domingo, 31 de julho de 2011

O avesso do avesso

Sempre gostei de dias cinzas...aqueles que as pessoas costumam não gostar. Com chuva fina, nublado e um frio que edredon nenhum dá conta direito.
Dias assim são perfeitos para ficar em casa, assistindo a um filme e comendo besteira.
Talvez esse meu gosto mostre que eu consigo ver o lado bom das coisas mais do que eu imagino conseguir.

E foi num dia assim que realizei um sonho.

Não sei explicar muito bem porque, mas desde o segundo colegial me apaixonei pela Segunda Guerra e, mais uma vez demonstrando o meu jeito de ser "do contra", me interessei pela história dos alemães e as consequências que tiveram com essa guerra.
Imaginava no auge dos meus 16 anos, como pequenos passos para a minha profissão, como esse povo poderia ter sofrido durante a guerra e principalmente no pós. Queria saber as causas e as consequências de tanto terror.
Acreditava que sentimentos como desilusão, medo, vergonha e fracasso, estariam presentes entre eles.
Desde então alimentei a vontade de conhecer a Alemanha e visitar um campo de concentração, pensando que dessa forma poderia entender melhor e de repente até sentir um pouco do que foi todo o movimento.

Tive a oportunidade de ir à Europa no final daquele mesmo ano, mas não cheguei a ir ao país.
Com o passar do tempo, fui vendo os filmes sobre o assunto, lendo revistas e já formada, pesquisei a respeito da vida do "grande ditador", para tentar entender o que na realidade não tem muita explicação.

Até que, 10 anos depois, voltei ao "velho" continente. E dessa vez, impus que no roteiro tivesse o país.
Foi o último da rota...mas como diz o ditado, os últimos serão os primeiros.

Cheguei à Alemanha após uma viagem de 8 horas de trem, deixando o sol da Itália para ser recebida com garoa e frio em meio ao verão. Tudo as avessas.
E o primeiro passeio, ainda que não escolhido por mim- juro- foi Dahau...um campo de concentração.

Não sei explicar, não consigo descrever.
Um misto de emoção por estar ali, tristeza em perceber que tudo o que eu imaginava ainda era pouco perto do estrago feito, angústia por pensar em todo o sofrimento que aconteceu naquele lugar.

Ao longo dos dias e chegando em Berlim, pude confirmar a ideia dos traumas da guerra no povo alemão e mil coisas começaram a surgir na minha cabeça. Uma vontade imensa de continuar ali, para entender mais e quem sabe, de alguma forma poder contribuir para um final feliz...porque, para minha surpresa, a guerra ainda é muito viva por lá, não pela disputa, pelo contrário, pela tentativa de mudar uma imagem, com a forte marca do arrependimento e da vergonha.

Realizei um sonho...mas criei muitos outros.
Pode ser que demorem 10 anos ou mais para se realizarem, mas se todos forem realizados e me proporcionarem o que este fez, estará ótimo.

Mas já trago uma lição na mala...preconceito, seja qual for, é destrutivo e não há como ter sucesso com base nele.
Que assim seja!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tanto e tão pouco tempo....

Hoje me deu uma saudade imensa do tempo em que diversão era dar uma volta no shopping Ibirapuera só para ver vitrine.
De quando a programação do sábado era um cinema, com lanche do MC e dormir na casa da amiga em seguida...tudo isso por R$15,00.

Saudades de poder voltar a pé da escola, de ter como responsabilidade a lição e a prova.
De dormir na Sessão da Tarde e acordar em Malhação.
Do cansaço da natação, da preguiça da aula de inglês, das férias de 2 meses e meio.
De imitar o Pica Pau na aula de redação, de pescar no corredor, de viajar na aula de fisica.

Saudades do tempo em que tinha um leque enorme de possibilidades de futuro.
Da certeza de que esse futuro só dependia de mim.
De quando minha mãe mandava eu dormir cedo, de rezar pro ICQ funcionar, de imitar a Suzane, de dar apelidos.

Saudades de ler Capricho, de separar bala para a professora particular de fisica, de comer Steak no pão sem maionese no recreio de quinta-feira.
De ensaiar pra gincana, de convencer as pessoas a doar sangue, de contar os dias para o final do ano.

Saudades....
Das pessoas, dos momentos, do tempo.
E principalmente de mim no meio disso tudo.