quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O tempo passou...

Quando era pequena costumava dizer que dia 26 era o dia mais triste do ano...Tanto o do mês de junho quanto o de dezembro.

Em junho porque é um dia depois do meu aniversário, portanto, o dia que significava que faltava um ano para o próximo.
Em dezembro por ser o dia depois do natal, seguindo a mesma linha de raciocinio do aniversário...

O tempo passou.

Não tem mais apresentação de teatro com irmãos e primos.
Não tem mais papai noel.
Não tem mais "inimigo secreto".
Não tem mais surpresa.
E os piores dia do ano passaram a ser 24 e 25 de dezembro.

Restou só uma coisa estranha.
Meu coração pesava de tristeza.

Mas esse ano, estranhamente, as coisas mudaram.

Teve amigo secreto entre os primos, tios, irmãos, cunhados e mãe...Vieram parentes distantes que há tempos não via. Teve jantar com amigos, quase todos recém-casados e cheios de histórias para contar.
Teve a ceia, o Pai Nosso, passeio para ver luzinha. Café da manhã com avô, pai, irmãos, cunhados...Até pizza na casa da madrinha.

Ganhei presentes surpreendentemente especiais.

Está quase acabando dia 25.
Amanhã vou para o trabalho, vida normal.
Mas, o natal que começou mais ou menos dia 18, parece que não terá fim.
Por terem sido dias normais, cheios de momentos especiais.

O tempo passou.
E a forma de encarar as coisas mudou.

Espero que seja assim, para sempre!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Merchan...

Caiu a segunda parcela do décimo terceiro.
Comemoração.

Primeira parada- loja de cosméticos...um presentinho para a madrinha.
Depois, uma loja de camisa, agora para o padrinho.
Naquela loja de bijouteria, lembrancinhas para amiga, cunhada e prima.
Na loja de CD´s, um para o irmão e um DVD para o amigo secreto.
Uma roupa para a mãe, uma camiseta para o pai e uma sandália para a irmã.
Uma passadinha no cabeleireiro e depois, no banco.

Tristeza.

Olha as sacolas na mão...volta o sorriso.

O tão esperado décimo terceiro gasto em apenas uma hora.
Tudo bem...
A alegria de presentear as pessoas queridas, não tem preço!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Noite feliz

Ontem tive uma conversa boa, daquelas que só duas amigas podem ter, sobre tantos temas, sempre os mesmos, mas com reflexões completamente diferentes...

Nossa conversa foi tão boa, que quando sai de lá, resolvi ver as luzes de natal. Data que para mim, desde o dia em que o Papai Noel virou amigo secreto, passou a ser melancólica demais.

Mas, depois de uma conversa tão animada, o natal passou a ter outro brilho.
Um brilho que se refletiu nos meus olhos...

Aumentei o volume do rádio e fiquei passando pelas ruas iluminadas- luzinhas amarelas e coloridas que deixavam até os faróis mais alegres, parecendo fazer parte daquilo.

Meu coração bateu mais forte, mais alegre...me senti mais viva.

E é essa sensação que está aqui agora, que eu espero que fique para sempre.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Quando a hora chegar, volte

Hoje acordei sem lembrar, se vivi ou se sonhei
...
Você aqui nesse lugar, que eu ainda não deixei.
Vou ficar, mas
...
Quanto tempo, ainda, vou esperar?

domingo, 14 de dezembro de 2008

Só porque é domingo

Acordei 8:00 e liguei a televisão. Levantei peguei um Toddynho e voltei pra cama. Assisti aqueles seriados...

Só porque é domingo.

Não sabia se fazia sol, se estava nublado. Li (folheei) a Veja e a Vejinha..nada de útil. E já que estava deitada, tirei um cochilinho....

Só porque é domingo.

Tomei coragem, troquei de roupa. Preparei um miojo, cantando. E fiquei feliz- ele ficou ótimo! Almocei na cama...

Só porque é domingo.

Assisti um filminho bem água com açúcar, divertidíssimo. Dei risada do amor. E quando o filme acabou, decidi que era hora de dar uma volta...

Só porque é domingo.

Arrumei minha cama, ouvindo música. Fui naquela cafeteria de sempre.
A pé.

Só porque é domingo.

Decidi comprar shampoo naquela loja que tem junto com a locadora (ou seria o contrário??). No caminho, uma criança pediu o meu café "só para experimentar"...e aquilo partiu meu coração, então, eu dei...

Só porque é domingo.

Depois de comprar shampoo, começou a chover. E ao invés de correr, fui andando bem devagar, deixando a chuva cair.

Foi quando eu me dei conta.
Poderia estar acontecendo milhares de coisas diferentes na minha vida.
Mas, eu preferi que fosse assim...

Só porque é domingo
e
eu não tenho mais você perto de mim....

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar"
(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Finalmente!!

4 years later...

I can see clear now, the rain is gone
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me blind

It's gonna be a bright
Sunshine day.

I think I can make it now the pain is gone
All of the bad feelings have disappeared
Here is the rainbow I've been praying for

It's gonna be a bright
Sunshine day.

Look all around, there's nothing but blue skies
Look straight ahead, there´s nothing but blue skies

=)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Alguém tem que ceder...

Domingo é um dia chato. É o final do final de semana, é próximo da segunda...não tem nada na televisão...dia chato, mesmo.

O casal de namorados marca de se encontrar. Mas tem que ser ou antes ou depois do jogo, durante, nem pensar.
Ela não presta atenção, dá "zica", fica fazendo mil perguntas, tira a concentração e ainda por cima, torce contra.
Ele fica nervoso, fica monossilábico, fala palavrão e não dá a menor atenção para ela.

O problema é se o time perde.
Ele fica de mal humor, não dá a mínima pro que ela fala.
Ela não entende a razão da tristeza, afinal, foi o time e não ele que perdeu alguma coisa...

Neste caso, melhor se encontrarem antes do jogo.

Mas, ele vai ficar olhando no relógio, falando no telefone com os amigos combinando um local para ver jogo. A atenção a ela fica de novo, para depois.

Difícil resolver a questão sem que ninguém se machuque.

Parece que restam duas opções...Ou só se encontrarem aos sábados, ou eles passarem a entender o lado do outro. O que não é tarefa fácil.

Amar envolve abrir mão da sua própria vontade pela vontade do outro. Por amor à sua mãe, você deixa de viajar naquele final de semana para comemorar o dia das mães. Por amor ao seu pai, você deixa de ir naquela balada para cantar parabéns para ele. O retorno é ótimo. A alegria dos pais, por uma coisa simples.

Com a pessoa amada, parece que fica mais difícil abrir mão das coisas. Afinal é uma relação "entre iguais", os dois estão na mesma posição. A de amarem e serem amados. Portanto, como decidir quem ceder. Por outro lado, se é de fato amor, não deveria ser tão árduo assim abrir mão de alguma coisa.

Se você ama seu namorado, pode até não torcer pelo mesmo time que ele, mas assiste o jogo com ele, respeitando que naquela hora, ele está mais preocupado com o jogo do que com você. Envolve também, ficar triste quando o time dele perde...simplesmente porque é triste ver alguém que você gosta triste, seja pelo motivo que for.

Isso não é submissão, é amor. Na forma mais pura e bonita de ser.

Um dia eu chego lá....

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Foi só aquilo mesmo?

Aquela dança, aquela conversa, aquele abraço. E depois, aquele dia nublado, em pleno verão...Aquele silêncio, aquela despedida sem graça.

Foi só isso?

Começo, meio e fim express...

Conforme-se ou não, eis o amor da modernidade.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Manifesto estudantil

Folheando minhas agendas do passado, mais precisamente da época em que eu fazia agenda, me dei conta de como ia ao cinema na adolescência. Entre os 14 e os 17 anos só ia ao cinema nos finais de semana. Depois passei a frequentar teatros e shows, estes com mais frequência, é verdade...

Na época da escola podia pagar R$5,00 num ingresso e R$5,50 num lanche do MC Donald´s...hoje, só o lanche é R$11,50. E a meia-entrada passou a ser a inteira do passado.

Apesar de ter terminado a faculdade no final do ano passado, minha carteirinha vale até Dezembro de 2009 e como faço curso de especialização, me sinto no direito de usá-la, além de considerar um absurdo cobrar R$20,00 por um ingresso de cinema.

O Brasil já enfrenta muitas dificuldades com relação ao incentivo à educação e à cultura. E agora, para facilitar, o ingresso para estudantes tem cota. 40% de uma sala e nada mais.

O que eles vão ganhar com isso?
Nada...Aliás, vão perder.
Vão perder público, porque o jovem estudante é, sem sombra de dúvidas, o maior espectador de cinema e shows...E o teatro, infelizmente é inacessível, mesmo com a meia-entrada, e com certeza será o maior prejudicado.

A ganância só prejudica o homem.
Uma pena, porque nessa história, todo mundo sairá perdendo.

A única alternativa é que pessoas como eu, que usam do direito de estudantes por conta de uma circunstância, abdiquem disso para darem chance a quem realmente precisa...

Quem sabe assim o público não será tão prejudicado.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem...

Aniversário, dia das crianças e natal...essas, com certeza, são as datas mais aguardadas pelas crianças...

Cada uma a sua maneira, tem um sabor especial.

Mas há algo comum nessas datas...o presente!

Ganhar aquela bicicleta, boneca, patins, vídeo game, computador, máquina fotográfica, etc...tudo tão sonhado que quando recebe é literalmente a realização de um sonho.

Talvez esteja aí a magia do natal para as crianças.
Acho que para quem tem mais dificuldade financeira vê no Papai Noel a chance de ter aquela boneca e ser, por um dia, igual a qualquer outra criança.

Minha avó teve uma infância muito difícil. Certo ano, resolveu pedir para o Papai Noel um patins. Quando acordou, foi olhar na janela e se deparou com um par de sandálias...Nem ele, pode dar o patins.

No primeiro natal em que eu já tinha idade suficiente para pedir um presente, pedi um picolé de uva. Meus pais não entendiam. Falavam que era a data em que eu podia pedir qualquer coisa, afinal, tinha sido uma boa menina e lá em casa, presente era só nessas datas...mas eu queria um picolé de uva!

Vi o Papai Noel pela primeira vez. Tremia, de medo e de emoção...
Ele chegou pertinho de mim e me entregou um pacote imenso.
Era um carrinho de madeira. Quando abri, tinha uma caixa de picolé de uva.
Abri um sorriso.
Tomei o sorvete e dormi feliz.

Minha avó acompanhou tudo de perto. E viu que um sonho simples não deixa de ser um sonho.

Foi, sem dúvida, o presente mais especial que eu ganhei...e acho que o que o Papai Noel ficou mais orgulhoso em dar...ainda, que sem entender.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Superstição (100!!)

"Eu vivo esperando
E procurando
Um trevo no meu jardim
Quatro folhinhas, nascidas ao léo
Me levariam pertinho do céu
Vivo esperando
E procurando
Um trevo no meu jardim"

Sexta-feira saiu da guilhotina

Existem duas formas de encarar a vida...

Uma é achar que a sexta depois do feriado de quinta é outra segunda-feira na semana.

A outra, é achar que a semana já começa no melhor dia, a sexta-feira.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

São só garotos?

Quando será que deixou de ser o confidente fiel e passou a ser o inimigo número um?
Por que será que todo aquele amor se tornou ódio?

Que dia deixou de ser humano e passou a ser celestial?

Engraçado...quando fazia bem, era uma pessoa. Agora que faz esse mal, que machuca só de (não) olhar, parece mágico.

Quando será...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Para bom entendedor...

Quando abriu a caixa de e-mail não esperava ler aquele nome.
Mas o que será que era, depois de tanto tempo? Correntes ou piadas tinha certeza que não era, afinal o assunto era "Oi..."

Pensou em deletar sem ler...não queria mais mexer com isso.
Mas, a curiosidade foi mais forte...

Não ficou surpreso com o conteúdo....Pedidos de desculpas, dúvidas, lamentações, e até promessas. Mas, ainda?

Pensou em responder de forma grosseira, mas o que iria ganhar com isso? Nada...Então, pensou em falar as mesmas coisas, de forma mais delicada...Mas, será que conseguiria??
A verdade é que não aguentava mais aquilo e tinha medo que ela fosse (ainda mais) doente (do que parecia).

Chegou a escrever algumas palavras...mas deletou...Deletou tudo, inclusive o e-mail dela.
Afinal, já tinha deletado ela da vida dele, clicar em excluir era bem mais fácil.

Ela todos os dias abria a caixa de e-mail com o coração acelerado. Apertava F5 insistentemente...Aliás, insistência era uma característica forte sua.

Mas, por quê será que ele não responde?
Talvez porque não saiba a resposta...é, então isso quer dizer que ele ainda sente.

Pensou isso por anos...todos os dias, abrindo a caixa de e-mails....

Às vezes, o silêncio é a melhor resposta...desde que o receptor esteja disposto a entender.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Aquecimento mental

Tudo o que queria era tomar um banho e descansar...
Não tinha planejado aquela viagem, foi assim, passeando pela cidade, quando viu, já estava na estrada.

Estrada ótima. Até começar a chover.
Choveu muito e muito forte...ouvia o granizo batendo no teto do carro...
Nenhum posto próximo, nenhum sinal de vida...

Era só ela e a chuva.
Placas sinalizavam cidades próximas...todas desconhecidas.
Esperou pela placa do retorno.

Estranhou que quando olhava pelo retrovisor, o céu estava limpo.
Alívio...quando pegar o caminho de volta estará mais tranquilo.

O retorno apareceu...ufa!

Mas a nuvem parecia estar seguindo-a.
A chuva continuou com a mesma intensidade, até chegar na garagem do prédio.

Entrou no banho.
Foi quando se deu conta...a tempestade estava com ela, fosse onde fosse.

Sem previsão de sol.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Fechado a 3 chaves

"Quando amar significa sofrer é sinal de que está amando demais"...e tudo que é em excesso é ruim.

Às vezes passamos por coisas na vida e não entendemos muito bem o porquê...e pensamos "Por que comigo?" "O que eu fiz para merecer isso?"

Até que as coisas mudam naturalmente, e às vezes nem temos tempo de analisar com mais calma...
Mas, não tem jeito, quando um problema aparece e não é resolvido, ele se repete, como uma praga, até que a gente se dedique, como ele exige.

Três anos.
Lágrimas, raiva, lamentação, provocação, ignorância, inveja, ciúmes.
Silêncio, sumiço.
Reflexão, clareza...razão.

Foi preciso passar mais uma vez pelo problema para que ele aparecesse de verdade.
Foi preciso que ele perdesse a forma, caísse a máscara, para que pudesse ser identificado...e com certeza, ele pareceu muito mais doloroso.
Afinal, culpar o outro é tão mais fácil.

Não há como seguir em frente se não pegarmos um impulso...
Não há como pegar impulso sem ir para trás...
Não há como ir para trás sem sofrer.
Portanto, é preciso coragem e força, para ir para trás o tanto quanto for necessário para chegar mais adiante e ter como consequência, a felicidade.

Quanto tempo demora?

Um dia ou uma vida inteira...depende.
Depende da sua disposição para mexer em tanta coisa que estava ali, quieta.

Tem gavetas que se a gente pudesse, deixava-as trancadas para sempre, mas não dá.
Uma hora, mesmo que a gente não queira ou perceba, alguém encontra a chave.

Três anos para abrir uma gaveta....foi mesmo difícil encontrar a chave.

A expectativa era enorme.

Tinha certeza que ia finalmente encontrar aquele par de óculos perdido.

Achava que finalmente voltaria a enxergar.

Mas, quando abri, era ainda melhor...

Ela estava vazia...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Home office

Maria sempre pedia para a mãe para faltar na escola.
É tão legal faltar na escola...no dia seguinte todo mundo quer saber o que aconteceu, você se sente importante.

Agora que a gente cresceu ela acha chato mesmo ir para a escola.
Então, como sabe que se pedir para faltar vai ouvir um belo "NÃO", Maria finge que está doente. Chegou até colocar alho debaixo do braço (eca!), para esquentar...não sei da onde ela tirou isso, mas ela disse que funciona.

Eu não gosto de fazer essas coisas...apesar de também não gostar muito de ir na escola, me sinto culpada em fazer isso.

Mas a minha mãe é bem diferente da Maria.
Minha mãe tá com um problema no olho, tá vermelho e inchado (muito engraçado)...o médico disse que ela não pode ir trabalhar, porque pode passar para outras pessoas.
Ele deu um papel deixando ela faltar...mas ela não consegue.

Fica preocupada e trabalhando de casa.

E eu, só queria aproveitar o dia livre, para brincar com ela.
Mas ela disse que dia livre, é final de semana e férias...e não doença.
Acho que minha mãe precisava conversar com a Maria.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Sua história

(Acordei hoje com essa música na cabeça...ela me lembra uma época feliz da vida)

Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
Minha mãe se entregou a esse homem perdidamente

Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido, cada dia mais curto

Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré

Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor

Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus

(Chico Buarque)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Até que a morte os separe?

Ele era um dos caçulas de 20 filhos do casal formado por uma índia e um português, do interior de Minas Gerais, interior mesmo, a ponto da cidade inteira ter algum grau de parentesco com ele.

Ela era a caçula de dois filhos do casal formado por brasileiros mesmo, do interior de Minas Gerais. Perdeu a mãe aos seis anos, foi criada por tias e primas e cuidou de outras tantas crianças da família.

Ele fez seminário, não por querer ser padre, mas por ser a única instituição de ensino público da região.
Ela fez magistério, não por querer ser professora, mas por ser a única opção para mulher naquela época.

Ele brigou com um irmão e decidiu mudar dali. Foi para outra cidade do interior de Minas, onde teria mais oportunidades. Começou a trabalhar no banco, onde ela trabalhava.

Se conheceram.
Cinco anos de diferença.
Se apaixonaram.
Se casaram.

Ele foi promovido no banco, e com isso, teria que mudar para o Paraná.
Ela teve que deixar a família.
Foram.

Constituíram a própria família...iam para Minas ao menos uma vez por ano, fora isso, as notícias vinham por carta...páginas e páginas com as novidades, que levavam no mínimo 20 dias para sair de Minas e chegar no Paraná.

Ele foi promovido de novo, agora com os filhos pequenos, precisava ir para São Paulo.
Ela não queria ir, tinha medo. Mas pelo bem da família, foi.

Os filhos cresceram, estudaram, se formaram na faculdade, casaram e construíram suas próprias famílias.

Dividiram momentos.
Dançaram valsas, choraram perdas, conversaram.
Eram cúmplices.

Ele sofreu dois infartos, com dez anos de diferença entre cada um. Precisou operar o coração. Quatro pontes safena e trocou a válvula mitral...aguentou quatro meses depois da cirurgia.
Foi embora, na cama, ao lado dela.

Ela não aguentou a solidão.
Ouvia seus passos no apartamento, mesmo depois de ter mudado de casa.

Foi encontrar com ele, cinco anos depois.

E vivem felizes para sempre...juntos!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Final de semana

"Não confunda nunca sua carreira com sua vida"
(Luis Fernando Veríssimo)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Yes, they can!

Eleição recorde...em um país onde a democracia é praticada e por conta disso a liberdade de voto é respeitada, nunca houve tantos eleitores, empenhados na mudança.

Há tempos não se via um grande prêmio de fórmula 1 tão emocionante e disputado. Não tinha um favorito, mas sim dois...diferença mínima de pontos, tempo de experiência entre os pilotos quase igual.

O mundo se emocionou com Obama...símbolo de diversidade cultural, que sofreu preconceitos, e ao invés de fazer papel de vítima decidiu provar ao mundo, literalmente, que ele conseguia.

No ano passado, uma falha, um deslize (quase literal) colocou tudo a perder. Portanto, dessa vez, tinha obrigação, imposta por ele mesmo, de vencer. Decepção para alguns brasileiros...mas sua vitória mostra que a justiça tarda, mas não falha...sinal de esperança para Massa no ano que vem.

E eles conseguiram...
Obama é o número 1 do mundo...líder do país mais poderoso do mundo.
Hamilton é o número 1 da velocidade....líder do campeonato de corrida mais famoso do mundo.

Pois é...
Eles podem!

Que fique o exemplo, para que nós, um dia, possamos falar: Nós, também, podemos!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tentativa

- O que você quer agora? Que papelão...vergonha! Vingancinha, que coisa feia...ficou tentando provocar. E agora vem com papinho furado pra cima de mim?? O que é que você quer??

- Juro que não foi vingança, nem provocação...foi um momento de carência. Uma bobagem, um equívoco...Você sabe como eu sou...Só estou tentanto resolver, melhorar... Eu estou falando, juro que não foi por vingança, eu não faria iss...Espera aí..vingança do quê?

Silêncio.

- Nada, nada.

- Responde.

- Não tenta virar o jogo...o papelão foi seu. Aliás o interesse é seu, por mim esse papo nem tinha começado.

- Quer dizer que pra você tanto faz?

- Com certeza.

- Então, qual a razão da irritação?

- Ah não, já chega. Tchau!

Silêncio.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

SLOGAN FUNDIDO

ITAUNIBANCO
NEM PARECE QUE FOI FEITO PARA VOCÊ!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pedido

Quando será que jogaram o balde de água gelada para acordar e encarar uma realidade tão dura?

Ou será que é agora que está dormindo e tendo um pesadelo?...Se for isso, por favor, jogue já o balde de água fresca.

Agora, se não for um pesadelo, se for a realidade mesmo, por favor, cante depressa aquela canção, pedindo pro bicho papão sair de cima do telhado.

Desde já, obrigada!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

REW

FIM

Hoje.
Trabalho-casa .
Eventualmente um bar- só final de semana.
Cinema, teatro.
Jantar em família.

.
..
...

Ontem.
Trabalho-faculdade-casa.
Bar sempre- a partir de quinta.
Casa de amigos, baladas.
Viagens.

.
..
...

Anteontem.
Faculdade...casa dele.
Brigas.
Reconciliação...tentativas.

.
..
...

Antes.
Começo de tudo.
Parque, restaurante, bar...qualquer lugar.
Viagens.
Sonhos, planos.
Certezas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

VIVA O NOVO

(Em meio a correria e a frustração, um pouco de alegria e motivação...)

Imagine me and you, I do
I think about you day and night, it's only right
To think about the girl you love and hold her tight

So happy together
If I should call you up, invest a dime
And you say you belong to me and ease my mind
Imagine how the world could be, so very fine

So happy together
I can't see me lovin' nobody but you
For all my life

When you're with me, baby the skies'll be blue
For all my life
Me and you and you and me

No matter how they toss the dice, it has to be
The only one for me is you, and you for me
So happy together

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Males para o bem.

Era um dia como outro qualquer.
Jantavam com os olhos fixos para o jornal, 50 anos juntos, já não tinham mais assunto para o jantar.

Um barulho estranho.
O que será? Melhor ver...melhor não.

Antes de decidirem o que seria mais prudente, foram surpreendidos pelos bandidos. Dois, apenas. Com capuz e arma.

Venda nos olhos, no banheiro.
Um barulho conhecido...o motor do carro.
Um grito "Já podem sair".

Tiraram a venda e abriram a porta.
Levaram tudo.

Os carros, as televisões, os telefones, as louças, as jóias, os quadros...tudo.
Para os ladrões, dinheiro.
Para eles, lembranças...Toda uma vida construída juntos.

"Vão-se os anéis, ficam os dedos" ele disse, suavemente, em seus ouvidos.
Se abraçaram...e dormiram, assim, abraçados, como há muito tempo não faziam.
Afinal, o jornal estava chato mesmo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Lei da física

Se os opostos é que se atraem, por quê que quando a gente gosta de alguém, a gente fica mostrando nossos pontos em comum e evitando falar sobre as diferenças?

Talvez seja apenas mais uma lei somente da física.

domingo, 26 de outubro de 2008

Vontade de cumprir a obrigação

Querido diário,
Hoje fui votar. Foi o papai, a mamãe e a Claudinha. O Marcelo, não quis ir...acha bobagem.
Eu não. Eu acho legal...

É numa faculdade, né?! Faculdade parece a escola, só que é maior. Tem uns murais no corredor com um monte de coisa escrita e as carteiras são diferentes, tem um braço só.

Quando a gente chegou na sala que o papai vota, tinha um monte de gente com máquina fotográfica, camêra de vídeo...eram repórteres. Tinha até gente da Globo. É porque um dos candidatos vota lá, na mesma sala que ele.

Chegamos numa cabininha, sentei no colo do papai e ele disse: "Faz um "x" nesse aqui"...Depois a gente colocou numa urna, o papai assinou um livro e ganhou um papelzinho.
Muito legal.

Pena que eu só vou poder votar, quando tiver, pelo menos, 16 anos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O caminho de volta...

Desliga o computador.
Fecha a porta.
Entra no elevador.

Luz.
Multidão- de carros e pessoas.
Tem gente de todo o jeito- cantando, rindo, gritando, falando sozinha, no telefone. Estressada, tranquila, egoísta, gentil, preocupada.

Passos rápidos.
Muita gente: aflição.
Pressa.

Abre o portão.
Entra no elevador.
Abre a porta- tranca.

Escuridão.
Silêncio.
Solidão.

Pressa...para quê mesmo?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Lá de cima

Aquele era o lugar ideal.
Lá de cima, dava pra ver os carros passando, pequenas luzes vermelhas, mal dava para ver as pessoas.

As coisas ficam tão pequenas e insignificantes...

Tudo recortado, bem picadinho.
Cada pedaço do corpo, do rosto, do sorriso.
Cada momento, lembrança, sentimento.

Vento.

Foi tudo embora.

Cada pedaço, momento, rosto, lembrança, sorriso, sentimento.

Lá de cima, ficou insignificante.

Ideal.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O fim...

Difícil uma coisa que tenha começado ruim terminar bem.

O ex, acabou com a vida dele, e com a dela (literalmente).
A que ponto um amor doentio, a falta de amor próprio, o ciúmes, a carência...podem levar um ser humano. E estes sentimentos fazem parte da vida de qualquer pessoa, desde que o homem é homem. Mas tudo deveria ter limite.

E é essa falta de limites que mais assusta.

Ele não tinha limites para invadir a casa dela, para portar uma arma. A amiga da Eloá, que voltou ao cativeiro, não tinha limites para discernir o que era prudente ou não naquela situação. Agiu por amor a amiga, por lealdade....e isso um dia, com certeza, vai deixar o coração dela mais tranquilo- foi fiel até o fim.

O maior culpado de toda essa tragédia não é o ex, não é ela...é a diferença de valor do amor.
O que para ele era uma razão de viver, para ela era um caso, talvez o primeiro de muitos que acreditava poder ter. Sendo assim, nada mais lógico que o término do namoro, foi uma tragédia para ele e uma chance para ela.

Chance de conhecer outras pessoas, de curtir a adolescência, de descobrir outras formas de amor. Enfim...de viver a adolescência.

Enquanto ele via todos os seus planos- constituir uma família, ser feliz a vida inteira ao lado do amor da sua vida- se destruírem.

E então a falta de limite, de prudência, de esperança e o excesso de egoísmo fizeram com que as posições fossem trocadas.
Ele eliminou todas as chances dela...e teve seu último plano concretizado- ser reconhecido.

Uma pena ter optado pela pior forma de ser reconhecido. Saiu do anonimato direto para a prisão.
Enquanto ela deixou a chance de vida para outras pessoas...com seu coração, córneas, pâncreas....

Espero, apenas, que essa chance seja melhor aproveitada.

domingo, 19 de outubro de 2008

Hora de voltar

O dia seguinte tinha que ser diferente.

Tinha deixado para trás tudo o que não queria mais na vida...Os vícios, as desilusões amorosas, as amizades falsas...tudo!

E o dia era apropriado para isso...31 de dezembro.
Promessas, desejos, sonhos e principalmente, esperança.

Passada a meia-noite, o coração acelerou...era o começo. Pra todo mundo, é verdade, mas para ela, era diferente.

Depois de pular as ondas (nessa hora, ainda que sem fundamento, toda superstição é bem vinda), voltou pro apartamento.

Os amigos conversavam, bebiam, cantavam....
Ela não.
Ficou ali, parada na varanda olhando o mar.
Queria ver o sol nascer e com ele a certeza de que a esperança prevaleceria, com a promessa de uma vida nova.

Ele apareceu...um clarão no meio do mar.
Os olhos se encheram de lágrimas, a retina registrou tudo, como uma foto...útil para os momentos de angústia que surgissem.

Passou o dia todo lembrando daquele momento.
Mas, sentia uma angústia enorme....era hora de voltar.
Para casa, pro trabalho, para a vida.

Sabia que apesar de estar diferente, o mundo continuava igual.
Precisava de forças para encarar o que estava por vir.

Arrumando a mala, fechou os olhos e lembrou dele, o sol.
Fechou a mala.
Chegou 1 hora mais cedo na rodoviária.
Dormiu, ali mesmo, no banco, e sonhou...

Mesmo sendo a hora de voltar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Negociação de amor

Há quem acredite que ciúmes é uma prova de amor.

Pode ser...
O ciúmes pode significar valorização da pessoa amada, afinal, se tenho medo que outros olhem para o meu amor é sinal de que considero ele atraente.
E então, a pessoa amada, desde que tenha a consciência tranquila, sente-se valorizada.
OK.

Mas o ciúmes às vezes (???) é doentio....e ultrapassa todos os limites.
E o maior prejudicado é o ciumento.
Sente vergonha quando extrapola e grita na frente de todo mundo, quando percebe que tudo não passou da imaginação e insegurança excessivos.

Tenho certeza que quando ele pegou o revólver e foi até a casa dela não tinha idéia do que estava fazendo...e quando se deu conta, já era tarde demais.
Negociação com a polícia para quê?
O que ele quer, com certeza a polícia não pode proporcionar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Porque sim não é resposta!

Sabe-se quando alguém virou adulto quando passa a achar graça em questões que há pouco tempo ainda se fazia.

Mas, o mais intrigante é que algumas dessas questões, nunca respondida com certeza pelos adultos para as crianças, continuam sem respostas depois que cresce.

Com a diferença que quando se é criança, é bonitinho perguntar (até um certo tempo, depois vira chato), é natural. Quando se é adulto, a dúvida vira motivo de vergonha.

Você não sabe o que é impávido colosso, nem escrever reveillon?
Você não sabe por que o tempo passa, por que os dedos murcham no banho, e nem por que as unhas crescem?
Não vai me dizer que você também não sabe por que as pessoas morrem...

Absurdo!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Passa-se o ponto

Um belo dia acordou e sentiu que as coisas tinham que ser diferentes.
Daquele jeito não dava mais.

Seu ombro amigo sempre a disposição- fosse as 04:00 para um telefonema, fosse as 22:00 para um copo de cerveja. O conselho sempre na ponta da língua. Uma idéia, uma palavra, uma solução...a luz no fim do túnel.

Isso lhe fazia bem...sentia-se importante.

Até aquele dia.
Em que percebeu que por ser tão amiga, com tantas idéias e soluções, não tinha amigos...Afinal, alguém que ajuda tanta gente precisaria de ajuda?

Sim...precisa!

Sentiu um aperto no peito. Gritou por socorro.
Ouviu apenas o eco.
Sua única ajuda viria dela.

Decidiu se libertar disso.
Primeiro parou de atender os telefonemas...depois encerrou a conta no site de relacionamentos (onde contava com mais de 600 amigos) e por fim encerrou a conta no site de fotos....Fotos com os momentos "felizes", com as dedicatórias- nos aniversários, nas passagens de vestibular- com as viagens.

E assim, deixou o passado em seu devido lugar...no passado. Carregando dele, apenas o necessário...as lições que aprendeu.

Talvez tenham ficado com raiva.
Talvez tenham sentido um aperto e uma sensação de desamparo.
Ou talvez nem tenham percebido.

Qualquer que seja a verdadeira opção, a porta fechou.
Sem a menor intenção de abrir...
Afinal, já se escuta outras batidas.

domingo, 12 de outubro de 2008

Pelas curvas da estrada....

Amor de praia não sobe serra...

Afinal o que é isso? Esse tal de "amor"...

Esse negócio que faz você pensar na pessoa o dia todo, lembrar ao ouvir uma música, qualquer uma- alegre, triste, de amor, de raiva, de dor- ao ler uma noticia no jornal, ao ver um carro na rua...

Essa dor que faz sorrir, que lacrimeja os olhos, que inspira, que desespera....Esse transtorno, que faz o coração bater acelerado na ansiedade por um dia, que muito provavelmente não chegará nunca.

Que causa a incerteza, quase certa, de que o outro lado nem sabe, nem imagina e muito menos suspeita.

É...talvez, esteja aí mesmo a graça disso tudo.

Subir a serra, olhando para trás, na esperança de que os olhos se cruzem de novo, com a certeza de que isso nunca acontecerá.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Deixa eu brincar de ser feliz....

19 horas em São Paulo...trânsito caótico, frio de bater o queixo, mendigo deitado no chão, enrolado no cobertor.

Medo...de quem passa de moto, de quem pede dinheiro, de quem faz malabares, de quem passa correndo. De assalto, de morrer.

Quem sente?
O dono do carro popular a ser pago em 72 vezes, o dono do carro importado pago à vista, o dono da moto, o dono do cobertor.

Por instantes todos são iguais, com suas particularidades.

E no meio disso tudo, quem chama mais atenção é quem está com o vidro aberto, cantando, feliz.

Feliz...no meio disso tudo...como?

É...talvez seja uma forma de alienação.

De quem?
De quem tenta ser feliz no meio disso tudo ou de quem prefere observar quem é feliz?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Saudades...

De ler "Uma história por dia" que o ratinho deixava de baixo do travesseiro quando caia o dente, ou entender o negrito e o itálico da Turma da Mônica (e achar o máximo).

De acordar cedo para ir na feira e ser o melhor passeio da semana, de tomar café no Paes Mendonça, de raspar o prato para ganhar a sobremesa...Da bisnaguinha com requeijão e suco de uva da Escolinha.

De transformar o corredor em quadra de handball, de fazer da sala o palco do Show da Xuxa ou Bambalão, de ser dona de hotel, banco, escritório...Andar de pé de lata e me sentir nas alturas. Descontar a raiva no lango-lango, ter medo de pular no pogobol, brincar de corre-cotia, pega-pega e esconde-esconde e ficar nervosa por ser "café com leite". Andar de bicicleta na garagem e ouvir o Sr. Jozé reclamando.

De sonhar em ser aeromoça, médica, advogada, dentista e secretária, tendo certeza de que seria possível conciliar tudo isso. De ganhar uma estrela na mão por ter feito um desenho horroroso. De receber ajuda para a lição de casa. De pintar, fazer labirinto e palavras cruzadas no Almanacão.

De decorar as falas de Cinderela e A pequena sereia. De imitar a Sandy e ter a convicção de que sabia cantar ópera. De ensaiar as peças de natal, sempre com uma mensagem tão difícil de compreender na época.

Enfim...
Saudades de um tempo em que saudades era apenas uma palavra.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O encontro

Ouviu o despertador e saltou da cama. Olhou no relógio e o coração veio parar na boca.
08:15!! Estava mais do que atrasada. Olhou de novo, viu a data...ufa! era sábado. Mesmo assim, já estava na hora de levantar...muita coisa para fazer no dia de descanso.

Preparou o café cantando, feliz em poder acordar mais tarde. Tomou o café, leu o jornal, se arrumou e com seu I-pod no ouvido, celular, dinheiro, carta de motorista e garrafinha de água, foi correr.

Ao invés de ir ao parque, preferiu correr pela rua...

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Levantou para ir ao banheiro já eram quase seis horas. Voltou para a cama na tentativa inútil de voltar a dormir. Bobagem, já sabia que não ia conseguir...todo o dia a mesma coisa.

Decidiu levantar de vez. Calçou os chinelos, vestiu o penuar e foi até a cozinha. Preparou o café, e enquanto assava o pão no forno, virou a folhinha, leu a mensagem do dia. Lembrou que era dia de almoço com as crianças, e as crianças das crianças.

Abriu um sorriso...como era bom receber visitas tão especiais. Abriu os armários e já foi pensando no cardápio. Faltavam ainda algumas coisas para comprar. Comeu com calma, fez uma listinha de compras.

Se arrumou, pegou sua sacola de pano, a bolsa e foi em direção ao supermercado.

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Optou por um caminho com ladeira, para fortalecer a panturrilha. O farol abriu para os carros no fim da subida. Ótimo, uma pausa. Farol fechado, de volta a atividade.

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Na volta do supermercado, encontrou com o guarda da rua. Parou para comentar da festa que teve na casa vizinha. "Que festa bonita".

Ela passa correndo.
Elas se olham.
E pensam em simultâneo:

"Onde ela vai com tanta pressa? Ai a juventude, passa tão depressa e a gente ainda quer acelerar...para chegar aqui, onde estou, com tempo de sobra e disposição para nada"

"Ah! Como seria bom ter um tempo para gastar numa conversa...mas um dia eu chego lá."

E assim, cada uma seguiu seu caminho.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Enquanto o amor não vem.

Aos meus filhos,

Hoje eu andei pensando muito em vocês...Imaginei como cada um de vocês é e com quantos anos estão agora lendo isso.

No mínimo vocês vão me chamar de louca, como o tio João, se ler isto, com certeza vai falar.

Mas eu acho legal vocês saberem que eu já amava vocês muito antes de vocês pensarem em existir.

Não sei se eu já conheço o pai de vocês, mas acho dificil, porque atualmente estou solteira e sem muitas expectativas.

Aliás, será que no tempo de vocês ainda vai existir papel e caneta? Que engraçado isso, não ter a menor noção de como será a minha vida daqui um tempo....

Planos, eu tenho muitos.... E tenho lutado muito para colocá-los em prática, mas certeza de que isso vai acontecer, impossível.

Estou no segundo ano de faculdade, "tô" com 19 anos...Hoje vou ao cinema com o tio João e com a tia Tathy. A tia Ticá "tá" em Campos se apresentando no ballet.

Bom, meus queridos, só escrevi porque estava com vontade. Não riam muito da louca da mãe de vocês.

AMO MUITO TODOS VOCÊS!

Bjão,

Mamãe.

(11/09/2004)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Liquidação de Linguiça

2002, eleições para presidente.
Eu, com 17 anos, resolvi exercer meu papel de cidadã e tirei meu título para escolher meu representante. (ok, tirei com 17 porque disseram que assim corria menos risco de ser convocada para ser mesária).

Lula no segundo turno, com grande chance de ganhar.
Tinha medo.
Nunca entendi muito de política, e o pouco que sabia não era nenhum pouco favorável para o companheiro.
Não votei nele, por medo...

Medo de ter um presidente que não soubesse falar direito, que não tivesse nem o segundo grau completo.
Em algumas discussões entre amigos, leitores assíduos de jornal por conta do vestibular, eu falava que tinha medo do mau exemplo.

Como incentivar o filho a ir para a escola se o presidente estudou só até a sexta-série e virou presidente?

Lula foi eleito.
E descobri que apesar de não ter segundo grau, Lula é culto e é, na verdade, o real representante do Brasil.
Ele é o retrato falado do brasileiro... Que gosta de futebol, toma uma pinguinha, faz amizade com todo mundo e no impulso, mete os pés pelas mãos.

Não ajudo a população em nada. Muito menos acompanho projetos de lei... Por isso, não me sinto no direito de reclamar de governo nenhum...

Mas ontem, vi que a lei com as novas regras da língua portuguesa foi sancionada e fiquei muito preocupada...por vários motivos.

Pelo que vi, algumas coisas vão facilitar e muito a vida...na verdade, tornaram-se regras coisas já feitas no dia a dia. Ótimo.

Mas, tem certas coisas que existiam por uma razão importante, para auxiliar na compreensão.
É o caso de pára e para, pêlo e pelo...entre outras.
Se hoje em dia já é complicado contar com a interpretação de texto das pessoas, imagine precisar do entendimento do contexto para compreender a palavra?

Mas, o que mais me preocupa, e entristece, é que projetos como esse sejam aprovados antes de assuntos mais sérios.
A educação no Brasil é catastrófica e na minha opinião é a causa de muitos problemas da nossa sociedade.

Ao invés de corrigir o português, podíamos investir na educação propriamente dita.
Melhorar o ensino, proporcionar qualidade de vida aos professores, apoiar o curso técnico, incentivar aos maiores de idade a concluírem seus estudos.

Não tenho partido, muito menos defendo político qualquer...não tenho conhecimento suficiente para isso.

Só tenho opinião. E defendo-a, até que os manuais da nova língua estejam disponíveis.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Adivinha quem vai se molhar...

Se tem uma coisa chata de usar, porém necessária, essa coisa é o guarda-chuva.

Primeiro o tamanho.
Ou é pequeno demais, ou é grande demais. O médio, ideal, não existe.

Depois, e aí talvez entre um problema do usuário, o manuseio.
Segurar o guarda-chuva e atender o celular é humanamente impossível, para alguém sem uma coordenação motora suficiente.

Além disso, é um ótimo objeto para causar vergonha.
Abrir e fechá-lo em público, pode ser traumático.
Mas o pior é mesmo, é quando a chuva acaba e o usuário, desavisado, permanece com ele aberto.
Ou então, sai com ele na mão, por não caber na bolsa, vitima do aquecimento global, que fez cair o mundo pela manhã e a noite apresenta um lindo céu estrelado.

O usuário passa a ser olhado como se viesse de outro planeta. Como se aquele objeto nas mãos fosse estranho para todos, que exibiam os mais diferentes modelos, pela manhã.

Nessa hora, só resta contar com orgulho e auto-estima alta, afinal, em tempos de aquecimento global, quem se previne, é rei.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sonho de valsa

Some day, when I'm awfully low
When the world is cold
I will feel a glow just thinking of you
And the way you look tonight

You're lovely, with your smile so warm
And your cheeks so soft
There is nothing for me, but to love you
And the way you look tonight

With each word your tenderness grows
Tearing my fears apart
And that laugh that wrinkles your nose
Touches my foolish heart

Yes, you're lovely, never ever change
Keep that breathless charm
Won't you please arrange it?
'Cause I love you
Just the way you look tonight

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Hora feliz.

São Paulo, 1927. O Senhor Marcelino Cabral decidiu abrir um botequim, deixando sua casa nos fundos do terreno, já que no bairro tinha a quitanda, o armazém, a costureira e o alfaiate...só faltava o bar mesmo. Tudo muito bem decorado, a altura da localização. Deu o nome de "Empório Cabral".

Seu Marcelino foi envelhecendo, casou, teve filhos. Sua trajetória chegou ao fim, mas o botequim continuou, comandado agora pelo seu filho, Waldemar...que decidiu mudar só o nome do lugar, para adequá-lo a década de 70, mas o resto continuava igual...

Em 1986 chegou a vez de Waldemar passar o bastão do botequim. Seus filhos Hugo e Emiliana, passaram a tomar conta.

Nesse meio tempo, muita coisa mudou...
A quitanda e o armazém sumiram, apareceram super e hipermercados, modernos, com produtos importados e lights. Alfaiates e costureiras foram substituídos por lojas grandes e shoppings centers charmosos.
A simplicidade foi dominada pelo glamour.
Surgiram bares, onde o chopp, em máquina, custa R$5,00.

Mas o botequim do seu Marcelino- agora chamado de Botequim do Hugo- permaneceu, firme e forte. Com o mesmo balcão de madeira, cervejas em garrafa, cachaça no copinho e até engraxate passa por lá.

Hugo, o neto de seu Marcelino, tem um jeito meio bronco, resmungão, mas acaba sendo o pai da clientela.

É o único bar da atualidade em que o dono é caixa, garçom e ainda controla a bebedeira "essa é a última hein?!"...

Afinal, o Matheus, tem que dormir cedo e se preparar para daqui alguns anos tomar conta de tudo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Até o limite da honra

Dizem que pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Concordo.
E "Ensaio sobre a Cegueira" é uma prova, quase que literal, disso.

Uma das diferenças entre a infância e a vida adulta é a forma como se vive a doença.
Ninguém se preocupa com um adulto doente...muito pelo contrário, o doente torna-se um estorvo para a família e para a sociedade.

Não há nada pior do que a dependência.
E quando ela vem acompanhada do preconceito, tudo se torna pior.

Como receber ajuda de alguém que tem medo de ficar como você?
Como sobreviver num lugar onde todos sofrem do mesmo mal, dependendo um dos outros?

Parece que a vontade de tirar proveito faz parte do homem...que aparece, mesmo em situação precária, vivida em conjunto. Sempre há quem encontre um jeito para se aproveitar de alguém.

E então, orgulho, caráter, moral e ética passam a ser testados.

Quem vence?
Na ficção, é só ler o livro ou ver o filme.
Na vida real...ninguém.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pot-pourri

Ando por aí querendo te encontrar, em cada esquina paro em cada olhar, mas, você disse que não sabe se não, e nem tem certeza que sim.

Queria poder jurar que essa paixão não será apenas palavras, mas não sei...E assim vou levando a sério, enquanto você disfarça.

Porque, por você, eu largo tudo- carreira, dinheiro, canudo...pra mim é tudo ou nunca mais!

Na verdade, eu só preciso dizer que te amo, e assim, te ganhar ou perder, sem engano... Mas, acabo deixando ficar subentendido...

E que seja fraqueza ou exagero, a alegria que me dá, isso vai sempre dizer!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O poeta está vivo.

"Escrevo numa tarde cinzenta e fria.
Trabalho pra espantar a solidão e meus pensamentos.
Hoje assumi em público minha doença...Estou mais leve mais livre, mas ainda tenho muitos medos.
Medo de voar, de amar
Medo de morrer, de ser feliz
Medo de fazer análise e perder a inspiração....
Ganho dinheiro cantando minhas desgraças.
Comprar uma fazenda, fazer filhos? Talvez seja uma maneira de ficar pra sempre na Terra...
Porque discos arranhão e quebram!
Amor,
Cazuza"


Fique tranquilo...os discos podem ter arranhado, mas tem inúmeros CDs e músicas na Internet. E assim você ficará para sempre entre nós.

Obrigada!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Carta da jovem à antiga terapeuta.

Olá,

Não sei se você se lembra de mim...espero que sim. Afinal, nem faz tanto tempo assim...

Fui sua paciente de agosto de 2005 a agosto de 2006.
Não tive coragem de me despedir, parei de ir e só...fui faltando, faltando, até você perceber.
Sabe aquela história de elaborar luto? Então, você tinha toda razão...eu tenho uma dificuldade imensa com isso, mas um dia eu chego lá.

Queria te contar as novidades.

Me formei!! Que sensação maravilhosa, mas ao mesmo tempo angustiante, né?! Agora eu tenho toda a liberdade do mundo para fazer o que bem entender, desde que consiga pagar as contas e me dedique totalmente à atividade.

É...talvez não seja tão fácil assim.

Desde que parei de fazer terapia, em agosto de 2006, comecei a atender. Acho que comentei em alguma sessão que começaria a atender em psicodiagnóstico...Então, no ano passado, escolhi minhas áreas: infantil, TCC e escolar. O mais legal de tudo é que continuo no RH...culpa do sistema, lógico!

Como pensava em você nos meus atendimentos..nossa...várias vezes, enquanto atendia, lembrava das nossas sessões. Usei muita coisa que aprendi com você.
Engraçado né?! Eu ficava tão irritada quando você terminava a sessão com aquele olhar e uma pergunta cruel pra eu ir pensando...Quantas vezes te xinguei em pensamento, mesmo sabendo que seria bom para mim refletir a respeito. E depois, me vi fazendo a mesma coisa..instigando o paciente a chegar as próprias conclusões...às vezes estava ali, bem na frente dele...

Acho que esse tempo longe da terapia tem sido bom. Fico pensando muito nas coisas, é como se estivesse digerindo aos poucos, um ano de refeição.

Minha vida mudou muito de lá para cá.
Esse ano então, mudei radicalmente. Finalmente tenho pensado mais em mim. Não falo mais com aquelas pessoas e hoje consigo enxergar como perdi tempo....mas vejo que tinha que ter passado por tudo que passei para estar melhor hoje.

Mas, nem tudo são flores.
Continuo na luta, em busca da felicidade. Às vezes me revolto e chego à conclusão de que ela não existe. Às vezes retomo as esperanças...e assim vou vivendo.

Tenho sonhado muito nos últimos tempos, ou melhor, lembrado dos meus sonhos.
Lembra como era raro eu te contar algum sonho? Tudo era mais fácil naquela época..podia expor meus pensamentos...
Agora, talvez pela falta de espaço, guardo tudo para a sessão noturna.
E me contento com uma auto-análise fraca.

Bom, vou ficando por aqui. Só queria te agradecer por todo apoio que você me deu, por ter me ajudado com a sua experiência, não só em me sentir melhor, como ter certeza do que eu queria fazer como profissional. Queria também dizer que a minha saída da terapia não foi culpa sua, foi uma necessidade minha, e que sem dúvidas, ainda hoje, você me ajuda...

É isso.

Ficamos por hoje.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Infinito enquanto dure

É sempre assim...

Basta passar por um momento de dor sentimental, que todos ao redor começam a falar frases feitas, do tipo: vai passar, tudo tem seu tempo, se fora para ser, será...e por aí vai.

Difícil é acreditar nisso tudo, no pico da dor.

Explico.

Sabe, quando a lágrima sai do seu olho sem que você perceba? Basta tocar uma música de amor no rádio, ou passar um filme "água com açúcar" na tv (até porque, cinema nessa fase, nem pensar), para a insistente lágrima sair do seu olho e aquela dor no peito queimar outra vez...imagine, nessa hora, tentar se convencer de que passa. Impossível- aquela dor é tão eterna quanto o amor jurado. E daí vem a certeza, ela não passará!

O fato é que não há regra para o amor.
Afinal, ele surge quando bem entende, e faz o que quer na sua vida, sem ao menos pedir licença.
Ele acontece para todos, é verdade...mas de formas, infinitamente, diferentes.

Há quem jure que para esquecer um amor, basta encontrar um novo.
Coerente...
Porém, para encontrar um novo amor é preciso estar disposto a esquecer o antigo, certo?
E como esquecer um amor, para estar aberto a um novo amor, se o que você quer é ter um amor novo para esquecer um antigo?
Ciclo vicioso.

Então, vem a idéia de dar tempo ao tempo. Fácil né?! Você está lá, sofrendo, sentindo que o mundo desabou e vai dar "tempo ao tempo", se distraindo- trabalhando, estudando, cantando e dançando...Aí, dá uma entradinha no orkut, afinal, o trabalho é muito desgastante, ou então, escolhe aquele lugar que você sempre ia...com ele...e lá vem ela de novo, a dor!

A verdade é que quando estamos sofrendo, a gente quer mais é que o tempo passe depressa.
Pena que o relógio não nos dá ouvidos, nunca!

Pensando dessa forma, parece que realmente é o fim do mundo terminar um relacionamento.

Mas aí, o tempo passa...a dor vai diminuindo, afinal, a vida caminha, quer você queira, quer não.
E você percebe que a dor de amar pode ser uma escola, se você estiver disposto.
Daí vem o amadurecimento, o aprendizado, a mudança.

Muitas coisas passam a fazer sentido e você se torna uma pessoa diferente, olhando o mundo com outros olhos. Passa a dar valor para outras coisas além de sair de mãos dadas, com uma aliança no dedo, para esfregar na cara daquela magrela, que você também namora.

Você passa a valorizar a idéia de uma companhia, de uma boa conversa, não só o beijo e o abraço. E então você percebe que aquela pessoa que foi embora, realmente não tinha nada a ver com você, tinha naquele momento, mas hoje, não conseguiria acompanhar o seu ritmo, e provavelmente, nem você o dele...Afinal, você sabe que também houve mudanças do outro lado.

E então, já não dói mais saber que não deu certo.
E você consegue até rir de você mesma lendo aquele e-mail que mandou depois do término, chega até sentir vergonha...Mas, acaba lembrando que aquilo era importante naquele momento, e foi crucial para que você chegasse onde está hoje...

Afinal, tudo na vida passa...Deixa marcas, mas passa!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O amante do amor

Ele era um menino
Valente e caprino
Um pequeno infante
Sadio e grimpante
Anos tinha dez
E asas nos pés

Com chumbo e bodoque
Era plic e ploc
O olhar verde gaio
Parecia um raio
Para tangerina
Pião ou menina


Seu corpo moreno
Vivia correndo
Pulava no escuro
Não importa que muro
Saltava de anjo
Melhor que marmanjo


E dava o mergulho
Sem fazer barulho
Em bola de meia
Jogando de meia-direita ou de ponta
Passava da conta
De tanto driblar


Amava era amar
Amava Leonor
Menina de cor
Amava as criadas
Varrendo as escadas


Amava as gurias
Da rua, vadias
Amava suas primas
Com beijos e rimas
Amava suas tias
De peles macias


Amava as artistas
Das cine-revistas
Amava a mulher
A mais não poder


Por isso fazia
Seu grão de poesia
E achava bonita
A palavra escrita


Por isso sofria
De melancolia
Sonhando o poeta
Que quem sabe um dia
Poderia ser


(Vinicius de Moraes)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O grande dia

Não conseguia dormir, a preocupação e a ansiedade eram intensas demais para o sono.

Pensava se todos os detalhes estavam resolvidos e, assim, ia riscando sua check list mental.

Mas, as dúvidas é que perturbavam o sono...

Estaria fazendo a coisa certa, esse era, realmente, o momento de começar uma nova vida?

Aquela casa.

Nasceu e cresceu ali. Foi lá que deu seus primeiros passos, brincou, riu, brigou, chorou, ensaiou shows, teatros, sonhou. Levou seus amigos, namorados.... Conhecia cada cômodo e os hábitos de quem estava sempre com ela, sua família. E eles conheciam ela como ninguém. Sabiam o dia que ela estava feliz, quando tinha tido problemas no trabalho, quando ia encontrar alguém especial...tudo isso pelo abrir a porta, pelo jeito de andar.

E agora, o novo.

Estaria preparada para se adaptar, para conhecer, para começar?

O despertador tocou antes da resposta surgir.

Respirou fundo, lavou o rosto.

Antes de entrar no elevador, olhou para trás.

Guardou a imagem.

Permitiu que a lágrima caísse.

Sentiu o conforto que só aquele lugar transmitia.

Sabia que ia voltar, mas que tudo estaria diferente...

Abriu um sorriso e disse:
"Até a próxima".

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Deixa o menino brincar

No meio dos faróis de São Paulo tem uma árvore, uma corda, um pedaço de pau e dois meninos.

Devem ser irmãos...um é um pouquinho maior do que o outro.
O maior, espera o menor sentar na balança.
Com todo cuidado do mundo, começa a empurrar o irmão.
Eles começam a sorrir, um sorriso contagiante.

O sinal fecha, mas eles não param de brincar.
Roubam a cena, sem fazer malabares.
Apenas sendo felizes....a felicidade pura e inocente da infância.

Corajosos.
O mundo fez de tudo para roubar isso deles.
Mas, com uma balança improvisada, eles não deram o braço a torcer.

Então,
"Deixa o menino brincar, pois ninguém sabe o dia de amanhã- pode ser um dia lindo, um dia triste pode ser...Pode ser que ele seja alguém quando crescer, pode ser que ele não seja por querer e não poder."(Jorge Ben Jor)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A faxina.

Estava tudo tão sujo e fora de lugar que nem sabia por onde começar...Sempre que pensava em deixar as coisas em ordem, vinha alguma coisa mais importante.

Até que um dia, aquela bagunça e sujeira tornaram-se tão insuportáveis que decidiu fazer a faxina.

Colocou tudo abaixo e começou a separar, em pilhas, o que guardar e o que jogar fora.

Respirou fundo.

Pegou a pilha do jogar fora.

Primeiro, aquilo que mais incomodava, direto pra lata de lixo. Sem dó, nem piedade, sem pensar duas vezes. Rasgou em pedacinhos e pronto. Alivio!

Depois, pegou aquilo que incomodava, mas ao mesmo tempo fazia bem. Um prazer com culpa, com ódio. Ficou olhando fixamente. Dúvida. Como podia gostar tanto daquilo? Aquilo fazia mal, quase como um vício. Rasgou lentamente e colocou com cuidado no lixo.

Mas, o mais difícil ainda estava por vir.

O mal necessário, que antes de saber que era mal, só era necessário. Há quanto tempo guardava aquilo? Há tanto que já fazia parte.
Mas, ao lembrar de tudo, percebeu que era mal e talvez, nem tão necessário assim.
E sem rasgar, colocou no lixo, como se estivesse num funeral.

Sabia que sentiria falta, mas era hora de liberar o espaço.

Então, fez uma lista do que colocar no lugar do que jogou fora.

E antes de guardar os itens separados, precisava limpar as pratileiras imundas.

Depois de limpo, o lugar parecia novo.

No meio das coisas velhas em lugares novos, viu o espaço vazio do que tinha jogado fora.

Baqueou.

Olhou pra lista das coisas novas e para a lixeira.

Pensou em desistir.

Lembrou da poeira.

Colocou o lixo pra fora.

E foi...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Passar 2008 esperando 2003

O tempo não pára, muito menos volta atrás.

Cheguei na fase de querer recuperar o tempo perdido e não mais de avançar para ver como será o futuro.

O futuro não me interessa mais. Afinal, ele nunca chegará mesmo.

Queria voltar pro antes, bem antes...mas com a cabeça que tenho hoje.

Teria lido mais livros, teria prestado mais atenção na aula de história, teria me empenhado mais nos esportes, teria feito as lições do inglês e continuado a tocar piano e violão.

Deixei tudo para amanhã.

E o amanhã, nunca chega.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Trilha sonora

Uma cena que não sai da cabeça... Depois de ver que o sonho é possível, admirar o céu estrelado.

Mas, enquanto o sonho não vira a realidade, sigo cantando...

"E eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz."
Com a promessa de, em breve, mudar a trilha sonora da vida.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

27/08

7ª série. Aula de Ciências...
"Um cientista chamado Pavlov fez um experimento muito interessante com cachorros. Ele todos os dias tocava um sininho e mostrava um pedaço de carne para o cachorro, que salivava ao ver a carne. Depois de um tempo, ele só tocava o sininho e o cachorro já salivava"

Entre nerds preocupados em entender a teoria disso, vagais pensando "e??", semi-nerds pensando "vai cair na prova?", uma gordinha, nem nerd, nem semi-nerd, muito menos vagal, pensava "Nossa! Que legal...como será que o cara teve essa idéia?"

A gordinha era tímida, mas foi conversar com o professor a respeito. E ficou sabendo que daí tinha surgido uma "linha" da psicologia chamada Behaviorismo.

Por coincidência, ou não, seu pai era psicólogo, e atuava nessa linha (Freud explica??). Foi conversar com ele a respeito. Na época, não atuava mais com isso, estava voltado para marketing e responsabilidade social, mas, com certeza, deu uma base um pouco melhor do que o professor de ciências.

2ºcolegial, hora de tomar a decisão...com 16 anos saber (ou achar que sabe) como será o resto da vida. De cara veio a idéia de fazer psicologia, por conta daquela aula de ciências em que encontrou o Pavlov. Mas, queria procurar outras coisas...Pensou em algo que envolvesse inclusão de deficientes na sociedade...fisio, t.o...mas bastou assistir uma sessão de cada, para desistir de vez e assumir: psicologia era o caminho.

3ºcolegial...momento de recuperar o tempo perdido. Nem nerd, nem semi-nerd, nem vagal, mediana. E a média agora não ajudava em nada.

Colégio, cursinho, aula de inglês.

Vestibular, tensão, cobrança. Um pouco de descredibilidade da família...

"Presta aquela lá, que dizem que não é tão boa, mas quem faz a faculdade é o aluno".

ENEM, Fuvest, tontura, pressão.

UNIP, São Marcos...Nãooo, só em último caso (Freud explica, de novo??)- o pai fez São Marcos e não escondeu a alegria de fazer a matricula lá.

PUC...Ah! A PUC! Tão sonhada, desde o começo.

Mackenzie? Ah, só por desencargo de consciência. Aqueles tijolos bregas, "Casa do pão de queijo" dentro da faculdade, nem pensar...

Janeiro, PUC não deu.
DESESPERO.
Mackenzie.
PASSOU!

Aqueles tijolos lindos, a "Casa de Pão de Queijo" tão gostosa entre as aulas.
Um monte de mulher que confundia aula de psicologia com terapia em grupo.
Freud, Freud, Freud, Skinner (ufa!), Melaine Klein, Winnicott, Freud, Freud, Jung (ufa?), Beck (uhuuuu).

Anatomia, Estatística, Filosofia, Neuro, Leitura e Interpretação do Texto Cientifico---pra quê?

Livros, xerox, resumos...

Avaliação psicológica, Psicodiagnóstico, TGI, Clinica, Escola, Licenciatura.

Diploma, festa.

Trabalho, especialização, sonhos, planos....

Nunca terá fim??

Nunca....

UFA!!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Depois daquela viagem.

Sexta-feira, 18 horas na terra da garoa...Trânsito insuportável? Óbvio: 1 hora e quarenta minutos para sair do Itaim-bibi até a rodoviária do Tietê. Para tranquilizar, minha mãe, com toda sua calma falava "Fica tranquila, vai dar tudo certo".

Estou acostumada a viajar de ônibus...quando vou sozinha, acho bem melhor do que ir de carro. Mas estou habituada a ir para cidades relativamente próximas de São Paulo, portanto, 5 minutos de antecedência são suficientes para comprar a passagem, sentar na janela e sem ninguém do lado.

Não que nunca tenha viajado para lugares mais distantes...durante a adolescência, ia todas as férias para Maringá (PR), 9 horas de viagem...e achava o máximo. Mas a última vez que fiz isso, foi em 2003....E 5 anos é tempo suficiente para perder um hábito.

Chegando no guichê a primeira surpresa...sabia que tinha ônibus de 15 em 15 minutos para Ribeirão Preto, só não sabia que era tão disputado assim....o próximo era só às 20:45.

Sim, fiquei 1 hora e 5 minutos na rodoviária lotada de gente.

Dei uma volta por lá...assisti a um show ao vivo, de cantores latinos. Liguei para minha mãe falando que ela estava certa, fiz umas palavras cruzadas e quando vi, já estava na hora.

Chegando na plataforma, fila. Entreguei minha mala para colocar no bagageiro e aí, mais uma surpresa: "Mini ou rodoviária central?". Putz, como eu vou saber? Optei pela central e ainda falei "É em Ribeirão mesmo, né?!" (tonta).

O ônibus lotado, mas muito confortável, com lugar para colocar o pé e tudo mais. Cadeira devidamente enclinada, fone no ouvido. Antes de dar a partida, o motorista passou pelo corredor, conferindo os lugares preenchidos. Apagam-se as luzes, começa a aventura.

Como meu MP3 estava sem bateria, fui ouvindo rádio. Até Campinas, quando as rádios começaram a falhar. Decidi tentar dormir. A menina do meu lado, estava toda a vontade, devia estar acostumadissima a fazer o trajeto. Tinha bom gosto para música, fiquei ouvindo de intrometida seu MP3...até Cazuza rolou.

Tirei um cochilo.

Fui acordada por um grito abafado "20 minutos". Era a parada.

Nossa! Há quanto tempo não ouvia aqueles recados da parada...aquela música da lanchonete ao fundo. Nunca desci. Tinha medo de entrar no ônibus errado, ou perder a hora. Dessa vez, por pura preguiça.

Com uma pontualidade de deixar a Dona Elizabeth morrendo de inveja, 20 minutos depois, lá estávamos nós. Confere- tá todo mundo aí, partida, estrada. O sono bateu forte.

Acordei com um certo movimento no ônibus. Luzes e apitos de celulares, pessoas ligando falando "estou perto". Fiz o mesmo. Avisei meu pai, que estava chegando, para ele ir até a rodoviária central (contando que ele iria perguntar para alguém do hotel onde era).

Finalmente entendi o que era a tal mini...é a mini-rodoviária. A maioria desceu ali. Pouco tempo depois, cheguei na central.

01:20. Podre de cansada. Meu pai estava lá (ufa!).
Entramos no carro. "E agora?", pergunta daqui, pergunta de lá. Cada um ensinava um caminho diferente para a mesma rua. Depois de mil voltas no quarteirão (em 15 minutos), chegamos.

E assim foi o começo de uma nova fase....

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Saudades do bicho papão.

Não sei se por culpa do sistema ou da malandragem que rege o homem desde que Eva é Eva, cada vez mais a população mundial desconfia das coisas.

Outro dia, falei aqui sobre o ataque terrorista que recebi pelo telefone, na qual fui vitima de um golpe, tocada pelo impulso consumista...Dias depois, minha mãe me avisa pelo msn "Filha, antes de vir pra cá (trabalho) recebi uma encomenda do seu sequestrador lá em casa. Um rapaz simpático, entregou uma caixinha linda da TIM e pediu pra eu assinar a nota fiscal, com o seu nome"...Pois é...na verdade fui vitima do terrorismo solto na imprensa e nos casos que a gente ouve por aí.

Semana passada vindo trabalhar, andava alegre e contente ouvindo música no meu celular, super atrapalhada com o meu guarda-chuva. De repente fui parada por um moço...bem vestido, com uma credencial da BAND na mão. Já tinha visto ele parando outras pessoas na rua e pensei "deve estar perdido". De fato, estava...muito perdido por sinal. Primeiro me perguntou como faria para ir até a Av. Paulista...eu dei as coordenadas de como fazer de ônibus.

Para resumir, o moço queria ir da Faria Lima até o aeroporto de Guarulhos, A PÉ. Sendo que ele disse que estava num show na UNICAMP e deixaram ele sozinho. Me propôs uma permuta...eu emprestava meu telefone para ele ligar pra TAM e pedir que eles mandassem um táxi para ele poder ir ao aerporto e ele me dava 4 ingressos para um show no Memorial da América Latina no dia 04/09. A desconfiança, prevaleceu...e indo contra meus principios, menti...mesmo ouvindo música pelo celular, disse que não tinha celular....

Fiquei o dia todo pensando se era verdade ou não...mas, desde pequena tenho a orientação para não falar com estranhos.

Num lapso de memória, hoje de manhã vendo as reportagens no UOL, achei bizarro um monte de homem vestido com proteção, tipo aquelas roupas para mexer com abelha, para abrir uma carta...coisas da época do Anthrax. Comecei a rir e pensei "ai esses Americanos neuróticos".

Agora, refleti melhor...todos nós estamos ficando neuróticos. Temos medo de uma ligação, de uma pessoa pedindo informação, do aquecimento global, de motoqueiros, de tremores na Terra, de andar na 25 de Março...e agora, até de abrir uma carta.

E ainda temos coragem de rir das crianças com medo do bicho papão.

Por isso, quando os meus filhos me perguntarem se o bicho papão existe, vou fazer questão de dizer que sim. Quem sabe dessa forma eles fiquem mais corajosos do que eu.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Fases da vida

Hoje, abro espaço para um poeta. Infelizmente não tenho certeza se é dele ou não, Internet tem dessas coisas*, também não sei o titulo da obra. Mas o que vale é a mensagem, escrita por um gênio, conhecido ou não. Acho que nunca vi uma descrição tão perfeita de cada fase da vida.

*Internet tem dessas coisas...dar nome de gente importante em coisa de gente desconhecida para fazer sucesso. Mas também, tem pessoas com cultura que dividem os conhecimentos com a gente. Agradeço a Mara, pela contribuição ao post e por comprovar que a obra é do grande Drummond!

Aí vai...

"Mesmo antes de nascer, já tinha alguém torcendo por você...

Tinha gente que torcia para você ser menino.
Outros torciam para você ser menina.

Torciam para você puxar a beleza da mãe, o bom humor do pai.
Estavam torcendo para você nascer perfeito.


Daí continuaram torcendo.

Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela primeira palavra , pelo primeiro passo.
O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida.

E de tanto torcerem por você, você aprendeu a torcer.

Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel.
Torcia o nariz para o quiabo e a escarola.
Mas torcia por hambúrguer e refrigerante.

Começou a torcer até para um time.

Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de você.

Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes, estudar inglês e piano.
Eles só estavam torcendo para você ser uma pessoa bacana.
Seus amigos torciam para você usar brinco, cabular aula, falar palavrão.
Eles também estavam torcendo para você ser bacana.

Nessas horas, você só torcia para não ter nascido.

E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.
Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.

E quando os hormônios começaram a torcer, torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.
Depois começou a torcer pela sua liberdade.
Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua.
Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.


Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos professores e para qualquer opinião dos seus pais.
Todo mundo queria era torcer o seu pescoço.

Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro.

Torceu para ser médico, músico, advogado.
Na dúvida, torceu para ser físico nuclear ou jogador de futebol.
Seus pais torciam para passar logo essa fase.
No dia do vestibular, uma grande torcida se formou.

Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.

Na faculdade, então, era torcida pra todo lado.
Para a direita, esquerda, contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.

E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para ela.

Primeiro, torceu para ela não ter outro.
Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito magro.

Descobriu que ela torcia igual a você.

E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho.

Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de lua-de-mel.

E daí pra frente você entendeu que a vida é uma grande torcida.

Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.

Mesmo com toda essa torcida, pode ser que você ainda não tenha conquistado algumas coisas.
Mas muita gente ainda torce por você! "
(Carlos Drummond de Andrade)

"Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa), mas a poesia (inexplicável) da vida."
(Trecho do poema: "Lembrete")

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

É um pouquinho do Brasil

277 brasileiros estão defendendo o país em Pequim. Talvez a maioria seja desconhecida e de repente, tornam-se famosos, com recepção no aeroporto e tudo mais. E essa fama súbita, talvez seja a maior prova de que eles estão cumprindo o seu papel da maneria certa.

Estão mostrando para o mundo, e para nós mesmos, um pouco desse Brasil. Que canta o hino emocionado pelo primeiro ouro em Pequim e na história da natação, tem raça e luta até o fim, além de ter um remelexo próprio, dar um show, ainda que não leve medalha por isso.

E sabe do que mais? Não importa em qual colocação mundial estamos, não importam as quedas, os erros, as derrotas...Chegou a hora dessa gente, bronzeada ou não, mostrar seu valor. Pois só o fato de terem vencido tantas barreiras para chegarem lá, já merecem o nosso aplauso!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

De 2 semanas para 2 anos.

No final de junho de 2006 recebi um comunicado da minha mãe: aproveite bem as suas férias agora. Você vai demorar muito para tirar um mês inteiro de férias de novo e sua vida vai mudar muito a partir de agosto. Apesar do nome dela não ser Diná, acertou na mosca.

Na primeira quinta-feira de agosto, uma colega (que já tinha sido amiga) da faculdade comentou comigo sobre uma vaga temporária na empresa que ela trabalhava. Temporaríssima, por sinal...2 semanas, para ajudar num projeto (120 vagas) de um banco.

Quarto ano de faculdade, ia começar a atender na clínica (para psicodiagnóstico), com experiências alternativas- visitas a hospitais psiquiátricos, FEBEM, UBS, Escola Estadual...- que foram essenciais pro meu crescimento pessoal e fundamental para ter a certeza da minha escolha profissional. Nada como ver "a vida como ela é", para sentir vontade de arregaçar as mangas e batalhar, da forma que puder, por um mundo melhor.

Mas o bolso pedia socorro. Gasolina, xerox, livros, cursos, saídas, tudo caro demais. E desde o começo eu sabia que dinheiro e psicologia só se encontravam no RH.

2 semanas já ajudaria. Então, vamos lá.

A tal colega morava perto da minha casa. Combinamos de nos encontrar no meio do caminho. No percursso (o trabalho era bem perto de casa, por isso, fomos a pé), ela foi me explicando as atividades. Nada muito complexo, resumia-se a falar no telefone.

A entrevista durou pouco mais de cinco minutos, afinal, era uma vaga de estágio temporário...mas não deram a resposta na hora. Ficaram de ligar depois.

Desencanei. Pensei que queriam alguém mais experiente, para realmente ajudar no processo. Esqueci do assunto.

No dia seguinte, umas 18hs, a tal colega me liga: "Ana, você não vai acreditar, a Paulão (também da nossa sala) vai sair daqui, e querem te contratar pro lugar dela. Um estágio mesmo, sem ser 2 semanas".

Desacreditei.

Com minha calça social, camisa e sapato de salto, fui na segunda-feira, 14/08, para o meu primeiro dia de trabalho, no meu primeiro emprego.

Aprendi muito, fiz amizades, me tornei uma profissional.

2 anos depois, aqui estou eu. Com novas responsabilidades, mais conhecida na empresa...com direito a férias, décimo terceiro e vale-refeição.

Realizada? Em partes.

Afinal, é só o começo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Já não era sem tempo

Tirei um tempo para mim.
Comecei a ler aquele livro que estava para começar...há tempos
Me livrei daquelas roupas que estavam me incomodando...há tempos
Arrumei meu quarto que estava uma bagunça...há tempos
Fui visitar parentes que não via...há tempos
Dormi sem hora para acordar, o que não fazia...há tempos

Há tempos?
Oh...Se há.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O replay é necessário

Dizem que o esporte é a melhor maneira de integrar as pessoas, tranquilizar e sentir-se útil. Além de deixar o corpo em forma.

Já tentei muitas modalidades- natação, handebol, atletismo- e não obtive sucesso com nenhuma. Talvez por isso, goste tanto de esportes. Adoro torcer, me informar mais sobre os "desconhecidos", e de 02 em 02 anos, durante 1 mês viro fanática por esportes- do futebol ao tiro ao alvo.

Dá uma sensação boa, esquecemos dos problemas por algumas horas, mudamos dos assuntos de sempre. Nos interessamos sobre coisas que a gente nem sabia que existia. Fazemos promessas de assistir mais vezes os campeonatos mundiais de judô, de apoiar os esportes aos carentes.

Há quem critique, que chame de hipócrita aqueles que ficam babando com uma cerimônia de abertura tão bonita, cheia de cores e de história. Ficam falando da miséria, da exploração, das guerras etc e tal.

Tá certo, o mundo está um caos. Mas eu pergunto: é melhor ficar sofrendo sempre e para sempre, em nome da ética e moral social, ou podemos nos permitir ter um pouco de diversão em meio de tanta tragédia?

Eu vejo a China hoje com outros olhos, como um exemplo de superação. Que errou, mas sempre, na tentativa de acertar.

Me chamem de hipócrita o quanto quiserem, mas até dia 24 de agosto, vou torcer até o fim...

Pelo Brasil e pelo mundo, ainda que vendo o replay.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Última que morre, primeira que mata

7 meses depois...

Passou.

As noites sem dormir, o medo de assistir um romance, a inveja dos casais no dia dos namorados. Até a vontade de encontrar com ele na rua (talvez por saber que isso seria impossível).

Mas, as pulgas atrás da orelha permaneceram.

Teria recebido a carta? E se recebeu, chegou a ler até o final? Será que riu, chorou, levou em consideração?

Pensava...

"Não seja tonta, se tivesse lido e levado em consideração teria dado um sinal de vida.
Talvez não, pode estar com medo de assumir, de largar tudo...quem sabe quando voltar, no tempo programado....
Chega! Esquece isso de uma vez por todas. O bar já fechou, os restaurantes não cabem no bolso, os amigos são outros. Não tem mais fotos, cartas, scraps, e-mails, presentes. Acabou, entendeu? A-C-A-B-O-U!"

..como o anjo e o diabo na cabeça.

Só era dificil distinguir quem era quem, e para quem dar ouvidos.

Mas tinha certeza de uma coisa...o predomínio era da santa maldita esperança.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Só o tempo dirá.

No aeroporto sentia aquela ansiedade misturada com medo. Sempre teve medo de avião, mas isso não impedia nem diminuia o prazer de viajar. Depois do chamado, o abraço nos pais- era a primeira vez que ia sem eles.

Sentou-se na poltrona e tentou deixá-la o mais confortável possível. Tinha revistas para se distrair antes que a televisão fosse ligada. Olhou em volta, nenhum rosto conhecido. Folheava as revistas na tentativa inútil de se distrair. Só um pensamento na cabeça: tenho que prestar atenção na orientação da comissária.

Todos a bordo. É agora.

Colocou a mão do lado esquerdo do peito, para ver se estava tudo em ordem com o coração. Sentiu uma coisa estranha. O que era? Que horas isso teria ido parar lá?

Foi ver o que era.

Um envelope amarelado e amassado, muito amassado. Rasgou-o e deixou a comissária falando sozinha- atenção passageiros...saída de emergência...máscaras....

"Meu amor,

Se você está lendo esta carta, é sinal de que eu estou muito triste.

Hoje você me falou da hipótese dessa viagem, e apesar de saber que é uma grande oportunidade para você, meu coração egoísta não queria que você fosse. E talvez por isso mesmo, você tenha ido.

Simples, se você está aí hoje, sentado nesse avião, sem a minha presença do seu lado, é sinal de que esse amor egoísta te sufucou. Sinal, também, de que todos os obstáculos que eu criei, foram, sim, motivos para que você cansasse. Talvez esteja ficando boa em advinhações. E vou te contar como foi e como vai ser.

Você se cansou, me deixou e foi viver sua vida. Precisava de um tempo só para você, não é verdade?

Pois então, conheceu ela. Nossa! E como ela é parecida com você, os mesmos gostos (vocês vão sempre comer japonês), seus pais adoram toda a família dela. Ela é viajada, tem carros importados também...

Vocês estão juntos agora, não sei se ela está aí do seu lado, ou se vai mais tarde, ou talvez já esteja lá. Vocês estão dando um grande passo, viver juntos, num país distante, não é tarefa fácil. Mas vai dar tudo certo, e vocês serão muito felizes. Muitos lugares para conhecer, muitas pessoas novas...

Mas talvez, você sinta saudades. Saudades de correr descalço na grama, de fazer piada boba, de comer quibe assado com arroz, de assistir tv no domingo. De poder falar qualquer besteira, sem ser reprimido. Saudades da sua casa, do seu bairro, dos seus amigos. Saudades de ser você mesmo.

E se isso acontecer, você vai voltar. Vai passar por aquele bar, por aquelas ruas, ver aqueles restaurantes...as memórias desse tempo vão voltar, e a saudade vai apertar mais ainda.

Esse momento, meu amor, vai ser decisivo na sua vida. Vai ser a hora que você vai escolher qual o rumo que você quer para a sua vida. Nisso, infelizmente, não posso opinar.

Só me restará esperar...e eu prometo. Vou esperar o tempo que for."

De repente, o medo do avião passou. A riqueza de detalhes de uma carta escrita antes da metade das coisas acontecerem, assustou mais do que o episódio de 11/09. Muitas dúvidas passavam pela sua cabeça e decidiu acabar com aquela angústia.

Rasgou a carta muito rápido, não queria pensar naquilo. E preferiu que as coisas acontecessem de forma natural. E nas 14 horas seguintes, se perguntou "basta rasgar para esquecer?"

quarta-feira, 30 de julho de 2008

E feliz vou esperando...

A espera é dificil.
Mas eu espero sonhando.

Por o quê?

Se eu soubesse, já teria alcançado.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A arte da vida real.

Ontem tive um dia como há muito tempo não tinha. Passei o domingo todo deitada e assisti vários filmes. Alguns repetidos, outros pela primeira vez e o melhor...gostei de todos. Mas dois deles foram mais marcantes, talvez por ter me identificado com eles.

O primeiro- "Minha vida sem mim"- me fez chorar...as idéias refletidas pela personagem principal, que por sinal tinha quase a minha idade e o meu nome, foram como um aviso para mim...Pare de planejar, viva. Amanhã pode ser tarde demais...clichê? Sim. Mas é a mais pura realidade. Chega de ficar esperando fazer sol para voltar a correr, chega de ficar esperando juntar R$1.000.000,00 para viajar, chega! Hoje é o dia de arregaçar as mangas e conquistar as coisas.

E o segundo, que também seguiu essa linha só que bem menos trágico e com um final feliz, foi a conclusão de que realmente listas e superstições não levam a nada. Mas que quando a gente encontra a pessoa certa, a gente tem certeza de que ela é a certa, isso fica muito claro.

O amor dá seus sinais, dentro e fora da gente. Como diria Djavan, o amor atrai. E atrai mesmo. Basta apenas nos respeitarmos e entender que o amor vem, sem pedir licença.

Para encerrar um final de semana cheio de reflexões, ouvi do Breno Silveira (diretor de "Era uma vez" um dos filmes da minha lista para assistir) a seguinte frase do Pablo Picasso:

"A arte é uma grande mentira, que ensina uma grande verdade".

E o meu domingo, foi a maior prova disso.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Vou estar TIMganando....

Numa tarde turbulenta de trabalho, toca o celular...

- Senhora Ana?

- (senhora é sua vovó)Sim.

- Meu nome é Florisbeta Maria da TIM, posso estar falando um minutinho com a senhora?

- (lá vem)Pode.

- Então, estou te ligando para estar te oferecendo o nosso mais novo serviço de acesso a Internet. A senhora acessa muito a Internet?

- Sim.

- E a senhora possui serviço de banda larga?

- Sim.

- Qual?

- (ai minha filha, menos perguntas, mais assertividade)Vírtua, eu acho...aquele da Net.

- Ah sim. A senhora teria interesse em ter um serviço de banda larga móvel?

- (até que seria útil)Sim.

- Então senhora, para a senhora que utiliza muito a Internet nós temos o plano ilimitado. Por apenas 18 parcelas de R$105,00.

- (pirou, né?!)Ah não, obrigada. Não tem um plano menor?

-Tem o de acesso limitado. 1 giga por mês por apenas 12 parcelas de R$46,51. A senhora gostaria?

- Sim.

- Posso estar confirmando seus dados?

- Sim- nome completo (e olha eu tenho nome duplo e quatro sobrenomes), cpf, rg, nome da mãe, data de vencimento da fatura, endereço.

- Tem alguma padaria perto da sua casa, ou farmácia, como ponto de referência para o nosso motoboy?

- (que tipo de pergunta é essa?)Não.

- Um minuto por favor....Senhora Ana?

- Sim

- Obrigada por aguardar, só mais um minuto, para eu estar processando o pedido no sistema....Obrigada por aguardar senhora Ana. O modem vai estar chegando na sua casa em até 10 dias corridos.

- Certo.

- Senhora Ana, estamos com um probleminha no sistema, vou estar te ligando amanhã para passar o protocolo.

- (ufa!)Ok.

Minutos depois, me lembrei que moro em São Paulo, onde ladrões passam trote da cadeia. Entrei em desespero. Liguei na TIM.

- Ricardo Augusto TIM boa noite, com quem eu falo?

- Ana Christina

- Senhora Ana, qual o número do telefone com DDD.

- xx.xxxx-xxxx.

- Em que posso ajudar senhora Ana?

- (nervosissima) Seguinte, me ligaram hoje a tarde me oferecendo acesso a internet móvel, pediram meus dados, ficaram de me passar o protocolo e até agora nada.

- Certo.

- Queria saber se isso é normal.

- Aguarda (sic)um minuto por favor.

- Obrigada por aguardar senhora Ana. Olha não consta no sistema nenhum contato da TIM para a senhora hoje. Mas pode ter sido falha no sistema.

- (mais nervosa) E como eu faço para saber?

- Não tenho como ajudar senhora Ana, isso é na área de vendas.

- (ultra nervosa)Então, você pode me passar para a área de vendas?

- Não senhora, infelizmente não tenho canal direto com eles.

- (quase chorando)Bom, mas você sabe me dizer se esse serviço é vendido pelo telefone?

- Sim, tem venda por telefone.

- (quase menos nervosa)E a entrega é por motoboy ou sedex?

- Motoboy.

- (semi- tranquila)Tá certo, obrigada.

- Senhora Ana, só mais um minutinho. Vou estar te passando o número do protocolo.

- Ok.

- Por gentileza anote: 2008..... A senhora vai estar recebendo um torpedo TIM com o mesmo.

Você recebeu?
Nem eu.

Nos próximos dez dias, vou estar morrendo de medo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Ponto final.

(hoje, mais uma vez, Cazuza foi brilhante no meu caminho para o trabalho...)

Pra que mentir, fingir que perdoou e tentar ficar amigos sem rancor?
É, a emoção acabou mesmo.
E a nossa, tão animada, trilha sonora, silenciou.

Que fique o abraço de aniversário como símbolo do ponto final, tão essencial para demarcar a nova fase.

Boa sorte a nós, a todos nós!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Vilão herói.

Não gosto muito de super-heróis. Acho as histórias meio sem graça e não gosto de coisas impossíveis- homem morcego, aranha, ou que entra numa cabine telefônica e sai voando...

Mesmo assim, assisti Homem Aranha 1 e 2 e tentei assistir Batman Begins (dormi no cinema). Até achei interessante mostrar o lado humano dos super-heróis, porém nem isso me fez ficar encantada pelo mundo dos super-heróis.

Quando soube do triste ocorrido com o Heath Ledger, nem pensei duas vezes...queria muito assistir Batman. Por causa do Coringa e não do homem-morcego. E sei que muita gente pensou a mesma coisa.

De fato, o show é dele. Um vilão divertidissimo pela sua ironia. Assustador, é verdade, mas prende o espectador na tela. Uma risada contagiante, uma inteligência peculiar. Nada de super poderes.

O que mais assusta nessa história toda é que o Coringa, o grande vilão, pode ser qualquer um. Ele é comum, no sentido de utilizar artificios humanos para lutar. Pode ser comparado tranquilamente com um Hitler da vida, que queria liderar o mundo, custasse o que fosse.

Apesar de toda a maldade envolvida, Coringa dá um tapa na cara do espectador. Ele diz verdades sobre as pessoas. Aquelas verdades que a gente prefere esquecer, mas ele faz questão de nos lembrar- do tipo: todo mundo tem seu lado mal, muita gente só pensa em dinheiro e não mede esforços para conseguir, etc...

Não posso dizer que o Heath Ledger é o melhor Coringa de todos os tempos, pois nunca vi a atuação do Jack Nicholson. Mas que este vilão é bom, isso não me restam dúvidas. E que o galã de "10 coisas que eu odeio em você", o mesmo cowboy de "O segredo de Brokeback Mountain", está sensacional no papel, isso está.

Fiquei feliz com toda reflexão que o filme me proporcionou e por saber que o Heath Ledger encerrou sua carreira com chave de ouro.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Canção para Paz!

Engraçado. Outro dia comentei sobre morte aqui, e disse que não imaginava como seria possivel comemorar uma morte. Ontem, eu tive uma sensação assim, não de alegria, mas de conforto pela morte de uma pessoa querida.

Tio Carlos era uma pessoa encantadora. Desde pequena sempre ouvi dizer "se tem alguém bom no mundo, é o Carlos". Ele era assim, sereno, tranqüilo (seu sobrenome era Paz), engraçado.

É fato que convivi mais na infância, mas me lembro dele com muito carinho.

Lembro até hoje do dia do casamento de uma das filhas dele, em que eu fui dama de honra, e estava no carro com eles (o pai e a noiva). Ela nervosissima, como toda noiva. Ele só dizia pro motorista "vamos dar mais uma volta no quarteirão". Sábio tio Carlos.

Há 10 anos, exatos, ele sofreu um AVC. E sua vida nunca mais foi a mesma. Várias vezes ouvia as pessoas da família dizendo "Nossa, ele não merecia ficar assim". Mas, mesmo debilitado por conta da doença, tio Carlos não mudou seu jeito sereno. Aguentou firme muitas coisas, que só ele sabia como era dificil.

Meus primos, filhos dele, foram um exemplo. De união, mas principalmente, de amor.
Fizeram de tudo para que o tio Carlos aproveitasse cada segundo. Quantos passeios, viagens e festas ele participou nesse tempo. Não ficou fora de nada. Graças ao empenho exemplar da família.

Ontem tio Carlos descansou, depois de muito sofrimento. Um sofrimento que a olhos humanos, ele realmente não merecia. Por isso, a primeira sensação é de alívio, ele finalmente está descansando.

Na hora da despedida, alguns amigos cantores, fizeram uma linda homenagem. E no meio da emoção pude imaginar o tio Carlos sorrindo, gostando das canções.

Foi assim, tio Carlos deu mais uma lição, mesmo depois da partida.
Devemos plantar o bem, esquecer as mágoas do passado e lembrar que a família é quem nos dá o verdadeiro amor. Amor que eu vi e senti ontem.

E vou guardar isso para sempre.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Quadrilha detalhada.

Os amigos do prédio- uma turma unida, juntos desde a infância.
A primeira bicicleta, o skate, os jogos de futebol, as divergências de time. Tudo vivenciado junto, no calor da infância.
As escolas eram diferentes, outros amigos apareceram. Mas os do prédio, sempre tiveram seu espaço especial. Eram os melhores, os para toda vida.

E sabe, até que essa coisa de outros amigos era bom. Acabou aumentando um pouco grupo. Na adolescência isso é tão importante...muitos amigos para sair. Tava indo tudo muito bem, obrigada. Até aparecerem elas.

Através de uma amiga em comum- do colégio dele e do prédio dela- eles se conheceram. E começou uma história de amor, confudido com amizade. Os "amigos do prédio", acompanharam tudo de perto, sem ao menos conhecê-la.

O tempo passou, o romance virou amizade. Entraram na faculdade- na mesma (não mesmo curso, nem ano)- e um dos amigos do prédio também.
Pronto! Depois de 04 anos, ouvindo falar dela, finalmente a conheceram.
E assim, ela entrou para o grupo. Com direito a saídas e tudo.

Já não eram mais só os meninos do prédio. Tinham os amigos da escola, algumas namoradas, as amigas das namoradas, e ela- ex, amiga, colega, caroneira.

Um desses "amigos do colégio" (eram 02), era meio viciado em internet, talvez pela timidez, só conseguia conversar com as meninas pelo msn.
Um belo dia, criou coragem e marcou um cinema, mas para não ir sozinho (isso já era demais), chamou um amigo, da turma do prédio, e ela uma amiga.
Todos ficaram felizes (o casal combinado da internet e o casal "por acaso"). Mas, depois de um tempo, só o "por acaso" foi para frente.

Nesse meio tempo, a "ex" se apaixonou por um dos "amigos do colégio" (não o da Internet).
Namoraram.
O "ex" não gostou.
A turma se dividiu.

Uma viagem de uma semana com a parte que restou do grupo.
Tempo suficiente para aparecerem as divergências. Brigas.
Mais uma quebra- os dois blocos se dividiram em três.

A "ex" e o "amigo do colégio", terminaram.
Ela correu para a turma do prédio.
Ele se afastou e preferiu os amigos da faculdade, e descobriu que "life is amazing" mesmo sem amigos de infância.
Ela insistia em dizer que teve o melhor carnaval da vida. Seu passatempo predileto passou a ser falar mal dele para os amigos em comum, achava que ganhava pontos com isso.
Ele esqueceu dela, engatou em outro namoro e saiu do país.
Ela ficava esperando o dia que ele ia ligar arrependido ( do quê mesmo?).

Nessas, virou a conselheira da turma. Principalmente do casal "por acaso", que terminavam e voltavam numa rapidez absurda.

Ela se cansou.
Começou a trabalhar, terminou a faculdade, acordou pra vida. Desistiu da turma, do namorado que já tinha desistido dela há tempos. Só conversou com o "ex", a amizade prevaleceu (a única que ela manteve). E foi viver.

Cada um tomou seu rumo.
Cresceram, trabalham, fizeram planos de casar e serem felizes.

E foram... Para sempre!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Só mais cinco minutinhos...

Não tem jeito. Certas coisas são simplesmente muito chatas de fazer. E assim, tudo fica muito mais interessante...um e-mail, uma noticia no Uol, um blog nada a ver, uma conversa com uma pessoa "x" no msn, além do bom e velho cafezinho.

De repente o tempo passa, você perdeu a manhã toda e tem que fazer aquela coisa, de uma vez por todas.

A tal coisa pode ser tudo...desde acordar, tomar banho, escolher a roupa, sair pra trabalhar...até um relatório incrivelmente chato, longo e burocrático. Ossos do oficio? Talvez.

Sei que tudo tem o seu lado chato, o problema é quando o lado bom fica de fora. Uma falha nossa? Talvez.

Quantas incertezas!

Só tenho certeza de uma coisa. Não estudei 05 anos para escolher alguém a dedo para um cargo de uma empresa. Estudei 05 anos para integrar alguém. Na familia, na escola, no trabalho e na própria vida.

Já está chegando a hora de encarar a minha escolha.

Dificil?
Sem dúvida! Mas se fosse fácil, preferia rasgar o diploma.

terça-feira, 8 de julho de 2008

08 anos???

Já ouvi dizer que não se comemora aniversário de morte, afinal, uma data triste não deve ser comemorada. Concordo. Aliás, nem imagino como seria a comemoração. Talvez, algumas pessoas considerem missas como comemorações. Pode ser...mas daí, não vejo mal. Encaro como uma forma de representar a lembrança pela pessoa.

Eu não fiz missa para a minha avó. Nem para ninguém que morreu. Fui na missa de sétimo dia do meu avô e da minha avó Alice, mas da minha avó Tereza não....nem em São Paulo eu estava. Precisava de um tempo para colocar as idéias em ordem. Para "elaborar o luto"...

Um mês em Maringá, na época minha cidade predileta, pelo lugar e pelas pessoas. Sentia-me num mundo paralelo, que era exatamente o que eu precisava na época. Um lugar paralelo, onde morte não existia. Mas, um mês não foi suficiente. Além de lembrar dela o tempo todo, 01 mês não apagam 15 anos. E o que apaga?

Nada!

Lembro dela todos os dias...dos seus "parpites", do seu perfume, do seu frango ensopado, do único quiabo gostoso do mundo. Lembro na hora em que vou enxugar os pés- mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo e mata piolhooo, na hora de amarrar o tênis, na hora de fazer uma coisa chata ("faz logo filhota, pra ficar livre e aproveitar o resto de vez"). E de tantas outras coisas que ela me ensinou.

Fico pensando no tanto que ela ainda tinha para me ensinar. Queria muito ter dividido com ela a minha entrada na faculdade, a minha carta, o meu carro, o meu trabalho, a minha formatura. Queria continuar ligando para ela todos os dias e pedir pra ela desligar primeiro. Queria continuar acreditando que ela nunca ia morrer.

E como dói essa saudade. Dói até a vontade de matar as saudades e não poder. Ver um vídeo, uma foto, ler uma carta...tudo emociona. Queria poder abraçar ela de novo, deitar no colo dela, ou ficar vendo tv no quarto enquanto ela lavava louça, mas sabendo que ela tava ali.

A morte da minha avó representou muita coisa para mim. Foi um aprendizado torturante.
Me ensinou que não adianta temer, a morte é inevitável e nós não temos controle sobre ela. E que nós podemos fazer de tudo para esquecer, mas uma pessoa especial é inesquecível, e é ótimo que seja assim.

Me prometi não amar mais ninguém (além daqueles que já amava na época) para não sofrer tanto de novo. Impossível. Meu coração nunca deu ouvidos a minha cabeça e hoje eu agradeço por isso.

Se não tivesse amado tanto, e se não amasse tanto, hoje não seria metade do que eu sou.

Vó: Mesmo quando eu estou sozinha eu sei que você tá perto de mim, quando triste eu olho pro céu. Um beijo e um abraço (com tapinha nas costas).