domingo, 1 de fevereiro de 2009

Aurora da minha vida

Era uma tarde qualquer...vendo ela sentada no sofá, tão criança, cheia de sonhos e planos, achou que seria o momento certo de dividir um pouco de sua sabedoria.

-Vem cá filhota. Aqui estão guardados os livros que o vovô mais gosta, os mais especiais...e o mais querido de todos, é esse poema. Com seu sotaque mineiro, começou:

Oh! Que saudades que tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais.
Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras, a sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais.

E formando um filme na cabeça, imaginava ele no campo, em sua infância (ainda que fosse difícil imaginar que ele já tinha sido criança um dia).

Nunca subiu em árvores, nunca jogou bola na rua, muito menos nadou em rio.
Mas fazia pique-nique no hall do elevador, fazia shows para a plateia cheia sem ninguém na sala, era fã da Turma da Mônica e Monteiro Lobato, andava de bicicleta na chuva, imitava a Carmen Miranda no carnaval, pulava corda, jogava bola no corredor do apartamento, fazia guerra de água, era professora, mãe, filha e dona de hotel no mesmo dia.

Já crescida, se soubesse fazer poema, lembraria das palavras ditas naquele dia. E diria que também tinha saudades...saudades daquelas tardes alegres em que ouvia as histórias do avô, em que um banho de chuva era a maior alegria da semana, e que os aplausos da família eram a realização do sucesso.

"Oh que saudades que eu tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais..."

Um comentário:

Anônimo disse...

lindo!! gostei mto desse texto, desda primeira vez que li!
pq a infância é sempre tão boa, tão alegre, tão cheia de sonhos e saudades??