domingo, 7 de junho de 2009

Todos em uma só.

Foi ali, naquela festa junina, quando os nossos- tímidos- olhares se cruzaram, que eu senti aquela sensação estranha. Mas foram as risadas durante as madrugadas no ICQ que me fizeram ter certeza.
Lembro como se fosse hoje das suas aparições na janelinha da porta da classe. Sempre perto do final da última aula. E o caminho entre a minha sala e o portão do cursinho se tornou muito mais interessante...
O início, sem dúvida, retratou exatamente como seria dali em diante. A música perfeita, o ambiente descompromissado, o segredo- o nosso segredo.
Não sei ao certo quando começou. Se foi no dia que vi a sua foto junto com meus amigos, se foi no dia que me deu carona quando eu estava com o pé quebrado ou se foi no dia que você disse que já tinha entendido tudo.

Depois de passada a emoção do começo, foi o seu sorriso naquela minha visita surpresa na sua escola que me fez acreditar que seria infinito enquanto durasse...e eu jurava durar para sempre.
Como foi bom ter você por perto, vivendo o mesmo momento que eu. As aulas de literatura aos sábados ganharam um sabor especial contando com o Milk Shake do Bob´s na saída.
As idas e vindas, sem despedidas, nem reconciliações. Nosso entendimento pelo olhar. As primeiras flores da minha vida, acompanhadas do primeiro jantar no dia dos namorados. Confidências, planos e promessas.
Foi forte, intenso. Nossas músicas, nossas paisagens, nossas viagens- sozinhos e acompanhados. As cócegas, as guerras de água e de areia, as piadas, as conversas sérias, as revelações, o seu suspiro para dizer pela primeira vez na vida "eu te amo", que me fez acreditar em tudo.

Mas, pela imaturidade apropriada, pelos objetivos distintos e pelas escolhas tomadas, não foi assim.
Sabíamos que não duraria para sempre, mas foi ótimo e essencial enquanto durou.
Palpites, desencontros, amizades erradas e fim, "não era para ser".
O ciúmes, os pais, as diferenças, as brigas. A dor, as lágrimas (as minhas e as suas)...tudo isso colocou nossa certeza em jogo. E ela perdeu.

O amor não tem fim.
O que tem fim são as histórias escritas por ele.
Mas, um dia, chega a hora de escrever uma história sem fim, por algum motivo que ninguém conseguiu descobrir ainda.

8 comentários:

Sereníssi*mah* disse...

sério Ana? Quando? De que editora? Com certeza quero ter esse livro!

P.S.: Daqui a pouco volto para comentar o seu texto (tá uma loucura aqui no trabalho hoje!)

**Beijooos.
[Como sempre sua presença no meu blog me alegra muito!]

Fernando disse...

belo texto, sensível no limite.

qnto ao motivo, a ideia talvez seja justamente nunca descobri-lo.

bjo

Heloisa disse...

ana! meus olhos se encheram d'água! eu juro... haha

realmente: o que tem fim são as histórias!

beijos

Sereníssi*mah* disse...

[Voltei, agora para comentar!]
Olha Ana, recentemente você publicou um texto que disse ser o melhor que já havia escrito, se bem me lembro eu concordei, mas a superação parece estar presente aqui. Este, sem dúvida assumiu a posição de "melhor texto", acho que o motivo talvez sejam as cores da realidade com as quais ele foi pintado, com uma mensagem final de "quebrar as pernas"...
De fato há amores que marcam demais, esses de adolescência são sempre intensos, inesquecíveis, mas quase sempre não duram muito... e mais cedo ou mais tarde chega a hora de se perguntar "cadê o meu pra sempre"? Eu ainda procuro o co-roteirista pra minha história sem fim...

Maravilhoso!

**Beijooos querida.

P.S.: tenho uma curiosidade pessoal, muito pessoal pro blog, enfim... acho que guardarei para mim. huahua.

Sereníssi*mah* disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sereníssi*mah* disse...

Obs.: Meu Deus, não tinha reparado no título! Inteligente, interessante e esclarecedor!
Agora a curiosidade foi embora!

Realmente, se todos terminaram é porque não tinha que ser... Que venha agora o verdadeiro!!!

Paulo disse...

parabens mais uma vez pelos textos... bastante sutil... parabens mesmo...
acabou o sem. na faculdade, bem que a gente poderia tentar se econtrar... bater um papo a toa tomando um café...
beijos

Tai disse...

Me fez sorrir.
O que torna tudo tão especial e gostoso de ser lembrado são justamente estes encontros e desencontros, os palpites fantasiados de profecias, as amizades erradas nas horas certas (e as certas nas horas erradas também) e o "não era para ser" com cara de "poderia ter sido".

No final tudo vira um grande sorriso ao som de um blackzinho da época, como neste exato momento!