terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Belle Époque

Ando nostálgica.
Acho que desde o dia que a manicure me perguntou quantos anos eu tinha e eu disse: "trinta". Eu ainda não tenho, mas falta pouco- 4 meses e 28 dias.

Fui ao show do Lulu, como sempre fui, desde 2000.
Esse foi o segundo que tinha lugar na mesa. Estranho.
Estava vazio, era sexta-feira e tinha show do Foo Fighters em São Paulo- não sei o quanto os públicos são similares, mas....
Adorei, dancei, cantei, tirei foto, fiz check in, curti, aproveitei. Mas senti uma pontinha de tristeza, foi diferente do que era, eu estou diferente. Não sei exatamente que dia eu mudei, se foi ontem, se vem sendo ao longo dos anos, se acordei hoje assim.

Tenho me apegado a coisas diferentes, tenho sentido saudades de pessoas que não fazem parte da minha vida há milênios. Percebo que a saudade não é exatamente da pessoa, mas sim da época. Da época que o compromisso da tarde era a aula de inglês e que a grande preocupação era conferir a nota no TIA.

O lado bom disso tudo é perceber que fui mais feliz do que eu achava na época. E que o que não estava dando certo, hoje já se resolveu.

Escuto os pagodes dos tempos em que ia de quinta a domingo ver Inimigos da HP, onde quer que fosse. Queria ficar sem voz de novo, como ficava naquela época. Numa época em que não tinha celular pra postar a foto na hora, nem fazer check in. Eu dançava sozinha no meio da multidão e realmente acreditava que o Sebá me reconhecia. Até essa ilusão era doce.

Sou muito nova para pensar assim...

...não sou??!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

29?

E então entramos no mundo encantado. Onde os problemas não tem vez.
O cheiro é diferente, o chão é limpo, costumamos sentar nele diante da imensidão de bancos lotados pelas 25 mil pessoas que passeiam por ali.
Anda-se muito, mas só se cansa depois de ir embora. Dormimos no carro, exaustos, quase como dormíamos na volta de um jantar na casa dos amigos dos pais, quando tínhamos 5 anos- com a diferença que temos que acordar e ir pra cama sozinhos, sem colo.

Passa um filme na minha cabeça. Do que vi e senti há cinco anos, do que eu imaginava há 20. VINTE. Sim, me tornei adulta e tem fatos da minha vida que já digo "há uns 20 anos", sem ser forma de expressão.
Reflito sobre isso também. Olhando a Ariel de perto, sentindo medo da Ursula, me questiono quantos anos se passaram da época em que eu assistia todos os dias a fita com a Cinderela e A Pequena Sereia (filmes gravados- o início da pirataria).

Quando não rolava Fast Pass ou Express, enfrentávamos a fila. Em minutos para aumentar o drama- 120, 130. Me divertia nelas também. Mães brincando com os filhos de bater a mão (tipo "fui a china nana pra ver o que era tchatchatcha")- acho lindo e curioso. Disposição e satisfação dos pais em ver os filhos felizes, porém preocupados para manter a motivação e entreter para o entretenimento; curioso o fato de algumas brincadeiras serem universais, mesmo com a Torre de Babel complicando.
Jovens adultos jogando com um aplicativo que obriga as pessoas a interagir, tipo um Imagem & Ação- estou ansiosa para sair um brasileiro desse, é a tecnologia dando o braço a torcer de que brincar junto é muito melhor.

Sou medrosa e tenho labirintite, não vou em quase nenhum brinquedo. E me divirto assim... esperando nas lojas, reparando nas pessoas, ouvindo pedaços de histórias e sensações. Percebo a alegria, empolgação e deslumbramento de quem está no primeiro dia, contra a tristeza e o saudosismo de quem já está no último.

Nosso último dia de parques foi perfeito. Num show que já tinha visto, mas que teve um sabor novamente especial. Nos despedimos de todos os personagens, com direito a fogos e aplausos. Porque lá é assim todos os dias.

Queria sentir pra sempre, todos os dias, o que senti no primeiro dia, chegando no primeiro parque. Guardo a sensação e a lembrança, mas revivê-la, só indo lá de novo e de novo e de novo....como toda criança pede.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Acima de tudo gratidão

Vamos começar do começo.

Empolgação e medo tomaram conta nas longas cinco horas de espera no aeroporto. Meu marido, ansioso, nos fez chegar muito cedo.
Nessa hora a alegria de finalmente ter chegado o grande dia da viagem, da nossa lua de mel mais que tardia, foi tomada pelo medo de avião.
Rituais que havia esquecido (ou que achava ter esquecido) foram feitos e refeitos um milhão de vezes. Rezei mais vezes nessas cinco horas do que no ano inteiro.

O voo foi tranquilo, graças a Deus...fizemos uma conexão em Atlanta e apareceu mais um sentimento (que iria aparecer mais algumas vezes ao longo da viagem)- vergonha.
Sempre me incomodo quando nos falta educação de base- para atravessar a rua, para sair / entrar no elevador, etc..- e ver um policial americano pedir para um brasileiro colocar a mão na boca para tossir, naquele primeiro minuto fora do país, me deixou perplexa.
Aí vem aquela parte constrangedora- tira sapato, moletom, pulseira, relógio, passa numa máquina com a mão pra cima, sai correndo pega as coisas na esteira, veste o sapato, pega a mala, leva a mala pra outra esteira, pega trem, procura portão e....espera. Um pouco menos- duas horas. Desfrutando da tecnologia, postando fotos, falando com a família, vendo o nascer do sol- um dos mais bonitos que já vi na vida.

Reparo numa moça bonita que está com o marido e uma filha bem pequena. De repente ela recebe uma ligação e cai em prantos. Chora compulsivamente, chega  a "esquecer"da filha, agarrando-se no marido. O que será que houve? Será que algum familiar morreu? Será que já estava doente e ela estava indo visitar e não deu tempo? Passo o restante do tempo a observando, ela volta a brincar com a filha, mas as lágrimas caem dos olhos sem que ela note. Pergunto pro meu marido o que ele acha que pode ter acontecido e ele responde- Que moça?

A situação me chamou tanta atenção que até esqueci dos rituais. Mais uma hora de voo e chegamos.
Quando estávamos perto de pousar, pensei como era maluco estar ali. Somando tinhamos voado 10 horas para estar numa cidade, por conta de um complexo de parques.
Bobagem- aquele mundo não é só um complexo de parques, é um lugar paralelo.

Após encontrar com nossos amigos, pegarmos as malas e alugarmos o carro, todos os problemas ficaram para trás. Dali em diante seriam 8 dias vivendo coisas boas.

Quando se está longe de casa, qualquer coisa que lhe pareça familiar traz alegria. Um carpete "fofinho", um supermercado tipicamente americano (leia-se com todos os produtos possíveis e imagináveis) do lado de casa, um quarto decorado de Mickey, um banheiro igual.... Tudo foi devidamente comemorado.

Os dias que se seguiram merecem capítulos especiais, não cabe tudo aqui.
Só tenho espaço para agradecer tudo que vivi esses dias.
Sem dúvidas, sou uma pessoa abençoada por ter a família, o marido e os amigos que tenho.

Obrigada!