segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O envelope

Cheiro de café recém feito e bolo de fubá saindo do forno.
Até hoje, quando sinto cheiro de café, vem uma lágrima chata me incomodar, para me lembrar duas coisas tristes: não há café como o dela, e ela não está mais aqui para fazê-lo.

Sempre tive muitas avós...As duas de verdade, uma mais querida que a outra, é verdade, mas as duas com seu papel fundamental para mim. E tive várias por consideração, que são as únicas que tenho hoje.

Cheiro de bolinho de chuva, pão de queijo, pão doce, fricassê de frango.
Papo bom, história de vida sofrida, cheia de vitórias, bom humor e um abraço super aconchegante.
Essa é a avó postiça, que me escolheu como neta e mantém o carinho mesmo depois de eu ter me afastado do elo que nos unia. Outra neta postiça, que um dia foi minha melhor amiga.

Até hoje recebo seus cartões no meu aniversário, natal e no dia do psicólogo. Sempre curtos, mas com uma mensagem linda e o principal, a certeza de que esteja onde estiver, ela se lembra de mim com carinho.

Não posso abraçá-la pessoalmente, ela mora longe (por coincidência é mineira como a minha avó materna)...mas posso matar as saudades sempre que aperta.
Não sei ao certo porque sou merecedora de tanto carinho...porque é um carinho gratuito, puro.
Só sei que não tem nada mais gostoso do que olhar a caixinha de correspondências e ao invés da conta do telefone ver aquele envolope pequenininho, com a lembrança da Vó Tacyra.

Um comentário:

Sereníssi*mah* disse...

Muito legal mesmo... não tenho nenhuma avó postiça, não tenho histórias de avó pra contar, uma delas não participa tanto da minha vida e a outra não está mais aqui, e quando esteve eu era muito pequena... de grande só lembro do Alzeimer, doença latimável... e assim ela se foi.
é bonito ler histórias assim tão cheias de ternura e situações que a gente não conhece, de certa forma é triste, mas uma tristeza boa.

**um beijo.

P.S.: Atendendo a pedidos, eu postei. Dois novos textos, um deles em homenagem ao dia do psicólogo e o outro fala sobre um tal desgosto...