terça-feira, 19 de maio de 2009

Valsinha com afeto

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
Pra você parar em casa
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
Qual o quê
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra dançar
Com seu terno mais bonito
E então ela se fez bonita com há muito tempo não queria ousar
Você sai, não acredito
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Quando diz que não se atrasa
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
Você diz que é operário, vai em busca do salário pra poder me sustentar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar
Qual o quê
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina, pra você comemorar, sei lá o quê
E foi tanta felicidade que toda cidade enfim se iluminou
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo, você vai querer cantar
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança pra chorar o meu perdão
Que o mundo compreendeu
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado ainda quis me aborrecer
E o dia amanheceu
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato e abro os meus braços pra você
Em paz.

(pode ser um defeito, mas não consigo encontrar a poesia em trabalhar o dia inteiro, chegar em casa, ligar a tv e comer comida congelada)

3 comentários:

Heloisa Emy disse...

Oi Ana!!

Não sei se é o cansaço, mas foi meio complexo entender, rsrs...
Preferi o texto em italico, mais bonitinho! rs. já o outro é a realidade.
seu texto é a vida: a mistura da realidade com o sonho. e qual prevalece?

não acho defeito, qual graça tem escrever uma poesia sobre o transito, o estresse, sobre a rotina?! rsrs...

Gabe disse...

eu nem conheci o meu pai, mas qualquer música do chico me lembra dele.

a poesia só vai existir quando você puder ver isso de outro ângulo.
=)

Sereníssi*mah* disse...

mas há. acredite há. E há muita coisa por trás disso. Ora, e a vida então não é poesia? Assim você me ofende! rs.