quarta-feira, 29 de abril de 2009

Nem lá, nem cá...

Quando se está no fim do caminho, ainda que não seja o esperado, é possível se preparar para lidar com ele.
Quando se está no início, ainda que saiba ser longo, motiva-se a prosseguir...afinal, o fim deve existir.

O grande problema é quando o fim não existe.
Às vezes, chega-se ao meio do caminho, olha-se para trás e percebe-se que apesar da longa caminhada, nada foi trilhado.
Percebe-se que na verdade não é o fim que não existe, é o caminho que não existe.

E o pior, foi você que se colocou e trilhou esse caminho imaginário.
E é você que não sabe sair dele.

Não existe bússola, mapa, muito menos posto de gasolina para pedir orientação.
É você e você.
Então...vire-se!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mil faces

Com Internet discada tudo era mais complicado. (será???)
Tinha que entrar no ICQ a meia-noite, quando era mais barato e- por que não?- mais divertido.
O barulho da máquina de escrever e o famoso "oou" só irritavam quem estava de fora.
O que irritava mesmo eram as vezes que a Internet teimava em cair e não levantar mais.

Depois veio a banda larga.
E com ela o MSN tomou lugar do ICQ e nasceu o Orkut.
O número de e-mails gratuitos aumentou e é raro alguém ter apenas uma conta...

Veio então o fotolog, o blog, o faceboock, o myspace, o linked in, o unyk (não necessariamente nessa mesma ordem) e agora, o mais novo de todos, o tal do Twitter.

Assim fica dificil manter apenas uma personalidade!!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Viagem no tempo

Em 1994, meu primo de segundo grau, aos 35 anos, solteiro e sem filhos, comprou um MP 88 9(um carro daqueles bem antigos, com porta-malas na frente e motor atrás, com capota (de lona) removível e todo de madeira).
Não que meu primo fosse um amante de carros, mas é amante de coisas antigas.

Na família, virou motivo de piada. Sérgio nunca foi uma pessoa muito normal, mas os detalhes ficam para a próxima.

Por volta de 97, num domingo qualquer, Sérgio- formado em 5 cursos da USP (entre ele turismo e história), me convidou para um passeio no Museu do Ipiranga. Topei.
Lá fomos nós de MP...confesso que, aos 12 anos, a vergonha era enorme, afinal, não tem quem não olhe na rua.
Na volta, já a noite, em frente ao Parque do Ibirapuera, o pneu do MP furou. E o dono do carro não tinha a menor idéia de como trocá-lo. Foi uma aventura.
E por coincidência, se é que isso existe, nunca mais andei no MP.

Nesse final de semana recebi uma nova proposta.
O clube do MP estava organizando um passeio até Águas de São Pedro. Como meu pai mora em São Pedro, Sérgio achou uma ótima oportunidade de ir conhecer o sitio e me levar junto.
Morrendo de vergonha e medo, lá fui eu.

Talvez pela maturidade, talvez pela influência do ambiente- estrada, sol e 80 MPs juntos- já na saída do posto onde encontramos os sócios do clube, já comecei a mudar minha idéia sobre o passeio.
Me senti nos anos 50 (não que o carro seja dessa época), com a capota rebaixada, andando a oitenta por hora na Bandeirantes, achando uma delicia o vento no rosto, mesmo sem som.

Fiquei pensando em como deveria ser chique sair de carro até a Avenida Paulista, num passeio de domingo.
Nas curvas, vendo os carros de longe, parecia que estávamos num autorama.
Chegando na cidade, parecia a Banda, do Chico Buarque.

Na volta, o MP já cansado, fez um esforço um pouco maior. Mas me deixou em casa inteira e feliz.
Feliz por estar de volta, mas, principalmente, por ter me libertado de um trauma e ter tido a oportunidade de viver por alguns instantes, em anos que nunca vivi.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

And the Oscar goes to...

Não sei quem me indicou, mas, fui indicada para o Top Blog.

Não tenho pretensão de ganhar, até porque o blog não é muito famoso...Mas, fiquei feliz com a indicação (ainda que todo mundo seja) e decidi arriscar.

Afinal...

"Quem não arrisca, não petisca"

=)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Parabéns

Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha...

Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim

Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?

Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada prá só dizer "sim, sim"

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim

Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair

Não, não vou te trair...

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim

Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Brasil!!

(Cazuza)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Festa no céu

Minha avó paterna tinha algumas peculiaridades.
Mulher de fibra, guerreira, batalhadora. Sofreu a morte de seu filho mais velho, de 19 anos, num trágico acidente de carro.
Mas isso não tirou sua garra e vontade de viver. Continou firme e forte, se empenhava cada vez mais para ser boa esposa, mãe e avó.
Corinthiana roxa, torcia e vibrava pelo timão. Acendia velas, colocava água benta em cima da televisão...não lembro se chegou a ir ao estádio (era elegante demais para isso), mas lembro de sua torcida fiel ao time. Gostava também de fórmula 1, amava o Senna e mais uma vez colocava a água benta na televisão.

Meu avô materno é um exemplo de vida para mim.
Nasceu numa família pobre, casamento de português com índia, no interior de Minas Gerais, com 19 filhos como resultado.
Um dia resolveu sair da cidadezinha e crescer no mundo. Fez seminário, não porque queria ser padre, mas porque era o ensino disponível, começou a trabalhar no banco Nacional como contínuo. Foi crescendo, crescendo e chegou a diretoria.
Casou, teve três filhos, sofreu com a morte de uma filha (de 11 anos).
Era bem humorado, gostava de uma festa e amava muito o Corinthians.
Ia ao estádio religiosamente, ouvia os jogos no Opala azul na volta do sitio, assistia aos jogos em casa...
Fã de fórmula 1 e do Senna, vi pela primeira e única vez meu avô chorar no fatídico 1 de maio de 1994.

23 de abril de 1995.
Meu avô, depois de dois enfartos e uma cirurgia no coração, sofreu um enfarto fulminante, num domingo de manhã, dormindo, ao lado da minha avó que foi encontrá-lo cinco anos depois.
20 de abril de 2004.
Minha avó, depois de câncer de mama, cirurgias e vários tombos, acordou, depois de dias em silêncio por conta de um câncer no cérebro, nos telefonou, rezou um Pai Nosso e descansou, para sempre.

Ontem, depois de seis anos na seca, o Corinthians conquistou a vaga na final do Campeonato Paulista. E não poderia ter sido melhor...foi contra o São Paulo, campeão de tantas coisas nos últimos tempos.
Não podemos gritar vitória antes da hora. Mas a semana que seria triste, por conta da memória de pessoas tão queridas e especiais na minha vida, ficou feliz e já valeu por qualquer troféu.

Com certeza ontem teve festa no céu.
E foi tudo em branco e preto!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Não esqueço num canto qualquer!

Pois é, este blog tem um ano de existência.

Seria hipocrisia da minha parte dizer que ele nasceu, assim, despretensiosamente.
Mentira!
Ele nasceu com um objetivo bem claro: ser o marco da minha nova vida...depois de deletar todo o passado, dentro do possível, resolvi começar uma nova etapa, numa folha (ou página) em branco.

Sempre gostei de escrever. Sempre mesmo.
Minha mãe tem textos meus de quando estava na segunda-série. Sim, já naquela época escrevia sobre a (minha) vida, os erros de português são frequentes, infelizmente o hábito de escrever veio antes do gosto pela leitura...mas é assim que a gente aprende!

Na escola, várias vezes deixava o professor de física falando sozinho sobre o Newton, enquanto divagava nas folhas do fichário. Adorava observar as pessoas na classe, escrever mal dos outros, colocar para fora os sentimentos do que tinha acontecido no recreio.

Os cadernos foram meus confidentes fiéis na época do vestibular.
Colégio, cursinho e inglês, quase me mataram. E eu tinha a companhia perfeita para desestressar...as folhas e a caneta. Entre uma conta e outra, lá ia eu escrever alguma coisa.

Quantas cartas não escrevi, estórias não inventei....pensamentos, sentimentos, postos para fora e sem dividir com ninguém.

Hoje o tempo é curto.
E o computador é o caderno de antes.
Falo das angústias do trabalho, da vida, do mundo.
Divido com o mundo e com ninguém...
Mas só de poder ainda ter um espaço na agenda para mim, já fico feliz.

Não penso em me tornar escritora.
Não tenho talento para isso e não quero que meu prazer se torne obrigação.
Escrevo porque gosto, me sinto bem e me faz feliz.
Escrevo quando tenho inspiração, vontade e tempo.

E que venham os próximos anos!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

De repente...

Não era a primeira vez que terminavam, mas dessa vez parecia ser definitivo.
Pela falta de motivos, de brigas e do sentimento que pairava nos dois lados- tristeza.
Não houve berros, desaforos, nem telefonemas ignorados.
Houve choro, lamentação e promessas de ficarem amigos.

No final de semana seguinte, cada um viajou com sua família, na tentativa de se distraírem.
Impossível.
Tantas vezes tinham ido juntos para aqueles lugares. A saudade apertava e por isso se telefonavam com frequência.

Num desses telefonemas, ele contou para ela que tinha assistido a um filme...
- É lindo, amor. Me deu a sensação de que pode acontecer com a gente, mas sei lá, tenho medo disso.
- Mas, como é?
- Ah! É um casal que vive se encontrando e desencontrando durante sete anos.
- E no fim, eles ficam juntos?
- Não quero contar, quero que você assista e tire suas conclusões.
- Ah, me conta amor.
- Tá...Sim, mas eles se relacionam com outras pessoas no meio. Não quero que isso aconteça.
- Amor, se for preciso te esperar por 7 anos, eu espero. Eu já encontrei o homem da minha vida e se nós estamos em fases diferentes, vou esperar. Talvez seja preciso que nós conheçamos outras pessoas, para que cada vez mais nós tenhamos a certeza de que nós fomos feitos um para o outro.
- Obrigado! É por isso que eu já tenho certeza...

Ela procurou o filme para alugar, mas nunca encontrou.

Depois de dois anos, pararam de se falar, mas vez ou outra se esbarravam na rua e nem "oi" se davam.
Não tinham brigado, mas ele tinha seguido o caminho dele. E ela cumpria a promessa.

Quatro anos depois do diálogo sobre o filme, ela alugou.
Para sua surpresa, a cada cena mostrada dos encontros do casal, se lembrava de alguém..lógico que pensou muito mais nele, afinal, ele que indicara. Mas de alguma forma, lembrou-se de todos os seus relacionamentos passados.

Entre sorrisos e lágrimas, desligou o DVD.

Há tempos não se esbarravam na rua.
Quando, de repente, esbarrou- literalmente- nele.
E aquela esperança já enfraquecida pela realidade, voltou com toda força.

Só mais três anos....

"Tied up in ancient history
I didn't believe in destiny
I look up you're standing next to me
(...)
I didn't have the strength to fight
Suddenly you seemed so right
Me and you "

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Filosofando no trânsito...

Não existe amor não correspondido.
O que existe é ilusão não alimentada!
Enxuga a lágrima e engata a primeira...
Andou, finalmente!

sábado, 4 de abril de 2009

Trilha sonora

Costumava ficar agachada de frente para a vitrola da casa da minha avó, olhando a contra capa do LP do Bambalão, todos de laranja. Lá também ouvia meu avô fazer um "tumquichiquitum" cantarolando todas as músicas.

Lembro das viagens no carro, brincando de "A palavra é...", todos tinham a vez de falar a palavra...e para eu acertar pelo menos uma, meu pai sempre falava "Andréia" e meus irmãos e minha mãe, compreensivos, deixavam eu cantar "Andréia, Andréia uma barbuleta velha". Nessas, decorei "Oceano" do Djavan.

Aos domingos, íamos com meus avós na Churrascaria, que tinha um pianista. Minha avó sempre dava uma corjetinha e aproveitava para pedir "As rosas não falam". Hoje, quando meu pai ouve, não consegue esconder as lágrimas.
Nessa mesma linha, minha outra avó, mineira, dizia que a música de São Paulo para ela era "Ronda", e quem chora quando ouve, sou eu.

Chegou a era CD. Ganhei o meu primeiro- Sandy e Júnior "Tô ligado em você". Meus irmãos entraram na adolescência. Meu irmão gostava de Gabriel o pensador, Eric Clapton, Caetano e para dar uma descontraída, Só Pra Contrariar. Minha irmã comprava os CDs As 7 melhores da Joven Pan, mas era fã mesmo do Lulu, passando um pouco por Elis Regina, Ivete Sangalo, Titãs, Rita Lee, Marisa Monte e Adriana Calcanhoto.

Durante a escola, meus irmãos e eu tínhamos dia para ir na frente no carro e quem ia na frente, escolhia as músicas. Minha mãe escolhia na ida e a gente na volta. Minha mãe, quando não deixava naquela conhecida "começou um novo dia, já volta quem ia", gostava de Milton Nascimento, Chico Buarque e Fábio Júnior, mesmo rindo dizendo que era brega.

Meu pai cantava Fagner no banho. Ainda que negue até o fim..."Publicamente" cantava Caetano, Gil, Tom Jobim, João Gilberto e Milton Nascimento. Como tocava violão constantemente, cantava muita coisa diferente, mas gostava mesmo de tocar Toquinho e Vinicius.

Assim, fui construindo meu gosto musical.
Lembro do dia que vi que o Cazuza tinha morrido. Eu tinha cinco anos e aquilo me marcou. Ouvimos as músicas dele o dia inteiro e mesmo sem entender direito, fiquei triste. Achei que era a última vez que poderia ouví-las. Nascia, assim, meu grande ídolo.

Na pré-adolescência, ainda que negasse, era fã de Sandy Junior, a ponto de chorar quando o show acabava. Tinha todos os CDs, e fiquei arrasada no dia 6 de outubro de 2007 ao ir no último show dos dois juntos. Me identificava com eles, afinal a idade é muito próxima, sentia que eram meus amigos. E verdade seja dita, as músicas faziam muito sentido para a minha vida.

Na adolescência, segui a linha da minha irmã. Me dividia entre as músicas para dançar e as para "pensar"- em alguém ou na situação. Chico Buarque, Cássia Eller, Lulu Santos e- dessa vez para ficar- Cazuza, também foram importantes nessa fase.

Entrei na faculdade e pagode era moda. Ia toda semana cantar bobagens, me divertia...mas nunca levei aquelas letras a sério. Também fui em muitas micaretas e me comovia com aquela multidão levantando os braços na mesma hora gritando "chi-cle-te", apesar de saber que as músicas não significavam nada. Ia pela alegria não pela poesia.

Durante os namoros da vida, sempre foram criadas trilhas sonoras...Simply Red, CPM22, Guns´n Roses, West Life, Charlie Brown, Seal, Cold Play, Detonautas, Skank...Sempre que ouvíamos juntos, ficávamos emocionados. E quando o namoro acabava era impossível controlar o choro ao ouvir. Não pela letra, mas pela história.

A vida adulta chegou.
Ouço de tudo, muito...Seja brega, infantil, melancólico, poético ou engraçado...

É verdade que tenho minhas preferências de estilo. Mas independente disso, se a letra ou a melodia significarem algo, como diria Tim Maia, vale tudo.

Sou apaixonada por música.
Quando ouço uma música, é como se passasse um filme na minha cabeça, um clipe que ainda não fizeram.

Elas me trazem lembranças, boas e ruins.
Me fazem pensar nas coisas que ainda não aconteceram.
E, principalmente, me libertam para assobiar a minha vida como bem entender.