uma lição, mesmo depois da partida.
Devemos plantar o bem, esquecer as mágoas do passado e lembrar que a família é quem nos dá o verdadeiro amor. Amor que eu vi e senti ontem.

E vou guardar isso para sempre.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Quadrilha detalhada.

Os amigos do prédio- uma turma unida, juntos desde a infância.
A primeira bicicleta, o skate, os jogos de futebol, as divergências de time. Tudo vivenciado junto, no calor da infância.
As escolas eram diferentes, outros amigos apareceram. Mas os do prédio, sempre tiveram seu espaço especial. Eram os melhores, os para toda vida.

E sabe, até que essa coisa de outros amigos era bom. Acabou aumentando um pouco grupo. Na adolescência isso é tão importante...muitos amigos para sair. Tava indo tudo muito bem, obrigada. Até aparecerem elas.

Através de uma amiga em comum- do colégio dele e do prédio dela- eles se conheceram. E começou uma história de amor, confudido com amizade. Os "amigos do prédio", acompanharam tudo de perto, sem ao menos conhecê-la.

O tempo passou, o romance virou amizade. Entraram na faculdade- na mesma (não mesmo curso, nem ano)- e um dos amigos do prédio também.
Pronto! Depois de 04 anos, ouvindo falar dela, finalmente a conheceram.
E assim, ela entrou para o grupo. Com direito a saídas e tudo.

Já não eram mais só os meninos do prédio. Tinham os amigos da escola, algumas namoradas, as amigas das namoradas, e ela- ex, amiga, colega, caroneira.

Um desses "amigos do colégio" (eram 02), era meio viciado em internet, talvez pela timidez, só conseguia conversar com as meninas pelo msn.
Um belo dia, criou coragem e marcou um cinema, mas para não ir sozinho (isso já era demais), chamou um amigo, da turma do prédio, e ela uma amiga.
Todos ficaram felizes (o casal combinado da internet e o casal "por acaso"). Mas, depois de um tempo, só o "por acaso" foi para frente.

Nesse meio tempo, a "ex" se apaixonou por um dos "amigos do colégio" (não o da Internet).
Namoraram.
O "ex" não gostou.
A turma se dividiu.

Uma viagem de uma semana com a parte que restou do grupo.
Tempo suficiente para aparecerem as divergências. Brigas.
Mais uma quebra- os dois blocos se dividiram em três.

A "ex" e o "amigo do colégio", terminaram.
Ela correu para a turma do prédio.
Ele se afastou e preferiu os amigos da faculdade, e descobriu que "life is amazing" mesmo sem amigos de infância.
Ela insistia em dizer que teve o melhor carnaval da vida. Seu passatempo predileto passou a ser falar mal dele para os amigos em comum, achava que ganhava pontos com isso.
Ele esqueceu dela, engatou em outro namoro e saiu do país.
Ela ficava esperando o dia que ele ia ligar arrependido ( do quê mesmo?).

Nessas, virou a conselheira da turma. Principalmente do casal "por acaso", que terminavam e voltavam numa rapidez absurda.

Ela se cansou.
Começou a trabalhar, terminou a faculdade, acordou pra vida. Desistiu da turma, do namorado que já tinha desistido dela há tempos. Só conversou com o "ex", a amizade prevaleceu (a única que ela manteve). E foi viver.

Cada um tomou seu rumo.
Cresceram, trabalham, fizeram planos de casar e serem felizes.

E foram... Para sempre!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Só mais cinco minutinhos...

Não tem jeito. Certas coisas são simplesmente muito chatas de fazer. E assim, tudo fica muito mais interessante...um e-mail, uma noticia no Uol, um blog nada a ver, uma conversa com uma pessoa "x" no msn, além do bom e velho cafezinho.

De repente o tempo passa, você perdeu a manhã toda e tem que fazer aquela coisa, de uma vez por todas.

A tal coisa pode ser tudo...desde acordar, tomar banho, escolher a roupa, sair pra trabalhar...até um relatório incrivelmente chato, longo e burocrático. Ossos do oficio? Talvez.

Sei que tudo tem o seu lado chato, o problema é quando o lado bom fica de fora. Uma falha nossa? Talvez.

Quantas incertezas!

Só tenho certeza de uma coisa. Não estudei 05 anos para escolher alguém a dedo para um cargo de uma empresa. Estudei 05 anos para integrar alguém. Na familia, na escola, no trabalho e na própria vida.

Já está chegando a hora de encarar a minha escolha.

Dificil?
Sem dúvida! Mas se fosse fácil, preferia rasgar o diploma.

terça-feira, 8 de julho de 2008

08 anos???

Já ouvi dizer que não se comemora aniversário de morte, afinal, uma data triste não deve ser comemorada. Concordo. Aliás, nem imagino como seria a comemoração. Talvez, algumas pessoas considerem missas como comemorações. Pode ser...mas daí, não vejo mal. Encaro como uma forma de representar a lembrança pela pessoa.

Eu não fiz missa para a minha avó. Nem para ninguém que morreu. Fui na missa de sétimo dia do meu avô e da minha avó Alice, mas da minha avó Tereza não....nem em São Paulo eu estava. Precisava de um tempo para colocar as idéias em ordem. Para "elaborar o luto"...

Um mês em Maringá, na época minha cidade predileta, pelo lugar e pelas pessoas. Sentia-me num mundo paralelo, que era exatamente o que eu precisava na época. Um lugar paralelo, onde morte não existia. Mas, um mês não foi suficiente. Além de lembrar dela o tempo todo, 01 mês não apagam 15 anos. E o que apaga?

Nada!

Lembro dela todos os dias...dos seus "parpites", do seu perfume, do seu frango ensopado, do único quiabo gostoso do mundo. Lembro na hora em que vou enxugar os pés- mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo e mata piolhooo, na hora de amarrar o tênis, na hora de fazer uma coisa chata ("faz logo filhota, pra ficar livre e aproveitar o resto de vez"). E de tantas outras coisas que ela me ensinou.

Fico pensando no tanto que ela ainda tinha para me ensinar. Queria muito ter dividido com ela a minha entrada na faculdade, a minha carta, o meu carro, o meu trabalho, a minha formatura. Queria continuar ligando para ela todos os dias e pedir pra ela desligar primeiro. Queria continuar acreditando que ela nunca ia morrer.

E como dói essa saudade. Dói até a vontade de matar as saudades e não poder. Ver um vídeo, uma foto, ler uma carta...tudo emociona. Queria poder abraçar ela de novo, deitar no colo dela, ou ficar vendo tv no quarto enquanto ela lavava louça, mas sabendo que ela tava ali.

A morte da minha avó representou muita coisa para mim. Foi um aprendizado torturante.
Me ensinou que não adianta temer, a morte é inevitável e nós não temos controle sobre ela. E que nós podemos fazer de tudo para esquecer, mas uma pessoa especial é inesquecível, e é ótimo que seja assim.

Me prometi não amar mais ninguém (além daqueles que já amava na época) para não sofrer tanto de novo. Impossível. Meu coração nunca deu ouvidos a minha cabeça e hoje eu agradeço por isso.

Se não tivesse amado tanto, e se não amasse tanto, hoje não seria metade do que eu sou.

Vó: Mesmo quando eu estou sozinha eu sei que você tá perto de mim, quando triste eu olho pro céu. Um beijo e um abraço (com tapinha nas costas).

segunda-feira, 7 de julho de 2008

R É e U

Frustração...se tem uma coisa dificil de lidar na vida, é com isso. E parece que se tem um aspecto da sua vida em que você se sente frustrado, todo o resto não vai bem.

Simplesmente porque a frustração está ligada a diminuição da auto-estima, ao julgamento (ou "culpabilização") e a uma série de coisas prejudiciais ao bem estar.

Pois é, mas fica dificil mesmo....

Como continuar bem, se no seu trabalho você não é valorizado pelo que você faz? Afinal, você quer aplauso por fazer exatamente aquilo pelo qual você é pago? Conforme-se, você apenas cumpriu sua obrigação. De forma brilhante ou mediocre, o resultado para o mundo é o mesmo.

Como ser feliz se você vê a pessoa amada feliz longe de você? Se depois de tanto tempo juntos, ele simplesmente te diz que não é mais feliz ao teu lado e uma semana depois aparece de mãos dadas com outra?

Mas, tudo é uma questão de objetivo. Para se livrar da frustação basta saber o que se quer da vida (o que não é tarefa fácil).

Eu descobri a pouco, que de nada adiantou esperar dos outros...os aplausos, os pedidos de perdão, o reconhecimento. De tão frustrada, passei a cultivar o ódio e entrei num ciclo vicioso. E foi a partir daí que quebrei o elo.

Não, o pai dele não tem culpa da minha desilusão- simplesmente não deu certo.
Não, o meu trabalho não é horroroso- o meu plano é que é diferente...
Enfim...o mundo não está contra mim- ele me dá as ferramentas, cabe a mim utilizá-las a meu favor, ou o contrário.

É, acho que a tal culpabilização é inevitável para que ocorra transformação e melhora.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Alegria desconhecida

Ela com certeza não me conhece, não sabe da minha existência e dificilmente sabe a capital do meu país. Não por ignorância, mas por falta de tempo e interesse mesmo.

Mas eu conheço ela, sei que passou por situações muito complicadas, muito mesmo, que eu espero nunca passar.

E justamente por saber disso é que fiquei feliz ontem, em vê-la sorrir, depois de tanto tempo de sofrimento. Quis ver mais fotos e fiquei aliviada em saber que agora ela está muito feliz.

E merece.

Não sei detalhes da sua vida, não sei o que ela fez antes de 2002, mas sei que ela se tornou um exemplo de perseverança e justiça, que no caso dela, tardou mas não falhou.

Ainda bem.

Ingrid, aproveite a paz que só a liberdade proporciona.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

A gente vai levando...

E daí...
Que a moça pulou da janela no prédio da frente?
Que teve tiroteio no banco do lado?
Que tentaram assaltar a joalheria do andar de cima?
Que o elevador pegou fogo?
Que o helicóptero pousou na avenida?

Esquece o mundo lá fora e presta atenção no que realmente importa....

Afinal, você sabe o que realmente importa, né?!

terça-feira, 1 de julho de 2008

S.O.S EDUCAÇÃO

Há um tempo venho refletindo sobre a geração de pais dos anos 80. Em sua maioria, são filhos da geração que foi oprimida, que a mulher ainda era vista como a dona-de-casa e o homem o provedor da familia. Só que no meio tempo, a geração de pais dos anos 50/60, viram a revolução dos estudantes e das mulheres acontecer, e por conta disso decidiram ser menos opressores com seus filhos do que seus pais foram com eles, e o resultado disso foi uma geração perdida.

A grande maioria dos pais dos anos 80 foi sustentada pelos pais durante muito tempo, escolheram cursos "moderninhos" na faculdade, não pensando na carreira profissional, mas pensando em defender opiniões, em polemizar ou liberar seu lado artistico. Tudo isso, porque não precisavam se preocupar com renda naquela época.

É a geração que aceitou o divórcio como um ótimo solucionador de problemas, mas ainda guarda resquícios dos ensinamentos da vovó, em que a mulher é a dona de casa, tem que se guardar para o homem, que será o provedor da familia (ou das familias).

Por conta disso, ficaram meio confusos na hora de educar seus filhos. Liberdade, até que ponto? Depois do divórcio, veio a crise financeira e com isso, a dona-de-casa, saiu para trabalhar. E muitas vezes os filhos passaram a ser estorvo.

Os pais passaram a dar maior credibilidade para os filhos por alguns motivos- por falta de opção (ou eu confio, ou eu enlouqueço), por querer menos trabalho e preocupação, e por acreditar que com certeza a vida é a melhor escola.

O resultado disso está aparecendo agora, que a geração dos anos 90 está crescendo. Com ela, adolescentes fogem do cinema e vão para o sul, com a certeza de que vão fazer a vida, vendendo o I-pod. Se sentem maduras o suficiente para aparecer nas camêras e dizer "isso não é da sua conta". Não? Então porque você foi na tv? O grande duelo da adolescência- o resquício da criança, louca para aparecer na tv e ser famosa, e a vontade de ser adulta, madura o suficiente para não ter que dar satisfação a ninguém.

O número de acidente de carros por conta da bebida tem aumentado, por uma série de fatores- ficou mais fácil comprar um carro hoje em dia, o acesso a bebida também é maior, e o exemplo de pessoas que bebem, dirigem e nada acontece também é grande....Sem falar do cigarrinho no ambiente de trabalho- antes, escondia-se da mãe que fumava, hoje fuma-se na mesa de jantar.

Já que os pais não tiveram tempo para educar, agora sobrou para as autoridades. É proibido beber! E se você beber- cadeia. É proibido fumar nas dependências do prédio de trabalho! E se você quiser fumar, desça- faça chuva ou faça sol. Quer fugir de casa? Prepare-se, você será reconhecido, assim que a primeira pessoa souber e divulgar- seja no google, orkut ou uol.

Se a educação não pode ser dada em casa, o mundo se responsabiliza...doa a quem doer!