segunda-feira, 27 de abril de 2009

Viagem no tempo

Em 1994, meu primo de segundo grau, aos 35 anos, solteiro e sem filhos, comprou um MP 88 9(um carro daqueles bem antigos, com porta-malas na frente e motor atrás, com capota (de lona) removível e todo de madeira).
Não que meu primo fosse um amante de carros, mas é amante de coisas antigas.

Na família, virou motivo de piada. Sérgio nunca foi uma pessoa muito normal, mas os detalhes ficam para a próxima.

Por volta de 97, num domingo qualquer, Sérgio- formado em 5 cursos da USP (entre ele turismo e história), me convidou para um passeio no Museu do Ipiranga. Topei.
Lá fomos nós de MP...confesso que, aos 12 anos, a vergonha era enorme, afinal, não tem quem não olhe na rua.
Na volta, já a noite, em frente ao Parque do Ibirapuera, o pneu do MP furou. E o dono do carro não tinha a menor idéia de como trocá-lo. Foi uma aventura.
E por coincidência, se é que isso existe, nunca mais andei no MP.

Nesse final de semana recebi uma nova proposta.
O clube do MP estava organizando um passeio até Águas de São Pedro. Como meu pai mora em São Pedro, Sérgio achou uma ótima oportunidade de ir conhecer o sitio e me levar junto.
Morrendo de vergonha e medo, lá fui eu.

Talvez pela maturidade, talvez pela influência do ambiente- estrada, sol e 80 MPs juntos- já na saída do posto onde encontramos os sócios do clube, já comecei a mudar minha idéia sobre o passeio.
Me senti nos anos 50 (não que o carro seja dessa época), com a capota rebaixada, andando a oitenta por hora na Bandeirantes, achando uma delicia o vento no rosto, mesmo sem som.

Fiquei pensando em como deveria ser chique sair de carro até a Avenida Paulista, num passeio de domingo.
Nas curvas, vendo os carros de longe, parecia que estávamos num autorama.
Chegando na cidade, parecia a Banda, do Chico Buarque.

Na volta, o MP já cansado, fez um esforço um pouco maior. Mas me deixou em casa inteira e feliz.
Feliz por estar de volta, mas, principalmente, por ter me libertado de um trauma e ter tido a oportunidade de viver por alguns instantes, em anos que nunca vivi.

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