segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

365 dias

O que acontece em um ano?

Dá tempo de uma pessoa engravidar e nascer uma criança.
Dá também para alguém se promovido, receber uma premiação e ver a luz apagar.
Acontecem casamentos, separações, mortes.
Ilusões, promessas, decepções, surpresas.

Segue o jogo, o show continua.
No final, tudo se ajeita e a gente se arruma...
Pra pular 7 ondas, pra ver o Especial da Globo, pra nada.

Apenas para alimentar a esperança que o próximo ciclo será melhor.

E há de ser.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A caminho do passado

Estou de férias e por conta da alta do dólar, do Euro e tudo mais, fiquei por São Paulo.
Aproveitei para por a vida em dia. Médico, dentista, academia, drenagem, dedetização, reforma da casa... E no meio disso, sobra tempo para um passeio na livraria.

Sempre gostei do clima de livraria. Uma infinidade de novas possibilidades. O cheiro dos livros...tenho medo que isso tudo acabe um dia. Mas isso é tema para outro post.

Nunca gostei de livros de auto-ajuda. Adoro receitas, não sei cozinhar, então as receitas com medidas e tempo de preparo de cada passo, me ajudam.
Outro dia uma amiga postou um vídeo falando sobre os palpites que as pessoas dão e a volatilidade deles. Hoje consideramos que cross fit é a receita para se manter em forma, amanhã descobrimos que pode causar infarto e ninguém mais quer saber dele.

Livros de auto-ajuda são como receitas, mas de coisas que não tem como serem receitadas. O número de livros expostos (grande parte da seção de Psicologia, para meu desespero) é absurdo. Finanças e relacionamentos são os de maior destaque e provavelmente os mais vendidos.

Por que será que preferem comprar um livro a buscar ajuda de um especialista? Quem é esse autor que pode te dar a receita milagrosa para enfrentar a solidão?
Eu prefiro me basear em experiências, em conhecimento técnico, em comprovações. Na faculdade sempre "discuti" com os professores que nunca atuaram nas suas áreas...porque eu acredito que a teoria é muito distante da prática e cabe a nós fazemos com que elas caminhem juntas. Para isso, ajustes se fazem necessários.

Amo biografias, justamente por isso. São histórias reais, de pessoas conhecidas ou não, que tenham algo parecido comigo ou não, mas que sempre me ensinam algo sobre alguma coisa. Mas até as biografias me assustaram hoje.
Uma menina de 22 anos que tem um canal no Youtube que dá dicas da vida- malhação, namoro, etc...Um surfista campeão mundial com 20 e poucos também já tem seu livro lá. Em destaque, 5 prateleiras acima das mais de 300 páginas de Tancredo Neves.

Tenho medo de estar parando no tempo. De estar apegada a um passado que ainda se faz presente.
E no meio dessa angústia toda, pego o livro da Elis Regina e corro para o caixa.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A vida na janela, tela

Gosto de janelas. Sempre gostei.

Do escritório, vejo que tem vida lá fora... Carros, pessoas correndo, outras andando devagar.
Sol, chuva, por do sol, lua.
Os outros prédios, pessoas trabalhando- o que fazem lá?

De casa, acompanho a vida de pessoas que não conheço.
A mãe com o filho no colo, a festa no salão.
Os bares, que sempre tem um aniversário. O entregador de pizza.
As inúmeras pessoas com seus cachorros.
De onde vem? Pra onde vão?

Facebook, Instagram... Pessoas que nem sabem que eu existo e eu aqui..
Torcendo pela cura do cancêr, que o bebê nasça com saúde.

Cuido da vida dos outros, pra tornar a minha mais feliz.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Consulta

Doutor, estou precisando de ajuda. Estou com sintomas estranhos, não sei bem o que é.

Sinto um peso nos ombros, uma dor na mandíbula e uma ardência nos olhos.
Minha boca está seca e meus lábios rachando.
Sinto vontade de chorar. Quando acordo, quero dormir, quando vou dormir, minha cabeça não deixa.

Não, por favor, não! Não fale "stress" ou "virose". Seja criativo, seja real.
É isso que espero de você, Doutor.
Que você valorize aquele diploma que tá ali pendurado, aqueles livros enfeitando sua prateleira.

É isso...meu mal se chama expectativa.

domingo, 5 de julho de 2015

Quando eu conheci o homem da minha vida eu relutei a aceitar que era ele.
Eu estava numa vida toda errada, tudo que eu mais queria era alguém era alguém era ter alguém como ele...mas eu custei a aceitar isso.

Quando me casei, no dia seguinte, chorei feito criança.
Meu sonho estava realizado, mas eu não sabia se estava pronta para viver esse sonho. Tinha medo do que viria pela frente.

E hoje, choro. Choro pelo que não vivi antes de nossas vidas terem se encontrado.
Quantos momentos importantes de pessoas que hoje são parte fundamentais de nossas vidas eu não pedi...

Eu soube que era ele no momento em que senti saudades no segundo seguinte que ele saiu da minha casa.

Tenho medo ainda...da responsabilidade que assumi. Da família que passei a chamar de minha. Dos amigos que passei a amar como os meus de infância.

Ninguém me ensinou a amar. Ninguém me contou que seria assim.

Hoje, só carrego a certeza de que não quero perder mais nada.
Quero ter todos perto de mim...e  assim serei feliz pra sempre.
Como hoje, como ontem- no dia do azeite trufado e no dia que nasceram os gêmeos.

Que Deus me permita.

Amém,

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Piloto semi-automático

Acorda, olha o celular, toma café, olha o celular, toma banho, olha o celular, maquia, passa o perfume, coloca o caminho no Waze, sai correndo.
São 07:30 da manhã, como alguém pode estar atrasado 07:30 da manhã? Anda farol, anda farol. Andou, ufa.
Dá bom dia pro manobrista, sobe elevador, bom dia copeira. Liga computador, pega café, água...anda computador, anda computador. Andou, ufa.
Lê e-mail, responde, procura candidato, liga pra candidato. Entrevista, entrevista, entrevista.
São 11:00 da manhã, como alguém pode estar com fome? Quilo! Quilo! Quilo!

Reunião rápida, não programada. Não é rápida...é intensa, tensa, difícil.
Nem sempre a palavra certa vem. Perdão, torcida, força...deixa o coração falar.

As ideias estão confusas.
Volta, concentra. O amanhã a Deus pertence.
Lê e-mail, responde, procura candidato, liga pra candidato. Entrevista, entrevista, entrevista.
Chega. Desliga o computador.

Pensa, reflete.
Dorme.
Amanhã é outro dia.

Acorda, olha o celular, toma café, olha o celular, toma banho, olha o celular, maquia, passa o perfume, coloca o caminho no Waze, sai correndo.
São 07:30 da manhã, como alguém pode estar atrasado 07:30 da manhã? Anda farol, anda farol. Andou, ufa.
Dá bom dia pro manobrista, sobe elevador, bom dia copeira. Liga computador, pega café, água...anda computador, anda computador. Andou, ufa.
Lê e-mail, responde, procura candidato, liga pra candidato. Entrevista, entrevista, entrevista.
São 11:00 da manhã, como alguém pode estar com fome? Quilo! Quilo! Quilo!

Olha o celular. Uma notícia boa, comemora. Pera aí. Foi seguida de uma ruim.
Para! Respira, lê de novo, processa a informação. Sente o que sente quem mandou, dói.
Respira fundo, olha para os lados. Quer gritar, quer socar a mesa, é preciso extravasar.
Não pode.

Os e-mails estão embaralhados, a agenda está lotada até às 20:30.
Volta, concentra. É preciso ter força, raça e gana sempre.
Lê e-mail, responde, procura candidato, liga pra candidato. Entrevista, entrevista, entrevista.
Chega. Desliga o computador.
A vida lá fora tem algo urgente pra ser conversado, a mão será mais útil nos ombros do que nos teclados.

Fala, escuta, pensa, reflete.
Dorme.
Amanhã é outro dia.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

É o que tem pra hoje

Um dia eu tive a doce ilusão que ajudaria alguém a mudar de vida com as minhas palavras.
Pensei tanto nisso que esqueci de aprender as palavras certas.
Me perdi no caminho.

E assim acaba mais um dia.
Um dia que não mudei a vida de ninguém...
O dia que percebi que não faz diferença.

Apago a luz.
Estou sozinha.
É isso e fim.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

De papel

Corremos.
E no caminho passamos por pessoas.

Paramos.
Numa sombra pra tomar uma água. E lá se começa uma conversa.

Decidimos ficar por ali. A conversa é boa.
E aqueles olhos tem ouvidos também. E conselhos, bons conselhos.

Precisamos correr de novo.
Mas a voz dos olhos nos pedem pra ficar.

E a gente fica.
Até o dia que os ouvidos dos olhos da voz escutam alguém chamar.
E vão.

Porque a gente vale a pena só enquanto cobre a lacuna de outra voz.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A parte que te cabe

Quem tudo quer, nada tem.

Ganância, soberba.

Egoísmo.

Mas as vezes, pode ser o contrário de tudo.

Insegurança, carência...

...SO-LI-DÃO

O que você tanto quer?
O que tanto você precisa?

Seja o que for, não roube dos outros.
Lute para conquistar o que pode ser seu.

O que pode ser seu?

Exatamente aquilo que cabe no braço (para carregar), na cabeça (para dormir tranquilo)...

Não, não vá  pelo coração.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Belle Époque

Ando nostálgica.
Acho que desde o dia que a manicure me perguntou quantos anos eu tinha e eu disse: "trinta". Eu ainda não tenho, mas falta pouco- 4 meses e 28 dias.

Fui ao show do Lulu, como sempre fui, desde 2000.
Esse foi o segundo que tinha lugar na mesa. Estranho.
Estava vazio, era sexta-feira e tinha show do Foo Fighters em São Paulo- não sei o quanto os públicos são similares, mas....
Adorei, dancei, cantei, tirei foto, fiz check in, curti, aproveitei. Mas senti uma pontinha de tristeza, foi diferente do que era, eu estou diferente. Não sei exatamente que dia eu mudei, se foi ontem, se vem sendo ao longo dos anos, se acordei hoje assim.

Tenho me apegado a coisas diferentes, tenho sentido saudades de pessoas que não fazem parte da minha vida há milênios. Percebo que a saudade não é exatamente da pessoa, mas sim da época. Da época que o compromisso da tarde era a aula de inglês e que a grande preocupação era conferir a nota no TIA.

O lado bom disso tudo é perceber que fui mais feliz do que eu achava na época. E que o que não estava dando certo, hoje já se resolveu.

Escuto os pagodes dos tempos em que ia de quinta a domingo ver Inimigos da HP, onde quer que fosse. Queria ficar sem voz de novo, como ficava naquela época. Numa época em que não tinha celular pra postar a foto na hora, nem fazer check in. Eu dançava sozinha no meio da multidão e realmente acreditava que o Sebá me reconhecia. Até essa ilusão era doce.

Sou muito nova para pensar assim...

...não sou??!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

29?

E então entramos no mundo encantado. Onde os problemas não tem vez.
O cheiro é diferente, o chão é limpo, costumamos sentar nele diante da imensidão de bancos lotados pelas 25 mil pessoas que passeiam por ali.
Anda-se muito, mas só se cansa depois de ir embora. Dormimos no carro, exaustos, quase como dormíamos na volta de um jantar na casa dos amigos dos pais, quando tínhamos 5 anos- com a diferença que temos que acordar e ir pra cama sozinhos, sem colo.

Passa um filme na minha cabeça. Do que vi e senti há cinco anos, do que eu imaginava há 20. VINTE. Sim, me tornei adulta e tem fatos da minha vida que já digo "há uns 20 anos", sem ser forma de expressão.
Reflito sobre isso também. Olhando a Ariel de perto, sentindo medo da Ursula, me questiono quantos anos se passaram da época em que eu assistia todos os dias a fita com a Cinderela e A Pequena Sereia (filmes gravados- o início da pirataria).

Quando não rolava Fast Pass ou Express, enfrentávamos a fila. Em minutos para aumentar o drama- 120, 130. Me divertia nelas também. Mães brincando com os filhos de bater a mão (tipo "fui a china nana pra ver o que era tchatchatcha")- acho lindo e curioso. Disposição e satisfação dos pais em ver os filhos felizes, porém preocupados para manter a motivação e entreter para o entretenimento; curioso o fato de algumas brincadeiras serem universais, mesmo com a Torre de Babel complicando.
Jovens adultos jogando com um aplicativo que obriga as pessoas a interagir, tipo um Imagem & Ação- estou ansiosa para sair um brasileiro desse, é a tecnologia dando o braço a torcer de que brincar junto é muito melhor.

Sou medrosa e tenho labirintite, não vou em quase nenhum brinquedo. E me divirto assim... esperando nas lojas, reparando nas pessoas, ouvindo pedaços de histórias e sensações. Percebo a alegria, empolgação e deslumbramento de quem está no primeiro dia, contra a tristeza e o saudosismo de quem já está no último.

Nosso último dia de parques foi perfeito. Num show que já tinha visto, mas que teve um sabor novamente especial. Nos despedimos de todos os personagens, com direito a fogos e aplausos. Porque lá é assim todos os dias.

Queria sentir pra sempre, todos os dias, o que senti no primeiro dia, chegando no primeiro parque. Guardo a sensação e a lembrança, mas revivê-la, só indo lá de novo e de novo e de novo....como toda criança pede.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Acima de tudo gratidão

Vamos começar do começo.

Empolgação e medo tomaram conta nas longas cinco horas de espera no aeroporto. Meu marido, ansioso, nos fez chegar muito cedo.
Nessa hora a alegria de finalmente ter chegado o grande dia da viagem, da nossa lua de mel mais que tardia, foi tomada pelo medo de avião.
Rituais que havia esquecido (ou que achava ter esquecido) foram feitos e refeitos um milhão de vezes. Rezei mais vezes nessas cinco horas do que no ano inteiro.

O voo foi tranquilo, graças a Deus...fizemos uma conexão em Atlanta e apareceu mais um sentimento (que iria aparecer mais algumas vezes ao longo da viagem)- vergonha.
Sempre me incomodo quando nos falta educação de base- para atravessar a rua, para sair / entrar no elevador, etc..- e ver um policial americano pedir para um brasileiro colocar a mão na boca para tossir, naquele primeiro minuto fora do país, me deixou perplexa.
Aí vem aquela parte constrangedora- tira sapato, moletom, pulseira, relógio, passa numa máquina com a mão pra cima, sai correndo pega as coisas na esteira, veste o sapato, pega a mala, leva a mala pra outra esteira, pega trem, procura portão e....espera. Um pouco menos- duas horas. Desfrutando da tecnologia, postando fotos, falando com a família, vendo o nascer do sol- um dos mais bonitos que já vi na vida.

Reparo numa moça bonita que está com o marido e uma filha bem pequena. De repente ela recebe uma ligação e cai em prantos. Chora compulsivamente, chega  a "esquecer"da filha, agarrando-se no marido. O que será que houve? Será que algum familiar morreu? Será que já estava doente e ela estava indo visitar e não deu tempo? Passo o restante do tempo a observando, ela volta a brincar com a filha, mas as lágrimas caem dos olhos sem que ela note. Pergunto pro meu marido o que ele acha que pode ter acontecido e ele responde- Que moça?

A situação me chamou tanta atenção que até esqueci dos rituais. Mais uma hora de voo e chegamos.
Quando estávamos perto de pousar, pensei como era maluco estar ali. Somando tinhamos voado 10 horas para estar numa cidade, por conta de um complexo de parques.
Bobagem- aquele mundo não é só um complexo de parques, é um lugar paralelo.

Após encontrar com nossos amigos, pegarmos as malas e alugarmos o carro, todos os problemas ficaram para trás. Dali em diante seriam 8 dias vivendo coisas boas.

Quando se está longe de casa, qualquer coisa que lhe pareça familiar traz alegria. Um carpete "fofinho", um supermercado tipicamente americano (leia-se com todos os produtos possíveis e imagináveis) do lado de casa, um quarto decorado de Mickey, um banheiro igual.... Tudo foi devidamente comemorado.

Os dias que se seguiram merecem capítulos especiais, não cabe tudo aqui.
Só tenho espaço para agradecer tudo que vivi esses dias.
Sem dúvidas, sou uma pessoa abençoada por ter a família, o marido e os amigos que tenho.

Obrigada!