quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O último sinal

Quando recebeu o convite quase não acreditou. Um baile de máscaras nesses tempos?
Seu coração disparou...seria sua chance, talvez a última que teria.

Chegou lá uma hora e meia depois da hora marcada.
Sua roupa era discreta. Vestido preto, sem decotes, luvas.
A máscara também preta, com detalhes dourados em volta dos olhos.
Era assim que queria chamar a atenção...pelos olhos.

Lá estava ele.
Smoking, máscara preta.
Avistou-o de longe, reconhecia aqueles olhos a longa distância: eles brilhavam como nenhum outro.

Não quis cumprimentá-lo, ele teria que reconhecê-la.
Esse seria o primeiro sinal.

Depois do jantar, a música.
Os dois rodeados de amigos.
As rodas se juntaram, viraram uma só.

Foi quando ele a reconheceu.
Não pelos olhos, mas pelos lábios.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Os dois lados da moeda

Certa vez ouvi que a tendência é alcançar a média. Isso quer dizer que se você está no fundo do poço, em breve viverá momentos melhores...e obviamente, o inverso também ocorre.

Os Estados Unidos da América são conhecidos pelo poder que possuem. É a grande potência mundial, avançados tecnologicamente, com uma economia invejável...Parece que tudo acontece primeiro lá- ainda que levando a fama pelo árduo trabalho da China ou pelo glamour da França...

Até que a "América" também alcançou a média. E pior do que nunca ter tido, é ter e perder. Quando se trata de dinheiro e poder então, nem se fala...como dói!

Mas, devemos nos lembrar que a crise é passageira...ainda que dure alguns anos, ela passará. Ela não veio a toa, não surgiu do nada. Foram diversas atitudes tomadas de forma insensata que tiveram como consequência todo esse problema.

Portanto, se todos repensarem suas atitudes consumistas, reverem gastos desnecessários, aos poucos as coisas voltam ao lugar. Nesse momento, discernimento para estabelecer prioridades é fundamental.

O Brasil é um país que já nasceu com diferenças sociais, como a grande maioria das colônias. O problema é que o pessoal levou a sério e decidiu levar adiante a pirâmide das classes, deixando para resolver questões sociais depois.

Fome e violência talvez sejam os dois principais problemas a serem resolvidos por aqui. Ambos são consequências de uma série de fatores, portanto, para resolvê-los, seria preciso resolver todas as causas antes, o que não é tarefa fácil.

Nesse caso, também caímos na importância do discernimento ao estabelecer prioridades. O que resolver primeiro? Não sei, prefiro deixar na mão daqueles que escolheram como profissão governar cidades, estados e países. Me limito a ajudar quem posso, começando pelo meu auto-controle.

A crise parece ter atingido todas as classes sociais. De forma direta ou indireta, todos fomos afetados. E nessa hora, as prioridades são mais importantes do que nunca.

Antes de pedir ajuda ao governo ou demitir o seu operário, talvez fosse melhor vender seu jatinho. Acreditem, há quem prefira demitir um pai de família, que depende do seu salário para dar comida aos filhos, do que vender um jatinho ou abrir mão de um supérfulo qualquer.

Hoje recebi um e-mail que falava sobre os números que acabariam com a fome, em comparação ao investimento do governo norte-americano para que as montadoras de carros não falirem.

Real e interessante. Faz pensar a respeito, tanto faz que aqui estou eu, usando este espaço para falar sobre o assunto, sem entender quase nada de economia ou politica.

Mas o mais importante é lembrarmos que não podemos pensar só em um lado. A ajuda do governo norte-americano com as montadoras não serviram apenas para o dono da GM continuar vivo. Foi para evitar que o número de famintos no mundo aumente.

Cedo ou tarde as coisas se resolvem.
Cabe a nós apenas fazermos a nossa parte e acreditar que tudo ficará bem.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Irmãs Almeida

Talvez tenha sido a brincadeira "a palavra é..." feita inúmeras vezes no carro durante uma viagem.
Talvez tenham sido as noites no sítio ou em casa, passadas em volta do violão.
Talvez tenham sido os shows na sala.
Ou o conjunto disso tudo.
Podemos não ser afinadas nem grande compositoras, mas que somos amantes de música e criativas, ninguém pode negar.

Versões feitas de irmã para irmã da música "Burguesinha" (Seu Jorge)

Para Ticá

Vai no cabeleireiro
E na manicure
Faz ballet, Pilates
Fica só na esteira

Saca dinheiro
Vai sem motorista
Com seu carro pobre
Foge do manobrista

Final de semana
Toma sol na laje
Só ficando nega
Acha que engana

Vai pro restaurante
Olhando a direita
Pede um copo d´agua
Ainda acha elegante

Para Nunu

Faz a unha em casa
E ainda pendura
Está sempre brava
Diz que a vida é dura

Passa visa vale
Pra tomar café
Tem um carro novo
Mas só anda a pé

Final de semana
A pressão despenca
Só fica na cama
E diz que não aguenta

Já na terça-feira
Sai com sua amiga
E eu acordo cedo
Só ouvindo a briga

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O primeiro...

Um minuto o nosso beijo
Um só minuto; no entanto
Nesse minuto de beijo
Quantos segundos de espanto!
(...)
Quantos beijos derradeiros
Quantos mortos nas estradas!
(...)
Quanta tara, quanto vício
Quanto enfarte do miocárdio
Quanto medo, quanto pranto
Quanta paixão, quanto luto!...
(...)
Tudo isso pelo encanto
Desse beijo de um minuto:
Desse beijo de um minuto
Mas que cria, em seu transporte
De um minuto, a eternidade
E a vida, de tanta morte.

(Vinicius de Moraes)

10 anos- eis a prova de que o primeiro a gente nunca esquece...ainda que venham muitos primeiros depois!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Denise nos chama

Em 2006 resolvi trocar de celular...comprei um mais moderno (afinal o outro já tinha desde 2004 e nem tinha câmera), parcelado em 10 vezes.
Exatamente um mês depois da compra, às 17:00 de uma quinta-feira, numa travessa da Roberto Marinho, um menino com pouco mais de 10 anos veio tranquilamente na minha janela e disse: "Me passa seu celular se não te dou duas balas".
E assim o celular foi embora, faltando ainda 9 parcelas para ser meu de verdade.

Minha primeira reação foi pensar: "Vou ligar pra minha mãe" e logo em seguida:"ligar como, idiota?" Orelhão, sim, usei um orelhão. Tive que ligar pro meu pai também, no meu celular tinha um número dele, podiam ligar e dar aqueles golpes...pois é, eu tinha o número do meu pai no celular, mas não na cabeça.

Passei dois dias deprimidíssima. Ficava o tempo todo colocando a mão no compartimento da bolsa que ele ficava, tive um trabalho enorme para avisar meus amigos pedindo para ligarem em casa.
Comprei outro, igualzinho. Dessa vez, à vista...meu pai me deu.
Voltei a sorrir e a me sentir uma pessoa de verdade.

Depois, avaliando a situação onde todo mundo concordava com o fato de eu estar arrasada porque tinha "perdido" meu celular, me lembrei de uma professora de psicologia experimental prática, que mandava a gente desligar o celular enquanto estivesse com os ratinhos.
Uma vez o celular de uma amiga tocou, "desculpe professora, é meu filho".

Além de não ter desculpado, a professora ainda nos deu uma lição de moral daquelas... "Eu tenho três filhos, quando eles eram crianças eu dava aula e clinicava exatamente como hoje, e não existia celular. Será que fui uma mãe pior?"

Até hoje tenho isso na minha cabeça.

Como será que as pessoas sobreviviam antes do celular?
Como EU sobrevivi até os 15 anos?

Se não me falha a memória, era tudo mais simples e fácil.
Os encontros eram marcados com antecedência com horário e local bem definidos, as conversas pessoalmente dificilmente eram interrompidas e provavelmente o número de multas era bem menor.

Mas, infelizmente, não tem mais volta...

Hoje só posso dizer que meu nome é Ana, tenho 23 anos, tudo começou quando ganhei um celular aos 15 anos, e só por hoje não mandei nenhuma SMS....por enquanto!




(o título desse texto refere-se a um filme que assisti na faculdade- "Denise chama"- que aborda os malefícios da tecnologia nas relações pessoais)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Como se fosse a primeira vez...

Olhares que se cruzam, coração dispara, mãos tremem e suam.
O momento certo de sorrir, falar e ouvir.
Preocupação em se arrumar para um possível encontro, assim, sem querer.

O primeiro beijo.
O primeiro "eu te amo".
A primeira visita aos pais.
A primeira viagem.

As conversas, as risadas, as mãos dadas.
As músicas que representam aquele momento, cantadas juntos no carro.
Os telefonemas só para dizer "oi", as mensagens de texto de saudades...

Os filmes, os jantares, os bares.
Os aniversários, os presentes, as festas surpresa.

Sempre igual, sempre diferente...e ainda que seja assim, do início ao fim, não há quem se acostume.

E um dia há de ser para sempre!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sexta à noite

"Só me interessa voltar ao ponto de onde parti"
(e dessa vez, vai ser diferente!)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Chove chuva...

Olho para a chuva que não quer cessar
Nela vejo o meu amor
Essa chuva ingrata que não vai parar
Pra aliviar a minha dor

Eu sei que o meu amor pra muito longe foi
Numa chuva que caiu
Oh! Gente por favor pra ela vá contar
Que o meu coração se partiu...

Chuva traga o meu benzinho
Pois preciso de carinho
Diga a ela pra não me deixar triste assim

O ritmo dos pingos ao cair no chão
Só me deixa relembrar
Tomara que eu não fique a esperar em vão
Por ela que me faz chorar


domingo, 1 de fevereiro de 2009

Aurora da minha vida

Era uma tarde qualquer...vendo ela sentada no sofá, tão criança, cheia de sonhos e planos, achou que seria o momento certo de dividir um pouco de sua sabedoria.

-Vem cá filhota. Aqui estão guardados os livros que o vovô mais gosta, os mais especiais...e o mais querido de todos, é esse poema. Com seu sotaque mineiro, começou:

Oh! Que saudades que tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais.
Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras, a sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais.

E formando um filme na cabeça, imaginava ele no campo, em sua infância (ainda que fosse difícil imaginar que ele já tinha sido criança um dia).

Nunca subiu em árvores, nunca jogou bola na rua, muito menos nadou em rio.
Mas fazia pique-nique no hall do elevador, fazia shows para a plateia cheia sem ninguém na sala, era fã da Turma da Mônica e Monteiro Lobato, andava de bicicleta na chuva, imitava a Carmen Miranda no carnaval, pulava corda, jogava bola no corredor do apartamento, fazia guerra de água, era professora, mãe, filha e dona de hotel no mesmo dia.

Já crescida, se soubesse fazer poema, lembraria das palavras ditas naquele dia. E diria que também tinha saudades...saudades daquelas tardes alegres em que ouvia as histórias do avô, em que um banho de chuva era a maior alegria da semana, e que os aplausos da família eram a realização do sucesso.

"Oh que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais..."