quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Carta da jovem à antiga terapeuta.

Olá,

Não sei se você se lembra de mim...espero que sim. Afinal, nem faz tanto tempo assim...

Fui sua paciente de agosto de 2005 a agosto de 2006.
Não tive coragem de me despedir, parei de ir e só...fui faltando, faltando, até você perceber.
Sabe aquela história de elaborar luto? Então, você tinha toda razão...eu tenho uma dificuldade imensa com isso, mas um dia eu chego lá.

Queria te contar as novidades.

Me formei!! Que sensação maravilhosa, mas ao mesmo tempo angustiante, né?! Agora eu tenho toda a liberdade do mundo para fazer o que bem entender, desde que consiga pagar as contas e me dedique totalmente à atividade.

É...talvez não seja tão fácil assim.

Desde que parei de fazer terapia, em agosto de 2006, comecei a atender. Acho que comentei em alguma sessão que começaria a atender em psicodiagnóstico...Então, no ano passado, escolhi minhas áreas: infantil, TCC e escolar. O mais legal de tudo é que continuo no RH...culpa do sistema, lógico!

Como pensava em você nos meus atendimentos..nossa...várias vezes, enquanto atendia, lembrava das nossas sessões. Usei muita coisa que aprendi com você.
Engraçado né?! Eu ficava tão irritada quando você terminava a sessão com aquele olhar e uma pergunta cruel pra eu ir pensando...Quantas vezes te xinguei em pensamento, mesmo sabendo que seria bom para mim refletir a respeito. E depois, me vi fazendo a mesma coisa..instigando o paciente a chegar as próprias conclusões...às vezes estava ali, bem na frente dele...

Acho que esse tempo longe da terapia tem sido bom. Fico pensando muito nas coisas, é como se estivesse digerindo aos poucos, um ano de refeição.

Minha vida mudou muito de lá para cá.
Esse ano então, mudei radicalmente. Finalmente tenho pensado mais em mim. Não falo mais com aquelas pessoas e hoje consigo enxergar como perdi tempo....mas vejo que tinha que ter passado por tudo que passei para estar melhor hoje.

Mas, nem tudo são flores.
Continuo na luta, em busca da felicidade. Às vezes me revolto e chego à conclusão de que ela não existe. Às vezes retomo as esperanças...e assim vou vivendo.

Tenho sonhado muito nos últimos tempos, ou melhor, lembrado dos meus sonhos.
Lembra como era raro eu te contar algum sonho? Tudo era mais fácil naquela época..podia expor meus pensamentos...
Agora, talvez pela falta de espaço, guardo tudo para a sessão noturna.
E me contento com uma auto-análise fraca.

Bom, vou ficando por aqui. Só queria te agradecer por todo apoio que você me deu, por ter me ajudado com a sua experiência, não só em me sentir melhor, como ter certeza do que eu queria fazer como profissional. Queria também dizer que a minha saída da terapia não foi culpa sua, foi uma necessidade minha, e que sem dúvidas, ainda hoje, você me ajuda...

É isso.

Ficamos por hoje.

Um comentário:

Gabe Manzo disse...

queria ter tido essa experiência, sabe..
nesses últimos tempos, a experiência mais similar que tive foi com você,que me ajudou a abrir a consciência pra algumas coisas.. que como vc mesma falou, estavam bem na minha frente e eu não via..lembra?
me dá angústia tbém pensar que eu queria fazer tantas outras coisas..