segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Até que a morte os separe?

Ele era um dos caçulas de 20 filhos do casal formado por uma índia e um português, do interior de Minas Gerais, interior mesmo, a ponto da cidade inteira ter algum grau de parentesco com ele.

Ela era a caçula de dois filhos do casal formado por brasileiros mesmo, do interior de Minas Gerais. Perdeu a mãe aos seis anos, foi criada por tias e primas e cuidou de outras tantas crianças da família.

Ele fez seminário, não por querer ser padre, mas por ser a única instituição de ensino público da região.
Ela fez magistério, não por querer ser professora, mas por ser a única opção para mulher naquela época.

Ele brigou com um irmão e decidiu mudar dali. Foi para outra cidade do interior de Minas, onde teria mais oportunidades. Começou a trabalhar no banco, onde ela trabalhava.

Se conheceram.
Cinco anos de diferença.
Se apaixonaram.
Se casaram.

Ele foi promovido no banco, e com isso, teria que mudar para o Paraná.
Ela teve que deixar a família.
Foram.

Constituíram a própria família...iam para Minas ao menos uma vez por ano, fora isso, as notícias vinham por carta...páginas e páginas com as novidades, que levavam no mínimo 20 dias para sair de Minas e chegar no Paraná.

Ele foi promovido de novo, agora com os filhos pequenos, precisava ir para São Paulo.
Ela não queria ir, tinha medo. Mas pelo bem da família, foi.

Os filhos cresceram, estudaram, se formaram na faculdade, casaram e construíram suas próprias famílias.

Dividiram momentos.
Dançaram valsas, choraram perdas, conversaram.
Eram cúmplices.

Ele sofreu dois infartos, com dez anos de diferença entre cada um. Precisou operar o coração. Quatro pontes safena e trocou a válvula mitral...aguentou quatro meses depois da cirurgia.
Foi embora, na cama, ao lado dela.

Ela não aguentou a solidão.
Ouvia seus passos no apartamento, mesmo depois de ter mudado de casa.

Foi encontrar com ele, cinco anos depois.

E vivem felizes para sempre...juntos!

2 comentários:

Anônimo disse...

essa é a beleza do amor verdadeiro!

Heloisa Emy disse...

não é a morte que separa e nem o casamento que une... é o amor! a forma mais pura dele.
tem gente que tem sorte de encontrar e passar a eternidade junto... =)

eu, em particular, ainda procuro o meu! rs