terça-feira, 30 de setembro de 2008

Adivinha quem vai se molhar...

Se tem uma coisa chata de usar, porém necessária, essa coisa é o guarda-chuva.

Primeiro o tamanho.
Ou é pequeno demais, ou é grande demais. O médio, ideal, não existe.

Depois, e aí talvez entre um problema do usuário, o manuseio.
Segurar o guarda-chuva e atender o celular é humanamente impossível, para alguém sem uma coordenação motora suficiente.

Além disso, é um ótimo objeto para causar vergonha.
Abrir e fechá-lo em público, pode ser traumático.
Mas o pior é mesmo, é quando a chuva acaba e o usuário, desavisado, permanece com ele aberto.
Ou então, sai com ele na mão, por não caber na bolsa, vitima do aquecimento global, que fez cair o mundo pela manhã e a noite apresenta um lindo céu estrelado.

O usuário passa a ser olhado como se viesse de outro planeta. Como se aquele objeto nas mãos fosse estranho para todos, que exibiam os mais diferentes modelos, pela manhã.

Nessa hora, só resta contar com orgulho e auto-estima alta, afinal, em tempos de aquecimento global, quem se previne, é rei.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sonho de valsa

Some day, when I'm awfully low
When the world is cold
I will feel a glow just thinking of you
And the way you look tonight

You're lovely, with your smile so warm
And your cheeks so soft
There is nothing for me, but to love you
And the way you look tonight

With each word your tenderness grows
Tearing my fears apart
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart

Yes, you're lovely, never ever change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it?
'Cause I love you
Just the way you look tonight

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Hora feliz.

São Paulo, 1927. O Senhor Marcelino Cabral decidiu abrir um botequim, deixando sua casa nos fundos do terreno, já que no bairro tinha a quitanda, o armazém, a costureira e o alfaiate...só faltava o bar mesmo. Tudo muito bem decorado, a altura da localização. Deu o nome de "Empório Cabral".

Seu Marcelino foi envelhecendo, casou, teve filhos. Sua trajetória chegou ao fim, mas o botequim continuou, comandado agora pelo seu filho, Waldemar...que decidiu mudar só o nome do lugar, para adequá-lo a década de 70, mas o resto continuava igual...

Em 1986 chegou a vez de Waldemar passar o bastão do botequim. Seus filhos Hugo e Emiliana, passaram a tomar conta.

Nesse meio tempo, muita coisa mudou...
A quitanda e o armazém sumiram, apareceram super e hipermercados, modernos, com produtos importados e lights. Alfaiates e costureiras foram substituídos por lojas grandes e shoppings centers charmosos.
A simplicidade foi dominada pelo glamour.
Surgiram bares, onde o chopp, em máquina, custa R$5,00.

Mas o botequim do seu Marcelino- agora chamado de Botequim do Hugo- permaneceu, firme e forte. Com o mesmo balcão de madeira, cervejas em garrafa, cachaça no copinho e até engraxate passa por lá.

Hugo, o neto de seu Marcelino, tem um jeito meio bronco, resmungão, mas acaba sendo o pai da clientela.

É o único bar da atualidade em que o dono é caixa, garçom e ainda controla a bebedeira "essa é a última hein?!"...

Afinal, o Matheus, tem que dormir cedo e se preparar para daqui alguns anos tomar conta de tudo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Até o limite da honra

Dizem que pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Concordo.
E "Ensaio sobre a Cegueira" é uma prova, quase que literal, disso.

Uma das diferenças entre a infância e a vida adulta é a forma como se vive a doença.
Ninguém se preocupa com um adulto doente...muito pelo contrário, o doente torna-se um estorvo para a família e para a sociedade.

Não há nada pior do que a dependência.
E quando ela vem acompanhada do preconceito, tudo se torna pior.

Como receber ajuda de alguém que tem medo de ficar como você?
Como sobreviver num lugar onde todos sofrem do mesmo mal, dependendo um dos outros?

Parece que a vontade de tirar proveito faz parte do homem...que aparece, mesmo em situação precária, vivida em conjunto. Sempre há quem encontre um jeito para se aproveitar de alguém.

E então, orgulho, caráter, moral e ética passam a ser testados.

Quem vence?
Na ficção, é só ler o livro ou ver o filme.
Na vida real...ninguém.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pot-pourri

Ando por aí querendo te encontrar, em cada esquina paro em cada olhar, mas, você disse que não sabe se não, e nem tem certeza que sim.

Queria poder jurar que essa paixão não será apenas palavras, mas não sei...E assim vou levando a sério, enquanto você disfarça.

Porque, por você, eu largo tudo- carreira, dinheiro, canudo...pra mim é tudo ou nunca mais!

Na verdade, eu só preciso dizer que te amo, e assim, te ganhar ou perder, sem engano... Mas, acabo deixando ficar subentendido...

E que seja fraqueza ou exagero, a alegria que me dá, isso vai sempre dizer!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O poeta está vivo.

"Escrevo numa tarde cinzenta e fria.
Trabalho pra espantar a solidão e meus pensamentos.
Hoje assumi em público minha doença...Estou mais leve mais livre, mas ainda tenho muitos medos.
Medo de voar, de amar
Medo de morrer, de ser feliz
Medo de fazer análise e perder a inspiração....
Ganho dinheiro cantando minhas desgraças.
Comprar uma fazenda, fazer filhos? Talvez seja uma maneira de ficar pra sempre na Terra...
Porque discos arranhão e quebram!
Amor,
Cazuza"


Fique tranquilo...os discos podem ter arranhado, mas tem inúmeros CDs e músicas na Internet. E assim você ficará para sempre entre nós.

Obrigada!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Carta da jovem à antiga terapeuta.

Olá,

Não sei se você se lembra de mim...espero que sim. Afinal, nem faz tanto tempo assim...

Fui sua paciente de agosto de 2005 a agosto de 2006.
Não tive coragem de me despedir, parei de ir e só...fui faltando, faltando, até você perceber.
Sabe aquela história de elaborar luto? Então, você tinha toda razão...eu tenho uma dificuldade imensa com isso, mas um dia eu chego lá.

Queria te contar as novidades.

Me formei!! Que sensação maravilhosa, mas ao mesmo tempo angustiante, né?! Agora eu tenho toda a liberdade do mundo para fazer o que bem entender, desde que consiga pagar as contas e me dedique totalmente à atividade.

É...talvez não seja tão fácil assim.

Desde que parei de fazer terapia, em agosto de 2006, comecei a atender. Acho que comentei em alguma sessão que começaria a atender em psicodiagnóstico...Então, no ano passado, escolhi minhas áreas: infantil, TCC e escolar. O mais legal de tudo é que continuo no RH...culpa do sistema, lógico!

Como pensava em você nos meus atendimentos..nossa...várias vezes, enquanto atendia, lembrava das nossas sessões. Usei muita coisa que aprendi com você.
Engraçado né?! Eu ficava tão irritada quando você terminava a sessão com aquele olhar e uma pergunta cruel pra eu ir pensando...Quantas vezes te xinguei em pensamento, mesmo sabendo que seria bom para mim refletir a respeito. E depois, me vi fazendo a mesma coisa..instigando o paciente a chegar as próprias conclusões...às vezes estava ali, bem na frente dele...

Acho que esse tempo longe da terapia tem sido bom. Fico pensando muito nas coisas, é como se estivesse digerindo aos poucos, um ano de refeição.

Minha vida mudou muito de lá para cá.
Esse ano então, mudei radicalmente. Finalmente tenho pensado mais em mim. Não falo mais com aquelas pessoas e hoje consigo enxergar como perdi tempo....mas vejo que tinha que ter passado por tudo que passei para estar melhor hoje.

Mas, nem tudo são flores.
Continuo na luta, em busca da felicidade. Às vezes me revolto e chego à conclusão de que ela não existe. Às vezes retomo as esperanças...e assim vou vivendo.

Tenho sonhado muito nos últimos tempos, ou melhor, lembrado dos meus sonhos.
Lembra como era raro eu te contar algum sonho? Tudo era mais fácil naquela época..podia expor meus pensamentos...
Agora, talvez pela falta de espaço, guardo tudo para a sessão noturna.
E me contento com uma auto-análise fraca.

Bom, vou ficando por aqui. Só queria te agradecer por todo apoio que você me deu, por ter me ajudado com a sua experiência, não só em me sentir melhor, como ter certeza do que eu queria fazer como profissional. Queria também dizer que a minha saída da terapia não foi culpa sua, foi uma necessidade minha, e que sem dúvidas, ainda hoje, você me ajuda...

É isso.

Ficamos por hoje.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Infinito enquanto dure

É sempre assim...

Basta passar por um momento de dor sentimental, que todos ao redor começam a falar frases feitas, do tipo: vai passar, tudo tem seu tempo, se fora para ser, será...e por aí vai.

Difícil é acreditar nisso tudo, no pico da dor.

Explico.

Sabe, quando a lágrima sai do seu olho sem que você perceba? Basta tocar uma música de amor no rádio, ou passar um filme "água com açúcar" na tv (até porque, cinema nessa fase, nem pensar), para a insistente lágrima sair do seu olho e aquela dor no peito queimar outra vez...imagine, nessa hora, tentar se convencer de que passa. Impossível- aquela dor é tão eterna quanto o amor jurado. E daí vem a certeza, ela não passará!

O fato é que não há regra para o amor.
Afinal, ele surge quando bem entende, e faz o que quer na sua vida, sem ao menos pedir licença.
Ele acontece para todos, é verdade...mas de formas, infinitamente, diferentes.

Há quem jure que para esquecer um amor, basta encontrar um novo.
Coerente...
Porém, para encontrar um novo amor é preciso estar disposto a esquecer o antigo, certo?
E como esquecer um amor, para estar aberto a um novo amor, se o que você quer é ter um amor novo para esquecer um antigo?
Ciclo vicioso.

Então, vem a idéia de dar tempo ao tempo. Fácil né?! Você está lá, sofrendo, sentindo que o mundo desabou e vai dar "tempo ao tempo", se distraindo- trabalhando, estudando, cantando e dançando...Aí, dá uma entradinha no orkut, afinal, o trabalho é muito desgastante, ou então, escolhe aquele lugar que você sempre ia...com ele...e lá vem ela de novo, a dor!

A verdade é que quando estamos sofrendo, a gente quer mais é que o tempo passe depressa.
Pena que o relógio não nos dá ouvidos, nunca!

Pensando dessa forma, parece que realmente é o fim do mundo terminar um relacionamento.

Mas aí, o tempo passa...a dor vai diminuindo, afinal, a vida caminha, quer você queira, quer não.
E você percebe que a dor de amar pode ser uma escola, se você estiver disposto.
Daí vem o amadurecimento, o aprendizado, a mudança.

Muitas coisas passam a fazer sentido e você se torna uma pessoa diferente, olhando o mundo com outros olhos. Passa a dar valor para outras coisas além de sair de mãos dadas, com uma aliança no dedo, para esfregar na cara daquela magrela, que você também namora.

Você passa a valorizar a idéia de uma companhia, de uma boa conversa, não só o beijo e o abraço. E então você percebe que aquela pessoa que foi embora, realmente não tinha nada a ver com você, tinha naquele momento, mas hoje, não conseguiria acompanhar o seu ritmo, e provavelmente, nem você o dele...Afinal, você sabe que também houve mudanças do outro lado.

E então, já não dói mais saber que não deu certo.
E você consegue até rir de você mesma lendo aquele e-mail que mandou depois do término, chega até sentir vergonha...Mas, acaba lembrando que aquilo era importante naquele momento, e foi crucial para que você chegasse onde está hoje...

Afinal, tudo na vida passa...Deixa marcas, mas passa!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O amante do amor

Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha dez
E asas nos pés

Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina


Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo


E dava o mergulho
Sem fazer barulho
Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar


Amava era amar
Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas


Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias


Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder


Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita


Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser


(Vinicius de Moraes)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O grande dia

Não conseguia dormir, a preocupação e a ansiedade eram intensas demais para o sono.

Pensava se todos os detalhes estavam resolvidos e, assim, ia riscando sua check list mental.

Mas, as dúvidas é que perturbavam o sono...

Estaria fazendo a coisa certa, esse era, realmente, o momento de começar uma nova vida?

Aquela casa.

Nasceu e cresceu ali. Foi lá que deu seus primeiros passos, brincou, riu, brigou, chorou, ensaiou shows, teatros, sonhou. Levou seus amigos, namorados.... Conhecia cada cômodo e os hábitos de quem estava sempre com ela, sua família. E eles conheciam ela como ninguém. Sabiam o dia que ela estava feliz, quando tinha tido problemas no trabalho, quando ia encontrar alguém especial...tudo isso pelo abrir a porta, pelo jeito de andar.

E agora, o novo.

Estaria preparada para se adaptar, para conhecer, para começar?

O despertador tocou antes da resposta surgir.

Respirou fundo, lavou o rosto.

Antes de entrar no elevador, olhou para trás.

Guardou a imagem.

Permitiu que a lágrima caísse.

Sentiu o conforto que só aquele lugar transmitia.

Sabia que ia voltar, mas que tudo estaria diferente...

Abriu um sorriso e disse:
"Até a próxima".

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Deixa o menino brincar

No meio dos faróis de São Paulo tem uma árvore, uma corda, um pedaço de pau e dois meninos.

Devem ser irmãos...um é um pouquinho maior do que o outro.
O maior, espera o menor sentar na balança.
Com todo cuidado do mundo, começa a empurrar o irmão.
Eles começam a sorrir, um sorriso contagiante.

O sinal fecha, mas eles não param de brincar.
Roubam a cena, sem fazer malabares.
Apenas sendo felizes....a felicidade pura e inocente da infância.

Corajosos.
O mundo fez de tudo para roubar isso deles.
Mas, com uma balança improvisada, eles não deram o braço a torcer.

Então,
"Deixa o menino brincar, pois ninguém sabe o dia de amanhã- pode ser um dia lindo, um dia triste pode ser...Pode ser que ele seja alguém quando crescer, pode ser que ele não seja por querer e não poder."(Jorge Ben Jor)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A faxina.

Estava tudo tão sujo e fora de lugar que nem sabia por onde começar...Sempre que pensava em deixar as coisas em ordem, vinha alguma coisa mais importante.

Até que um dia, aquela bagunça e sujeira tornaram-se tão insuportáveis que decidiu fazer a faxina.

Colocou tudo abaixo e começou a separar, em pilhas, o que guardar e o que jogar fora.

Respirou fundo.

Pegou a pilha do jogar fora.

Primeiro, aquilo que mais incomodava, direto pra lata de lixo. Sem dó, nem piedade, sem pensar duas vezes. Rasgou em pedacinhos e pronto. Alivio!

Depois, pegou aquilo que incomodava, mas ao mesmo tempo fazia bem. Um prazer com culpa, com ódio. Ficou olhando fixamente. Dúvida. Como podia gostar tanto daquilo? Aquilo fazia mal, quase como um vício. Rasgou lentamente e colocou com cuidado no lixo.

Mas, o mais difícil ainda estava por vir.

O mal necessário, que antes de saber que era mal, só era necessário. Há quanto tempo guardava aquilo? Há tanto que já fazia parte.
Mas, ao lembrar de tudo, percebeu que era mal e talvez, nem tão necessário assim.
E sem rasgar, colocou no lixo, como se estivesse num funeral.

Sabia que sentiria falta, mas era hora de liberar o espaço.

Então, fez uma lista do que colocar no lugar do que jogou fora.

E antes de guardar os itens separados, precisava limpar as pratileiras imundas.

Depois de limpo, o lugar parecia novo.

No meio das coisas velhas em lugares novos, viu o espaço vazio do que tinha jogado fora.

Baqueou.

Olhou pra lista das coisas novas e para a lixeira.

Pensou em desistir.

Lembrou da poeira.

Colocou o lixo pra fora.

E foi...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Passar 2008 esperando 2003

O tempo não pára, muito menos volta atrás.

Cheguei na fase de querer recuperar o tempo perdido e não mais de avançar para ver como será o futuro.

O futuro não me interessa mais. Afinal, ele nunca chegará mesmo.

Queria voltar pro antes, bem antes...mas com a cabeça que tenho hoje.

Teria lido mais livros, teria prestado mais atenção na aula de história, teria me empenhado mais nos esportes, teria feito as lições do inglês e continuado a tocar piano e violão.

Deixei tudo para amanhã.

E o amanhã, nunca chega.